Ethan encarava a tela do computador, mas as palavras nos relatórios não faziam sentido algum. Sua mente insistia em voltar para a noite anterior, para as palavras de Helen, para o tom tranquilo e indiferente com que ela havia dito aquilo."Se quiser se encontrar com ela, apenas seja discreto."Aquilo o incomodava de um jeito que ele não conseguia explicar. Ele deveria ter ficado aliviado, certo? Helen não estava impondo barreiras, não estava exigindo fidelidade, não estava com ciúmes, mas, por algum motivo, isso o irritava. Ele passou as mãos pelos cabelos, soltando um suspiro frustrado, quando a porta do escritório se abriu de repente.Liam entrou sem cerimônia, sua postura era a de sempre, descontraída como se nada no mundo pudesse o abalar. Ele encarou o amigo que parecia estar em outro lugar e suspirou fundo dizendo:— Pelo seu olhar perdido, aconteceu alguma coisa. Fechou a porta atrás de si e se jogou na poltrona à frente da mesa de Ethan. Encarou novamente o amigo, cruzando os
Helen andava pelo shopping ao lado de Zoe, sentindo-se mais leve do que esperava. Aceitar o convite da cunhada para um dia de compras foi a melhor decisão que havia tomado. Precisava de distração. Precisava esquecer os olhos intensos de Ethan sobre ela na noite anterior e, principalmente, precisava esquecer a proposta absurda que tinha feito. Mas Zoe, claro, não deixaria isso passar despercebido.— Me explica de novo, porque eu devo ter ouvido errado. — Zoe parou no meio do corredor do shopping, cruzando os braços e encarando Helen como uma mãe prestes a dar uma bronca.Helen suspirou fundo e respondeu:— Eu só… eu só quero que ele seja feliz, Zoe.— Ah, claro, e qual foi sua brilhante solução? Sugerir que ele se encontrasse com aquela vagab… com aquela mulher?!Helen apertou os olhos e massageou as têmporas.— Eu só pensei que, se ele sente falta dela, eu não deveria ser um obstáculo. Nosso casamento é um acordo, lembra?Zoe bufou, pegando Helen pelo braço e puxando-a para dentro de
Ethan entrou em casa ajeitando a gravata e sentindo o cansaço do dia pesar sobre seus ombros. Ele passou pela sala e imediatamente notou a bolsa de Helen sobre a mesa, ela já tinha chegado.Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. Era estranho como, ultimamente, chegar em casa e saber que Helen estava ali o fazia se sentir… confortável.Sem perder tempo, ele subiu as escadas em direção ao seu quarto para tomar um banho e se trocar para o jantar na casa de seus pais. Já estava abrindo a porta quando um grito agudo e desesperado ecoou pela casa.— AHHHH, MEU DEUS!O coração de Ethan disparou, era Helen.<
Ethan CarterEntrei no meu quarto e fechei a porta atrás de mim, soltando um suspiro pesado. Enquanto tirava a gravata, meus olhos azuis encaravam fixos o meu próprio reflexo no espelho. A imagem de Helen sobre mim ainda pulsava em minha mente, teimosa, insistente e irritante.— O que diabos estava acontecendo ?Meu coração ainda estava batendo mais rápido do que deveria. Joguei o paletó sobre a poltrona do meu quarto, e passei as mãos pelos cabelos, tentando dissipar a sensação que ainda queimava minha pele.— Helen… — sussurrei.A mulher que, há poucos minutos, estava so
