Assim que as câmeras de vigilância foram ligadas, o barulho era tanto que só podia ser assistido no mudo. Mariane era fácil de encontrar, pois estava sentada no bar, chamando atenção. Muitos se aproximavam para conversar, mas ela não se importava e mandava todos embora, preferindo conversar com o barman.Lá estava ela, de cabeça colada com o barman, cochichando. No auge da conversa, ele até a passou um lenço para enxugar as lágrimas. A imagem era tão clara que, de repente, todos no camarote ficaram em silêncio.João pigarreou e disse:- O dono me disse que os barmen daqui não se interessam por mulheres.Vinicius lançou um olhar para ele e disse de forma sombria:- Não se interessar por mulheres não faz dele menos homem.João sorriu de canto e perguntou, testando:- Por que não a chamamos aqui para perguntar? Ela parecia tão envolvida na conversa, talvez a cunhada tenha algum problema.Vinicius ficou ainda mais frio e não respondeu. João entendeu o recado e mandou alguém chamar o barman
Mariane, abafada por um turbilhão de sentimentos, finalmente os liberou intensamente.Cambaleante e um tanto ébria, ela e Tamires se apoiaram uma na outra, saindo do bar.O bartender, atencioso, chamou um motorista substituto para as levar.- Este lugar é ótimo, vamos voltar aqui!Mariane, mole como uma massa, deslizou para o banco traseiro.Tamires a seguiu de perto, ambas emitindo um grito satisfeito e estranho:- Ah!Mariane, sentindo calor, também tirou os sapatos.Já havia alguém no banco do motorista, que permanecia silencioso.Ela, ainda segurando os sapatos, se debruçou no banco do passageiro, espiando o motorista à frente.O homem, com a janela aberta, exibia um perfil bonito enquanto fumava.Ela estreitou os olhos, sentindo uma familiaridade e ao levantar a cabeça, encontrou aqueles olhos frios no espelho retrovisor.Ela estremeceu, se recostando no banco traseiro.Tamires, que já havia fechado os olhos, perguntou preguiçosamente:- O que houve?Mariane franzindo a testa, pas
Mariane travou uma breve luta interna e, finalmente, soltou a mão que estava no puxador da porta, decidindo submissamente se sentar no banco do passageiro. Seu corpo esguio e flexível facilitava seus movimentos ágeis. Se acomodando no assento, ela engoliu em seco e, discretamente, se moveu para mais perto da porta do carro. Segurando o cinto de segurança, ela lançou um olhar rápido para Vinicius, sentindo uma clareza mental como nunca antes. Ela estava em apuros. Repassava na mente as palavras que havia dito ao bartender, convencida de que não tinha exagerado muito, exceto ao dizer que ele estava morto. De repente, o homem olhou para ela. Mariane virou o rosto e o ofereceu um sorriso constrangido:- Que tal se eu dirigir?A ideia de Vinicius ser o motorista a deixava temerosa pela própria vida.- Você quer dirigir?- Sim.- E me levar direto para o inferno, é isso?Mariane ficou um pouco rígida:- É que eu bebi, sabe? Beber e dirigir é ruim. - Ela olhou para fora, tentando sair do carr
De madrugada.Na sala de estar do Jardim Rosário, as luzes estavam acesas, o lustre estava no nível mais brilhante possível, como um sol luminoso.Mariane estava sentada em frente à mesa de mármore, com as mãos apoiando a cabeça, com uma dor de cabeça insuportável. - Sra. Mariane, quer um pouco de água? - Sussurrou Dona Josiane.Mariane nem sequer levantou a cabeça e apenas acenou com a mão.Dona Josiane suspirou.Vinicius subiu as escadas para tomar banho, deixando a gravata jogada sobre o encosto do sofá lá embaixo. Antes de sair, mandou Mariane se recuperar direito do efeito do álcool.Ele queria ouvir a história trágica e desesperadora dela quando voltasse.Mariane não aguentava mais, estava vendo estrelas diante de seus olhos. Considerando que nos últimos tempos não havia pedido nada a Vinicius, talvez ela pudesse apenas dormir e deixar ele bravo, que tudo se danasse.Enquanto pensava nisso, sua cabeça abaixava cada vez mais.Até que...Boom! Boom! Boom!Três fortes batidas viera
