Capítulo 05 - Voltando a Realidade

O voo de volta para casa foi silencioso. Helen olhava pela janela do avião, observando as nuvens passarem lentamente, mas sua mente estava em outro lugar. Cada lembrança dos últimos dias a golpeava com força, mas ao invés de deixá-la desmoronar, fazia com que algo dentro dela se erguesse em desafio.

O casamento, a lua de mel solitária, as noites passadas em um quarto vazio enquanto Ethan fingia que ela não existia… Eram feridas abertas, mas Helen não se permitia ser derrotada por elas. Não mais.

Quando aterrissaram, Ethan se despediu com um simples “tenho uma reunião na empresa” antes de entrar em um carro e desaparecer na estrada sem sequer olhar para trás. Helen assistiu o carro partir e respirou fundo, a dor se misturando com uma determinação amarga. Se ele a ignorava, então que fosse. Mas ela não seria destruída por isso.

O apartamento que a aguardava era sofisticado e elegante. Os tons neutros, os móveis de madeira escura e os detalhes em mármore transmitiam sofisticação, mas Helen viu naquilo um esforço para impressionar, talvez para compensar o vazio que ela sentia ao seu redor. Amélia e Zoe eram as únicas pessoas que a tratavam com verdadeira gentileza. Mas era Ethan quem ela queria alcançar.

Helen se lembrou das palavras de Zoe:

— Quando meu irmão realmente conhecer você, ele vai se apaixonar.

Era isso que ela queria? Ser conhecida por ele? Amada por ele?

Os dias que se seguiram foram solitários e pesados. Ethan evitava sua presença como se ela fosse um peso que ele se recusava a carregar. Cada refeição preparada por ela e ignorada por ele era uma pequena derrota, mas Helen se recusava a desistir.

Até que uma noite, o golpe veio. Helen estava indo até a cozinha buscar um copo de água quando ouviu a voz de Ethan ao telefone.

— Você sabe que eu nunca vou amar outra mulher, Samantha. — A voz dele estava repleta de emoção. — Eu faria qualquer coisa para estar com você agora.

Helen congelou. A dor foi brutal, cortante, mas o que mais a atingiu foi o vazio que se seguiu. A certeza cruel de que talvez todo o seu esforço fosse em vão.

Trancada no quarto, ela chorou até não ter mais forças. Mas dessa vez, não foi um choro de desespero, e sim de uma dor que precisava ser purgada. E quando finalmente parou, sentiu a determinação queimando em seu peito como fogo.

✲ ✲ ✲

No dia seguinte, Helen desceu do carro com o coração pesado, mas o olhar decidido. Ela entrava na empresa com a postura impecável de sempre, mas agora algo havia mudado. Algo dentro dela estava mais forte.

Tânia, sua melhor amiga e secretária, segurava um maço de balões coloridos e sorria animada.

— Seja bem-vinda, senhora Carter!

O sorriso de Helen foi forçado e durou apenas um instante antes de se desmanchar.

— Helen? — Tânia perguntou, preocupada. — O que aconteceu?

Helen tentou responder, mas as palavras vieram junto com um soluço preso. As lágrimas que ela pensou ter esgotado na noite anterior voltaram com força total. Tânia não hesitou, puxou Helen para um abraço apertado e protetor.

— Conta pra mim, Helen. — Tânia disse com voz suave, mas firme. — Coloca tudo pra fora.

— Ele nunca vai me amar, Tânia. — Helen desabou. — Eu sei que esse casamento é uma mentira, eu aceitei isso. Mas eu ainda sonhei, ainda acreditei que… Que talvez ele pudesse me notar. Que talvez ele pudesse me ver.

Tânia apertou o abraço, como se quisesse protegê-la de toda aquela dor.

— Helen, você é maravilhosa. Qualquer homem que não enxergue isso é um completo idiota.

— Mas ele não me vê. — Helen sussurrou. — Eu faço de tudo, Tânia. Eu tento ser gentil, tento estar presente. Mas ele só pensa nela. Só fala com ela. É como se eu fosse um fantasma que ele mal tolera.

Tânia se afastou o suficiente para olhar nos olhos da amiga.

— Você já pensou que talvez ele seja o problema, e não você? Que ele está tão cego pela própria dor e egoísmo que não consegue perceber o que tem bem diante dele?

— E se ele nunca perceber? — Helen perguntou, a voz carregada de tristeza e dúvida. — E se eu passar três anos ao lado de um homem que nunca vai me querer?

— Então você vai sobreviver. — Tânia respondeu, sua voz carregada de convicção. — Porque você é forte, Helen. E mesmo que o coração dele nunca mude, isso não apaga quem você é. Você merece ser amada por inteiro, não apenas pela metade de alguém que não enxerga seu valor.

As palavras de Tânia ecoaram na mente de Helen enquanto ela enxugava as lágrimas. Pela primeira vez, a dúvida real surgiu em seu coração. Será que algum dia conseguiria alcançar o coração de Ethan? Será que todo o seu esforço teria algum resultado ou era apenas uma caminhada interminável rumo ao nada?

Mas, acima de tudo, Helen sabia que precisava continuar tentando. Não por ele, mas por si mesma. Para provar que não desistiria facilmente, que enfrentaria cada dia com a coragem que precisava ter.

E se, no final, tudo desmoronasse, ela sairia disso inteira. Porque, por mais que a dor fosse imensa, sua força era maior.

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