Mariane se moveu para mais perto:- Então, vamos deixar isso de lado por enquanto. Não procure a Luciana agora, espere a oportunidade certa para lidar com ela mais tarde. - Ela terminou e, observando a expressão de Vinicius, acrescentou outra frase. - Você precisa pegar aquela garçonete que serviu o suco para mim, vai ser útil no futuro.Vinicius, com um cigarro entre os dedos, ouvindo isso, seus olhos frios como neve mostram um traço de malícia e seus lábios se mexem:- No futuro?- É.- Em seis meses você estará fora, que futuro?Mariane ficou sem palavras.Vendo ele se levantar e caminhar para dentro, ela rapidamente disse:- Podemos não ter um futuro juntos, mas você tem, guarde para o seu próprio uso!Vinicius deu a última tragada no cigarro, apagou a bituca se inclinando para frente e disse friamente:- Obrigado por cuidar de mim.Mariane não respondeu.Então, o homem foi até a porta do quarto, parou por um momento e olhou para ela:- A dose não é grande, uma pessoa normal não te
Lucas olhou com ironia:- O médico disse que há esperança.Ele já estava cansado de ouvir sempre a mesma ladainha dos médicos.Mariane também tinha uma ideia do que se tratava, mas sem conhecer os detalhes, preferiu não emitir opinião precipitada.Lucas, porém, levantou a mão:- Talvez sempre haja esperança, mas nunca uma recuperação completa.- Não seja tão pessimista. - Aconselhou Mariane.De repente, Lucas se virou para ela:- Você poderia tocar piano para mim? Faz tempo que não escuto uma música normal, o que eu toco soa horrível.Mariane sentiu um aperto no coração.Ela tinha pesquisado sobre o passado de Lucas depois de voltar. A família Ravino o protegia bem e as informações sobre ele eram escassas, mas havia rumores de que ele era um gênio musical.Era cruel fazer um gênio negar seu próprio talento.Ela sabia que confortar verbalmente alguém com tanto orgulho nem sempre era o melhor e Lucas definitivamente não precisava de pena.Mariane controlou suas emoções, não mostrando nad
Ao entardecer, Mariane saiu do hospital, olhando para a conta em suas mãos e suspirando.Lucas olhava para ela de tal maneira que ela simplesmente não conseguia dizer não.Enquanto refletia, seu telefone tocou.Era Tamires:- Olá.Sua voz estava cheia de energia.Mariane se sentia confortável ao ouvir aquilo, olhando para o pôr do sol, perguntou casualmente:- O salário caiu?- Inteligente! - Tamires estava claramente de bom humor. - Onde você está? Vou te buscar para irmos beber.Mariane, por hábito, respondeu:- Preciso ir para casa.- Para casa? Que casa? Você não se divorciou?Mariane hesitou por um momento.Era verdade, ela se divorciou.Os carros passavam em frente, um após o outro.Ela pensou que Vinicius provavelmente não voltaria para casa e mesmo se voltasse, não a procuraria.Agora, eles só se viam quando precisavam um do outro, não havia necessidade de se encontrarem todos os dias.- Rápido, me dê o endereço! - Tamires insistiu.Mariane olhou para o céu, inspirou o ar fresc
Assim que as câmeras de vigilância foram ligadas, o barulho era tanto que só podia ser assistido no mudo. Mariane era fácil de encontrar, pois estava sentada no bar, chamando atenção. Muitos se aproximavam para conversar, mas ela não se importava e mandava todos embora, preferindo conversar com o barman.Lá estava ela, de cabeça colada com o barman, cochichando. No auge da conversa, ele até a passou um lenço para enxugar as lágrimas. A imagem era tão clara que, de repente, todos no camarote ficaram em silêncio.João pigarreou e disse:- O dono me disse que os barmen daqui não se interessam por mulheres.Vinicius lançou um olhar para ele e disse de forma sombria:- Não se interessar por mulheres não faz dele menos homem.João sorriu de canto e perguntou, testando:- Por que não a chamamos aqui para perguntar? Ela parecia tão envolvida na conversa, talvez a cunhada tenha algum problema.Vinicius ficou ainda mais frio e não respondeu. João entendeu o recado e mandou alguém chamar o barman
