Capítulo 0005

Cap. 5: a vida é injusta com Hanna.

— Se aquela mulher vier para este lugar, ela deve permanecer no anexo e não deve frequentar a mansão! — asseverou ela. Morgan suspirou impaciente.

— Está com medo que eu me dê uma chance com ela? — sorriu Morgan cético.

— Não é isso. Afinal, seria bem difícil você conseguir se manter na vida de uma mulher após o que você fez com a vida da minha filha e neto. Por isso, sei que se você se arriscar, vai apenas arruinar mais vidas.

Morgan suspirou pesadamente, engolindo suas palavras sem debater com ela.

— Pense como quiser, se é assim... você está certa então.

— Claro que estou.

— Quando vai conseguir me perdoar por isso? Vai ficar a vida inteira me infernizando? Você não vai deixar isso nunca se curar? — perguntou aflito.

— Nunca! Morgan... nem eu e nem você vamos ter paz com isso! — confessou ela, comprimindo os lábios com amargura.

Ele a encarou sem reação, ao mesmo tempo, ajeitando a gravata. Apesar de ser um homem muito maior que Liara, que tinha uma estatura mediana, ele nunca ousou tocá-la e nem mesmo dizer tudo que tinha vontade de dizer. O que tinha dentro de seu peito era muito pior do que as palavras que ela proferia.

Após a discussão, ele ficou na janela de seu quarto, observando de longe e esperando ver o carro levando Hanna para casa. Assim que o carro saiu, ele suspirou aliviado, era como se uma agonia tivesse chegado ao fim.

Hanna, por sua vez, assim que saiu dos limites de todo aquele lugar enorme, finalmente pode tirar aquele véu abafado de seu rosto e enfim respirar.

Assim que chegou em casa, caiu sobre a cama, mas ainda não era tempo de descansar. Trocou de roupa e saiu rapidamente de casa, trancando tudo. Logo após ela sair, um carro parou em frente a sua casa.

— Será que ela está em casa? — perguntou um homem encapuzado.

— Supostamente sim. Foi avisado que ela tinha acabado de chegar de um casamento. — avisou o outro, olhando ao redor do bairro simples e tranquilo, mas não tinha ninguém na rua.

Hanna, por sua vez, seguia viagem, ansiosa para ver se havia conseguido pagar a tempo. Quase meia hora de viagem depois, ela parou em frente a um grande edifício. Subiu até o décimo andar. Já conhecida ali, apenas passou pela recepção e seguiu para o local que já conhecia bem.

Ficou lá por apenas dez minutos, até finalmente sair e seguir para o ponto de ônibus. Depois de usar todo o dinheiro que tinha, não lhe sobrava nada além do básico para pegar o ônibus e seguir alguns minutos a pé.

Enquanto esperava o transporte, ela ria de si mesma. Só de pensar o quanto era patética, mesmo após se casar com um homem rico e agora fazer parte de uma família sobre a qual ela podia ler nos jornais.

Após pegar o ônibus, ela seguiu para casa. Contudo, assim que chegou, se perguntou se aquele era realmente o seu lar. A única coisa que ela tinha herdado de sua mãe. Havia tantos bombeiros em frente e a grande chama ainda se alastrava. Todos os vizinhos estavam em frente, mantendo uma distância segura.

— Vizinha! — uma pessoa gritou indo em sua direção, seguida por outras pessoas preocupadas. — Céus... Pensamos que você estava lá dentro. — comentou enquanto Hanna observava tudo sem reação.

— O que aconteceu? — perguntou ela com os lábios trêmulos, vendo tudo queimando.

— Não sabemos como o fogo começou. Você deixou alguma coisa ligada quando saiu? — perguntou a pessoa.

— Não, eu estive fora por um longo tempo e... Quando cheguei, saí no mesmo momento... — balbuciou ela, deixando as lágrimas caírem. — Minhas coisas... Todas as memórias da minha mãe, tudo... — lamentou sem fôlego.

Já estava anoitecendo quando o fogo finalmente foi controlado e tudo apagado, mas não havia nada que se pudesse salvar. Ela se sentou no meio fio do outro lado da estrada, de frente para sua casa, e ficou observando com tristeza.

— Você deve ter cuidado. — avisou uma senhora já idosa, sustentada por uma muleta. — Como eles disseram, esse incêndio foi criminoso. Pode ser que estejam tentando lhe fazer mal. A polícia vai investigar e coletar provas, mas não é bom que fique aqui. Além disso, está ficando tarde. Tem para onde ir?

Hanna apenas balançou a cabeça negativamente, enquanto seus olhos estavam vermelhos.

— Sabemos o quanto pode ser difícil agora. Presumo que você também esteja sem dinheiro...

— Estou bem! — resmungou ela se levantando do chão e limpando o rosto. Mas a senhora segurou sua mão e lhe entregou um envelope.

— Você pode se manter por dois dias. Sei que não tem sido fácil para você com tudo que vem vivendo desde que sua mãe morreu. Saindo cedo, voltando tarde e quase não descansando para conseguir se manter. Por isso, sei que com a perda de tudo você está sem nada. Por isso, não negue e procure um lugar para passar a noite. —** pediu ela apreensiva, demonstrando preocupação.

— Se... você percebe essas coisas, você também viu quem entrou na minha casa? — perguntou Hanna repentinamente, a encarando.

Mas a senhora, receosa, comprimiu os lábios enrugados e recuou. Hanna apenas sorriu de forma amarga. Era a única resposta que ela queria. Com a reação daquela senhora, ela percebeu que ela realmente viu, mas não podia contar.

— Eu vou procurar um lugar para passar a noite. Obrigada pela ajuda. Prometo que devolvo o dinheiro assim que eu receber meu pagamento, está bem? — perguntou ela com a voz suave e sem preocupação.

— Não precisa. Apenas vá embora e se cuide. Não quero que nada de ruim aconteça com você.

Hanna acenou com a cabeça e lhe deu as costas, seguindo sozinha e sem rumo. Ela andou mais que o necessário apenas para espairecer antes de encontrar um lugar para dormir. Dizia a si mesma para não chorar, mesmo com toda a sua vida apagada pelo fogo.

Naquela mesma noite, o advogado do testamento chegou à mansão procurando por Morgan.

— O que está acontecendo? — perguntou Morgan assim que viu o homem, que imediatamente lhe mostrou uma foto.

— Onde ela está? — perguntou o advogado preocupado.

— Como assim? — Morgan franziu o cenho confuso. — Não me diga que essa é a casa dessa mulher.

— Onde ela está? — insistiu novamente de forma ríspida.

— Como eu posso saber? Eu nem mesmo sabia que isso tinha acontecido.

— Se ela estiver morta, já sabe o que pode acontecer, não sabe? E não tem nem vinte e quatro horas que ela se casou com você, o que pode acarretar em algo ainda pior para sua família. É bom que descubra onde ela está e se certifique que ela está bem.

Em questão de segundos, a família de Morgan entrou na sala trazendo as notícias. O advogado inicialmente suspeitou deles, mas depois acabou percebendo que talvez não foram eles. Afinal, não seria benéfico para nenhum deles.

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