A fruta gelada explodiu na boca, fazendo os dentes de Mariane tremerem de frio.O escritório ficou quieto, enquanto ela engolia o suco da fruta para aliviar a secura na garganta.Não conseguia expressar o que sentia. Diante dos interesses, Vinícius nem sequer se importava com o verdadeiro amor, quanto mais com alguém vazio como ela. No entanto, ela podia sentir claramente a indiferença da pessoa que gostava, e isso fazia seu coração doer.Ela suspirou, preocupada que alguém saísse de dentro da sala a qualquer momento, pegou a bandeja de frutas e desceu pela outra escada.Depois de alguns momentos sentada no andar de baixo, a porta do escritório no andar de cima se abriu.Vinícius e Felipo desceram as escadas, um atrás do outro, com expressões frias. Vinícius sempre foi assim, mas Felipo estava claramente irritado.O tio mais velho de Mariane e o terceiro tio não estavam em casa, o que tornava a mesa do jantar um tanto estranha.Na mesa, Camille, como a "anfitriã", cumprimentava Viníciu
Dito isso, Felipo subiu as escadas com o rosto frio.Camille exibiu um pouco de satisfação em seu rosto.Mariane não mudou de expressão, abaixou a cabeça e acariciou o queixo do gato, murmurando:- Meu fofo.Vinícius ainda não tinha voltado, então Mariane subiu as escadas primeiro. Na situação atual, compartilhar a mesma cama não era razoável, e dormir em quartos separados levantaria suspeitas. Ela havia arrumado o sofá com antecedência.Mas ao abrir o guarda-roupa, havia uma fileira de pijamas de mau gosto, sem um pingo de senso estético, excessivamente sensuais e bastante antiquados. Era óbvio que tinha sido obra de tia Camille, suas intenções maliciosas não puderam ser escondidas.Ela preferia dormir pelada a usar essas roupas. Se Vinícius visse, a ridicularizaria até a morte.Depois de tomar banho, ela vestiu apenas um roupão, se enrolou no cobertor de forma sensata e se deitou no sofá.Ela já havia apagado as luzes antes de Vinícius voltar.Quando ouviu os passos, ela rapidamente
O som nítido ecoou pelo quarto, silenciando o ambiente por completo.O homem ficou paralisado por um momento, perdido em seu breve atordoamento. A sensação ardente da bochecha atingida por Mariane chegou de forma clara, não era muito dolorosa, mas era intensamente perceptível.Seus olhos avermelhados de desejo congelaram, e aos poucos uma frieza se infiltrou. Ele tinha vivido por vinte e seis anos sem nunca ter sido esbofeteado.Mariane rapidamente agarrou seu roupão e saiu da cama, dizendo:- Eu já disse que quero me divorciar.Divórcio, divórcio, mais uma vez o divórcio! Nessa novela de hoje, ele já tinha lhe dado a moral suficiente. No passado, sempre foi assim, toda vez que ele não concordava com as condições da família Giordano, era ela quem o implorava, usando seu corpo para agradá-lo.Agora, ela repetiu o mesmo truque, e ele não a expôs, justamente porque pretendia lhe dar uma saída!Mariane virou o rosto e viu a expressão desagradável dele. Não pôde evitar dizer:- Eu não sei
Vinícius olhou para ela com um rosto cheio de frieza, rangendo os dentes:- Mariane!Mariane ergueu o queixo e o encarou.- Não se arrependa. - Ele sibilou.Eram três palavras bem geladas.- Se eu me arrependo ou não é meu problema, apenas não se atrase. - Respondeu ela.Após um breve silêncio, o homem não olhou mais para ela e abriu a porta do quarto.Seus passos apressados soaram especialmente claros na mansão durante a noite.Mariane ficou ao lado da porta, permitindo que o frio a invadisse, incapaz de dizer uma palavra.A porta do quarto em frente se abriu lentamente e Renata saiu. Em meio ao silêncio, ela lançou um olhar preocupado para o andar de baixo e perguntou:- Mari, o que houve? Vocês brigaram?Mariane não respondeu.Vinícius saiu durante a noite, e obviamente, Felipo soube disso.Mariane não podia ir embora e passou a noite sentada no quarto.Por volta das cinco da manhã, o mordomo acordou, e só então ela saiu, pedindo ao mordomo para transmitir uma mensagem ao avô:- Ten