Na manhã seguinte, por volta das nove horas.Dentro da cafeteria, Mariane estava com uma expressão apática, sem cor no rosto, entregando as chaves do carro para Tamires em frente a ela.Tamires deu um gole forte no café e, como se estivesse sugando sua energia, desabou na cadeira.- Vou resumir, então. - Disse Tamires.Mariane assentiu.- Você arrancou o roupão do Vinicius.- Sim.- E a tiazona viu ele de cueca.- Sim.Tamires respirou fundo, cobrindo o rosto com as mãos e murmurando:- Mari...- Sim?- Se realmente não tiver outro jeito, vamos terminar nossa amizade.Mariane olhou para ela, se endireitou na cadeira e disse suavemente:- Sua cagona! Normalmente, quando você xingava ele em particular, eu pensava que você tinha bastante compaixão por mim!Ela se lembrava claramente que, na noite anterior, Tamires foi quem viu Vinicius primeiro e fugiu sem dizer uma palavra.Tamires colocou as chaves na bolsa, dizendo determinada:- Gustavo ainda está no hospital e você é minha única melh
O clima estava tenso.O vendedor que havia saído retornou e trouxe um pequeno enfeite de piano de cristal. Ele perguntou:- Senhora, você está satisfeita com o enfeite que pediu?Mariane nem olhou e respondeu:- Não precisa, eu não gosto mais. Coloque de volta.O vendedor ficou um pouco confuso, mas percebeu que algo estava errado no clima e se afastou sensatamente.Luana segurou a Sra. Teles, demonstrando intimidade, e disse:- Eu sei que você gosta de pianos. Vim te presentear com um piano como forma de agradecimento.A Sra. Teles lançou um olhar rápido para Mariane, se sentindo constrangida, mas não queria ofender Luana, então respondeu:- Srta. Luana, você é muito gentil, não precisa disso.- Não é nada, é o mínimo que posso fazer. O Adv. Teles tem estado com Vini o tempo todo, e eu conheço o temperamento do Vini melhor que ninguém, o Adv. Teles provavelmente tem sofrido muito por causa dele. - Luana falou com um sorriso, parecendo mais a legítima esposa de Vinícius do que Mariane.
A Sra. Teles já havia percebido um cheiro incomum no ar e puxou discretamente a manga de Luana, dizendo:- Srta. Luana, acho que é melhor desistirmos. Se esse piano é um pedido personalizada, então é o queridinho de outra pessoa, não vamos roubar o amor alheio.- As belas flores são presenteadas às belas damas, e uma boa espada é acompanhamento de um bom herói. - Luana segurou a mão da Sra. Teles e disse. - Um piano tão perfeito como este só seria digno se uma pianista como a Sra. Teles o tocasse.Dizendo isso, ela olhou para o diretor, acrescentando:- Por favor, entre em contato com a proprietária.- Entendido.Mariane se sentou ao lado, bebendo seu café calmamente.No segundo seguinte, o som suave do celular ecoou pela espaçosa sala de exposições.O diretor ficou atordoado por um momento.Luana e a Sra. Teles também ficaram surpresas e trocaram olhares.Em seguida, todos se voltaram na direção do som.Sobre a mesa de centro, Mariane elegantemente tirou o celular de sua bolsa e, na f
Ela estava de bom humor, mas depois de encontrar Luana, mesmo que tivesse extravasado sua irritação, ainda se sentia um tanto abatida.Mariane começou a trabalhar à tarde, mas tocava piano com a testa franzida.Sr. Emanuel percebeu que ela estava de mau humor e a convidou gentilmente para ir ao escritório tomar chá e comer bolo, tratando como uma rainha.Quando estava prestes a sair do trabalho, Sr. Emanuel pessoalmente embalou um pedaço de bolo para ela.De repente, o assistente entrou apressado.Sr. Emanuel fez um som de desaprovação, um tanto insatisfeito.O assistente lançou um olhar para Sr. Emanuel e depois se voltou para Mariane:- Mari, parece que te gravaram e postaram na internet.A primeira reação de Mariane foi pensar em algo relacionado à loja de pianos, então ela pegou o celular às pressas, não podia deixar isso se espalhar, seria um problema.Ao abrir o celular, no entanto, não era sobre a loja de pianos, era uma imagem dela à tarde, sentada no centro da fonte, usando um