Capítulo 0002

Cap. 2: Acordo com o pai do noivo.

Morgan caminhou até a varanda do seu quarto no segundo andar, encarando com desprezo o número de celular na tela. Hesitou várias vezes antes de fazer a ligação. Mal conseguia suportar ouvir a voz de Hanna, ainda mais sendo o homem que presenciou de perto o que a doença daquela família podia fazer com uma pessoa. Mesmo que não fosse contagiosa, era algo incômodo de se observar e também lamentável.

Hanna atendeu o telefone no mesmo segundo.

/Olá, senhor Farrugia? - perguntou, ansiosa. — Pensei que vocês mandariam um carro para me buscar. Falta menos de meia hora para o casamento! Por que estão demorando tanto?

Morgan engoliu em seco, com o olhar perdido.

/Senhorita... Ortiz — ele pigarreou levemente antes de prosseguir. — Infelizmente, teremos que adiar o casamento.

Hanna franziu o cenho, confusa, enquanto se encarava no espelho, toda enfeitada. Ela mal podia acreditar.

/Discordo! Esse casamento não pode ser adiado! Se for assim, então... como será?

/Teremos que adiar por pelo menos dois dias.

Hanna encarou a cômoda, onde alguns papeis estavam empilhados, e suspirou profundamente.

/Não! Ou o casamento acontece hoje, ou não acontece!

/Hoje não tem como, seu noivo Davis está desaparecido

/Apenas encontre-o ainda hoje! — asseverou ela, irritada.

/Não será possível!

/Céus... - Hanna ergueu o rosto em desespero, tentando segurar as lágrimas ao se lembrar das diversas mensagens que havia enviado. Ela não tinha tempo para um adiamento. — Se esse casamento não acontecer hoje, então esqueçam! — asseverou ela, irritada.

Morgan suspirou pesadamente, contendo a raiva.

/Você não tem escolha! E o casamento deve acontecer, não importa o que aconteça. Contudo, não hoje. — respondeu Morgan secamente.

/Então não terá casamento! Ou é hoje ou esqueçam! — gritou ela, histérica, antes de encerrar a ligação.

Hanna caiu sobre a cama, encarando o teto enquanto as lágrimas brotavam involuntariamente.

— O que vou fazer? Eu não tenho tanto tempo assim... aqueles desgraçados querem que o casamento não aconteça apenas para que o contrato seja revogado, aposto! Mas não vai ser assim... — murmurava pensativa.

De repente, ela se lembrou do acordo e teve uma breve ideia.

Desde que descobriu sobre o contrato, Hanna tinha dúvidas sobre as cláusulas, já que não teve acesso a nenhuma linha para entender o que tinha sido decidido, apenas à palavra de sua mãe. Mas Hanna não era boba. Ela não tinha escolha a não ser fazer aquele casamento acontecer no dia de hoje.

Pensou por alguns minutos enquanto o telefone tocava incansavelmente. Essa era uma prova irrefutável de que se o casamento não acontecesse, haveria algum prejuízo para a família Farrugia.

Hanna sorriu de forma maliciosa ao pensar em algumas possibilidades e atendeu ao telefone novamente.

/ Já encontraram meu noivo?

/ Você não pode desistir do casamento! — asseverou Morgan.

/ Posso, afinal eu não vou perder nada desistindo, certo? Se o casamento não acontecer hoje, não tem mais acordo!

/ Você tem certeza? Porque assim que se casar você também terá direitos como esposa, acesso até mesmo à herança, poderá viver da melhor forma possível.

/ Se não for hoje, apenas apague meu número! — resmungou ela com as mãos trêmulas.

/ Você vai se casar, nem que seja forçada. Eu tenho influência suficiente para isso. Posso colocar homens te vigiando para não fugir e depois traze-la mesmo que não queira!

/ Tudo bem! — resmungou ela indo até a janela do seu quarto. A casa era simples, de apenas um andar. — Já que vai me obrigar... eu vou me matar. A verdade... — lamentou, deixando algumas lágrimas caírem, desejando que aquilo desse certo. — é que eu não tenho mais nada a perder. E se minha vida acabar, vocês terão que ser penalizados com isso. Por isso, te vejo em outra vida, senhor Morgan!

/ Espera! — esbravejou ele tentando a impedir como se pudesse, sem saber se era verdade ou mentira. Ainda assim, não queria arriscar.

Hanna então percebeu que poderia haver algo no contrato sobre sua morte. Ela passou duros meses estudando sobre esses tipos de contratos e o que poderia ter nele antes de sentir a necessidade de ligar para os Farrugia. Sabia que haveria exigências de ambas as partes a serem respeitadas, e que sua mãe poderia ter exigido algo que fosse benéfico para ela e seu irmão até mesmo em caso de sua morte, não importa qual fosse o motivo.