O carro deslizou suavemente pela estrada, Helen estava sentada no banco do passageiro, com os braços cruzados e um olhar desconfiado no rosto, porque Ethan não parava de sorrir. E um Ethan sorridente nunca era um bom sinal.— Tá rindo do quê? — perguntou, estreitando os olhos.Ethan lançou um olhar rápido para ela, segurando um riso travesso e disse:— Só estava pensando em como agora eu sei o seu ponto fraco.— O quê? — Helen franziu a testa confusa. Ethan fingiu um suspiro dramático e disse: — Ah, minha querida esposa, você está nas minhas mãos agora.Helen piscou, confusa.— Do que você tá falando, Ethan?Ele então virou a cabeça para encará-la, seus olhos azuis brilhavam como os de um garotinho prestes a fazer estripulia.— Eu descobri que você tem medo de baratas!Helen revirou os olhos.— Sério? Você ainda está pensando nisso?— Ah, mas é claro! — Ele riu, balançando a cabeça. — Isso é um tesouro precioso! A partir de agora, todas as vezes que eu quiser alguma coisa, vou usar
Ethan estava nervoso porque no último jantar em família, ele havia esquecido de levar Helen, e sua mãe deu um verdadeiro sermão nele. Mas, agora, as coisas estavam diferentes entre eles e Ethan estava procurando fazer tudo certo dessa vez. — Acha que vai dar tudo certo nesse jantar? — perguntou hesitante ainda parado na porta de entrada. Helen sorriu e segurou a mão do esposo como se lhe passasse confiança e disse:— Sim.Ethan desviou o olhar para ela e perguntou:— Como pode ter tanta certeza? — Porque você dessa vez não me esqueceu em casa, e vai entrar comigo. Porque você agora está falando comigo e estamos nos dando bem. Então minha sogra, a maravilhosa dona Amélia, não fará nada nesse rostinho bonito. — Em um ato espontâneo, além de ter falado o que não queria de fato, ela levou uma mão ao rosto do loiro fazendo um carinho delicado ali.Ethan, no primeiro momento, fechou os olhos apreciando o toque, mas assim que os abriu, percebeu o que aconteceu. Ele ficou sem jeito e se af
O jantar na casa dos Carter sempre foi um evento cheio de conversas, risadas e, claro, pequenas tensões familiares. Ethan sabia que, de certa forma, todos estavam observando sua relação com Helen. O casamento deles ainda era um enigma para a maioria. Mas se havia algo que Ethan aprendeu ao longo dos anos, era como evitar certos olhares e mudar de assunto com facilidade.Até que sua mãe decidiu quase estrangulá-lo de carinho.— Ahh, o que temos aqui? — Amélia pensou alto, com um sorriso enorme iluminando seu rosto no lugar da feição zangada que ela estava preparando para Ethan. E sem aviso, agarrou o filho pelo pescoço e o puxou contra si como se ele ainda tivesse cinco anos.— Meu filho… — Ela suspirou de maneira dramática, apertando Ethan contra o peito.— Mãe! Pelo amor de Deus! — Ethan resmungou, tentando se soltar.Mas Amélia apenas apertou mais.— O que você está insinuando, Ethan Carter? — rosnou, afundando os dedos no pescoço do filho como um castigo afetuoso.Helen gargalhou.
Helen depois que saiu do banheiro, se jogou na cama macia do quarto de Ethan, soltando um suspiro de satisfação. O quarto de Ethan, apesar de já não ser tão usado, ainda tinha aquele cheiro característico dele: amadeirado, forte e quente.— Então esse foi seu império durante a adolescência? — ela perguntou, olhando ao redor.Ethan, que estava encostado no armário com as mãos nos bolsos, riu e disse:— Se império você quer dizer o lugar onde eu ficava de castigo pelo menos uma vez por semana, então sim.Helen riu.— Eu imagino. Você devia ser terrível.Ele ergueu uma sobrancelha.— Como assim "devia"? Eu sou um anjo, Helen.Ela revirou os olhos. — Sim, claro. Ethan caminhou até a cama e se sentou ao lado dela, com os olhos fixos em um ponto distante, como se lembrasse de algo.— Quer saber um segredo? — Helen apenas meneou a cabeça em concordância. — A primeira tatuagem que eu fiz foi escondido da minha mãe. Helen arregalou os olhos, interessada. Ethan soltou um riso baixo e con