Já passava das nove horas, o ar estava fresco e o céu ameno, até os céus pareciam aprovar o divórcio hoje.Mariane desceu do táxi a uma grande distância e foi em direção ao cartório passo a passo.Quanto mais se aproximava, mais percebia que parecia haver mais casais descontentes do que amorosos.Ela pensou novamente na certidão de casamento dela e de Vinícius. No dia da certidão, Vinícius não estava presente e ela esperou a manhã inteira em vão, antes de finalmente receber um telefonema dizendo que estava tudo pronto.Só mais tarde ela percebeu quanta aversão ele tinha à essa união.Ela tirou a certidão de casamento da bolsa, com uma foto de casal composta por Photoshop, a de Vinícius era a foto de identidade, fria e desumana, dela era a foto de estudante, feliz e boba.Não era uma boa combinação desde o início.Eram quase nove horas quando chegou ao cartório.Mariane ficou à distância, olhando em volta, sem encontrar o carro da família Lopes.Ele provavelmente ainda estava na casa de
Mariane estava sem fôlego. Ela não era burra. Esse cartão adicional era do Vinícius e, a menos que ele falasse, ninguém mais tinha a capacidade de congelar o cartão dele.Seu bote salva-vidas foi perfurado e ela não estava com disposição para lidar com o olhar da funcionária. Com muita dificuldade, ela pegou o celular e, assim que o abriu, viu na tela cinco ou seis chamadas perdidas, todas do Vinícius.Ela rapidamente retornou à ligação, mas ninguém atendeu.Dando uma checada, ela viu duas mensagens:"Mariane, onde você está?""Me enganou uma vez, está feliz?"Mesmo através da tela, ela podia sentir a raiva dele.Mariane fechou os olhos, queria responder a ele, mas parou de digitar. Ela era realmente tola, qual o sentido de explicar para ele nesse momento?Ela fechou rapidamente a conversa e decidiu ligar para Tamires.Sem hesitar, Tamires transferiu cem mil para a conta dela e prometeu chegar até ela o mais rápido possível.Finalmente, o pagamento foi feito com sucesso. Mariane correu
Por um segundo, Mariane teve um branco na mente. Ela rapidamente largou o celular e, sem hesitar, se virou correndo em direção ao balcão de enfermeiras.- Alguém se suicidou! - Ela gritou. Os médicos e enfermeiros próximos imediatamente se reuniram.Um grupo de pessoas correu para dentro do corredor das escadarias, com Mariane liderando e levando-os de volta para a virada da escada.Quando se afastou de canto, ela finalmente conseguiu ver claramente o rosto da pessoa.Um homem, na casa dos vinte anos, com uma aparência extraordinária. Sob sua palidez, havia uma beleza melancólica como uma rosa murchando, como se fosse uma divindade desprovida de alma. O sangue fluía lentamente de seu pulso, criando uma pequena mancha de cor vermelha como uma flor que se espalhava pelo chão, parecendo assustador e sinistro.Os profissionais de saúde rapidamente colocaram a pessoa em uma maca. Mariane percebeu que a outra mão do homem estava pendurada e preocupada que pudesse bater na grade, ela se aprox
A enfermeira ao lado viu que ele estava olhando fixamente para a conta de vidro e se apressou em explicar:- O Sr. Lucas esteve segurando aquilo o tempo todo, mesmo durante o resgate.Vinícius a pegou e sentiu uma estranha familiaridade. Ele olhou para a pessoa na cama e perguntou:- Algo deixado por alguém importante?Uma luz brilhou subitamente nos olhos entorpecidos de Lucas. Ele lutou e tentou estender a mão.Vinícius colocou a conta na palma da sua mão.Kevin tentou mediar a atmosfera e disse a Lucas:- Seria algo deixado pela moça que te encontrou?Lucas apertou os lábios pálidos e, depois de um tempo, respondeu com um aceno.Todos ficaram surpresos.Ao ver a sua reação, Vinícius arqueou a sobrancelha e perguntou:- Quer vê-la?Lucas ficou momentaneamente atordoado. Sentia como se fosse um sonho, um sonho com o rosto borrado e desesperado de uma mulher.Quando ele teve o seu episódio de ansiedade, cortou os pulsos, mas antes de perder a consciência, recuperou brevemente a clareza