Eu disse, eu sei que vocês não me conhecem, mas já adianto que sou uma pessoa que não se importa nem em estar viva, ou morta, eu apenas vou deixar vocês carregarem essa culpa.

Tudo bem, então eu vou arrumar um novo noivo para você, o que acha? Meu filho Davi fugiu, então não poderá se casar com ele. Hanna ficou alguns minutos em silêncio enquanto encarava o telefone com a cara retorcida.

— E... Com quem eu vou casar? — Perguntou com a voz calma.

— Bom... o contrato não especifica com quem você deve casar e no momento não tem ninguém disponível na família Farrugia a não ser eu... — Morgan comprimiu os lábios sentindo seu estômago revirar em meio à ansiedade e ao desgosto, enquanto ela fazia uma careta desgostosa de repulsa.

"Só o que me faltava, estava tudo bem me casar com Davis já que era novo e supostamente bonito, mas até onde sei... Davis tem 26 anos, pode ser que esse homem esteja na casa dos cinquenta anos, o quão depravado ele pode ser para querer se casar com uma moça de 19 anos?" pensava enquanto tentava controlar as palavras que queriam flamejar na cara de Morgan.

/Olha! Seu velho rabugento, eu só tenho dezenove anos, como pode querer me amarrar a você?

Morgan sorriu um sorriso que não alcançou seus olhos e mentalmente praguejava aquela menina petulante e aparentemente mimada ao telefone.

/Senhorita Ortiz… — grunhiu o nome dela, cerrando os punhos. — será apenas um casamento temporário até encontrar seu noivo, o que acha? Podemos lhe dar a minha palavra, assim que Davis voltar, você será a noiva dele.

/Me casar com você? Nem em sonho! — esbravejou segurando o riso ao mesmo tempo que para Morgan ela parecia furiosa. — Apenas aceite e podemos cumprir esse acordo.

/Você quer tanto assim cumprir com esse acordo?

/Não está vendo?

/Me caso com você... com uma condição.

/Qual?

/Quero que você pague por isso então, se você fizer uma transferência para mim ainda hoje, então eu me caso ainda hoje com o senhor velhote. — anunciou ela de forma provocante enquanto segurava o riso. O olhar de Morgan endureceu ao perceber que ela também poderia ser gananciosa e interesseira, contudo para ele isso poderia servir de arma para manipulá-la.

/Qual valor? — perguntou ele com a voz fria.

/Vou te mandar um e-mail com as informações… — Ela enviou as informações e em menos de dois minutos ela tinha a quantia em sua conta bancária.

/Mas eu também tenho uma exigência, antes de tudo, fique tranquila, nunca vou te ver como uma mulher adequada para mim.

Hanna bufou com deboche.

/ ótimo. — confirmou ela.

/ segundo, ninguém da minha família quer ver seu rosto, infelizmente queríamos um casamento civil sem muito alarde e assim ir cada um para suas casas, contudo no contrato diz que deve ser uma festa digna de um casamento na igreja, vestido de noiva e tudo que uma noiva tem direito, o advogado do testamento estará lá para ter certeza que estamos cumprindo tudo que diz no contrato, caso contrario, ele pode... bom... aplicar algumas punições a você e a família Farrugia.

/senhor Morgan é só isso? Não ver meu rosto? Eu também não gostaria de ver o seu, seu velho asqueroso, nem pense em encostar um dedo em mim.

/ seria um desprazer se isso acontecer, apenas obedeça, essa única ordem, já estão indo te buscar! — resmungou fulminando de raiva encerrando a ligação.

— Além de uma desfigurada é também uma oportunista. — Morgan resmungou com os olhos faiscando de raiva, Sentindo o sangue ferver nas veias, A ideia de se casar com aquela mulher marcada o repugnava, mas ele não tinha escolha. Precisava cumprir o acordo, mesmo que isso significasse sacrificar sua vida, mas o pior ainda estava por vir, comunicar sua sogra.

Um sorriso largo e incontrolável se abria no rosto de Hanna enquanto ela contemplava a quantia exorbitante depositada em sua conta bancária.

— Ah, isso é tão bom. — exclamou Hanna, depositando um beijo apaixonado e efusivo na tela do celular. — Esse mês será de puro luxo! Hum... Esse casamento vai ser bem conveniente. Estou tão feliz que não me deixou desamparada, mamãe! — Em seguida, Hanna se admirou no espelho, mas logo percebeu que o véu não escondia seu rosto tão bem quanto ela precisava para que ele nem contemplasse uma sombra de sua aparência. Chamando os funcionários que estavam à disposição, ela pediu ajuda para fazer uma segunda camada de véu, dificultando ainda mais o reconhecimento de sua face, embora ela ainda conseguisse enxergar bem ao seu redor.
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