Mariane, abafada por um turbilhão de sentimentos, finalmente os liberou intensamente.Cambaleante e um tanto ébria, ela e Tamires se apoiaram uma na outra, saindo do bar.O bartender, atencioso, chamou um motorista substituto para as levar.- Este lugar é ótimo, vamos voltar aqui!Mariane, mole como uma massa, deslizou para o banco traseiro.Tamires a seguiu de perto, ambas emitindo um grito satisfeito e estranho:- Ah!Mariane, sentindo calor, também tirou os sapatos.Já havia alguém no banco do motorista, que permanecia silencioso.Ela, ainda segurando os sapatos, se debruçou no banco do passageiro, espiando o motorista à frente.O homem, com a janela aberta, exibia um perfil bonito enquanto fumava.Ela estreitou os olhos, sentindo uma familiaridade e ao levantar a cabeça, encontrou aqueles olhos frios no espelho retrovisor.Ela estremeceu, se recostando no banco traseiro.Tamires, que já havia fechado os olhos, perguntou preguiçosamente:- O que houve?Mariane franzindo a testa, pas
Mariane travou uma breve luta interna e, finalmente, soltou a mão que estava no puxador da porta, decidindo submissamente se sentar no banco do passageiro. Seu corpo esguio e flexível facilitava seus movimentos ágeis. Se acomodando no assento, ela engoliu em seco e, discretamente, se moveu para mais perto da porta do carro. Segurando o cinto de segurança, ela lançou um olhar rápido para Vinicius, sentindo uma clareza mental como nunca antes. Ela estava em apuros. Repassava na mente as palavras que havia dito ao bartender, convencida de que não tinha exagerado muito, exceto ao dizer que ele estava morto. De repente, o homem olhou para ela. Mariane virou o rosto e o ofereceu um sorriso constrangido:- Que tal se eu dirigir?A ideia de Vinicius ser o motorista a deixava temerosa pela própria vida.- Você quer dirigir?- Sim.- E me levar direto para o inferno, é isso?Mariane ficou um pouco rígida:- É que eu bebi, sabe? Beber e dirigir é ruim. - Ela olhou para fora, tentando sair do carr
De madrugada.Na sala de estar do Jardim Rosário, as luzes estavam acesas, o lustre estava no nível mais brilhante possível, como um sol luminoso.Mariane estava sentada em frente à mesa de mármore, com as mãos apoiando a cabeça, com uma dor de cabeça insuportável. - Sra. Mariane, quer um pouco de água? - Sussurrou Dona Josiane.Mariane nem sequer levantou a cabeça e apenas acenou com a mão.Dona Josiane suspirou.Vinicius subiu as escadas para tomar banho, deixando a gravata jogada sobre o encosto do sofá lá embaixo. Antes de sair, mandou Mariane se recuperar direito do efeito do álcool.Ele queria ouvir a história trágica e desesperadora dela quando voltasse.Mariane não aguentava mais, estava vendo estrelas diante de seus olhos. Considerando que nos últimos tempos não havia pedido nada a Vinicius, talvez ela pudesse apenas dormir e deixar ele bravo, que tudo se danasse.Enquanto pensava nisso, sua cabeça abaixava cada vez mais.Até que...Boom! Boom! Boom!Três fortes batidas viera
Na manhã seguinte, por volta das nove horas.Dentro da cafeteria, Mariane estava com uma expressão apática, sem cor no rosto, entregando as chaves do carro para Tamires em frente a ela.Tamires deu um gole forte no café e, como se estivesse sugando sua energia, desabou na cadeira.- Vou resumir, então. - Disse Tamires.Mariane assentiu.- Você arrancou o roupão do Vinicius.- Sim.- E a tiazona viu ele de cueca.- Sim.Tamires respirou fundo, cobrindo o rosto com as mãos e murmurando:- Mari...- Sim?- Se realmente não tiver outro jeito, vamos terminar nossa amizade.Mariane olhou para ela, se endireitou na cadeira e disse suavemente:- Sua cagona! Normalmente, quando você xingava ele em particular, eu pensava que você tinha bastante compaixão por mim!Ela se lembrava claramente que, na noite anterior, Tamires foi quem viu Vinicius primeiro e fugiu sem dizer uma palavra.Tamires colocou as chaves na bolsa, dizendo determinada:- Gustavo ainda está no hospital e você é minha única melh