A casa de Túlio era uma grande residência térrea, com cerca de duzentos metros quadrados, mantida muito limpa.Ao entrarem, Vinicius, familiarizado, foi direto tomar um banho, enquanto a garota ficava na sala brincando com o cachorro e Túlio se dirigia para a cozinha.Mariane, se sentindo um pouco deslocada, foi ajudar na cozinha.Túlio, percebendo seu desconforto, a deixou encarregada de cozinhar o macarrão.- Raquel é sua irmã? - Perguntou Mariane.Túlio hesitou por um momento e depois assentiu:- Sim, ela se chama Raquel Matos.Mariane olhou para fora da cozinha e viu Raquel se levantando e entrando. A garota abriu a geladeira, pegou um pedaço de bolo e se aproximou de Mariane.- Quer que eu abra para você?A garota negou com a cabeça:- Coma você. - Mariane ficou surpresa. - Seu estômago já está roncando há um tempo.Mariane se sentiu um pouco envergonhada.Suas orelhas coraram e ela lambeu os lábios:- Obrigada.- Me chamo Raquel.Enquanto Mariane abria o bolo, ela pensou por um m
Só se vivesse muito e se dormisse tarde, que se poderia ver todo tipo de fantasma.O assunto da criança de meio ano de Mansão dos Lopes já era suficientemente místico, quase aconteceu um sequestro dentro de casa à noite, e agora, sentada em um lugar estranho comendo, Vinicius ainda a servia comida.Mariane sentia que todos esses sinais eram um pouco sinistros.Ela realmente não conseguia entender quem era Raquel.A refeição durou bastante tempo, e no meio dela, Raquel ficou sonolenta.- Raquel, devolva o celular ao Vini. - Disse Túlio.Raquel, com os olhos pesados, assentiu com a cabeça. Antes de ir, contudo, contou a Vinicius que aquela mulher de voz desagradável havia ligado.Vinicius seguiu a conversa e deu uma olhada na lista negra do diretório, mas não pareceu se importar muito.- Raquel, boa noite.- Boa noite.A menina saiu abraçando o cachorro, provavelmente teria que dormir com ele.Túlio, muito calmo, arrumou a louça dos irmãos e também foi dormir.Mariane colocou os utensíli
- É só para enganar um pouco esses velhos antiquados da sua família, não é grande coisa. Fazer eles se preocuparem, cometerem erros, até mesmo forçar seu pai a agir, isso seria mais eficaz, não acha? - Mariane falava calmamente, desenhando algo em seu caderno.Vinicius, com os braços cruzados, observava silenciosamente a performance dela.A mulher, apoiando o rosto com uma mão, sorriu para ele:- Mas todo mundo lá fora sabe que não nos damos bem, nem mesmo seu pai, ou talvez a secretária do seu escritório acredite que podemos ter um filho. Eles apenas observariam de longe, sem se preocupar.- Então o que você sugere?- Sugeriria que você aumentasse a aposta, me comprasse um pouco. - Mariane sorria sutilmente. - Juntos, podemos criar uma imagem de um amor profundo, prestes a engravidar e herdar uma enorme fortuna, isso os deixaria loucos.Vinicius esboçou um sorriso, aparentemente pensativo:- Depois de fingir sermos um casal, agora planeja fingir que estamos apaixonados?- Não é um mau
Vinicius voltou para o seu quarto, se sentindo continuamente incomodado.A maneira como Mariane falou sobre o divórcio, sua atitude ao planejar o futuro, tudo isso trazia um incômodo sem precedentes.Enquanto pensava nisso, a campainha tocou.Ele franziu a testa e, não querendo incomodar Raquel, se moveu rapidamente para atender.Ao abrir a porta, encontrou uma Mariane ofegante.A mulher carregava uma sacola, com uma leve camada de suor cobrindo suas bochechas pálidas.Quando seus olhares se encontraram, ele ergueu o queixo e falou friamente:- O que você quer?Mariane ignorou sua frieza e olhou para o braço dele:- Você se machucou?Vinicius hesitou.De fato, havia um pequeno corte de vidro de cerca de dois centímetros em seu antebraço.Ele não tinha dado muita importância, apenas tratou a ferida superficialmente durante o banho.Mariane deu um passo em direção à sala de estar, o forçando a recuar inconscientemente.Ela abriu a sacola da loja de conveniência na porta e tirou uma caixa
Numa noite profunda, num apartamento de luxo no centro da cidade.O celular foi arremessado contra a televisão, seguido pelo choro de uma criança.Várias babás ocupadas no andar de cima, uma delas desceu e bateu na porta do quarto de Luana.- Srta. Luana, o que aconteceu?Luana, no quarto, com o rosto distorcido. Ela fez tantas ligações, mas apenas uma mulher atendeu, a provocando e depois a bloqueando.Vinicius ainda não a deu atenção."O que ele está fazendo, afinal?"Ela caminhou de um lado para o outro, com medo e pânico se misturando, quase a enlouquecendo.Afinal, como sua primeira namorada, ele não deveria tratar ela assim!O choro do bebê era penetrante e a babá do lado de fora continuava perguntando sem parar.Luana explodiu, gritando:- Cale a boca!A babá se assustou, e as duas se olharam na porta, confusas."Será que a Srta. Luana tem depressão? Por que ela está tão instável?"Com a porta ainda fechada, a babá tentou dizer:- Srta. Luana, se você está se sentindo mal, que t
Ela foi ao hospital visitar Gustavo, que já estava quase recebendo alta.Bem cedo, o jovem estava sentado sob a janela, vestindo um casaco de lã sobre o uniforme hospitalar, com braços e pernas longos que, mesmo enfaixados em gesso, não impediam sua elegância.A única pena era a palidez do seu rosto.- São mais de oito horas, você não deveria estar no trabalho ao invés de vagar pelo hospital? - Ele indagou.Esse tom de voz fazia Mariane se lembrar de Vinicius.Ela se sentou e disse:- Hoje não vou trabalhar.- Sete dias na semana e você mal trabalha metade deles. Que carreira permite isso? - Gustavo franziu a testa, fechando o livro que tinha em mãos com desdém. - Quando você vai superar essa obsessão pelo Vinicius? Além de pensar nele, o que mais você faz? Viciada em ser uma dondoca inútil?Mariane, sem forças, respondeu:- Não é...- Os zumbis abriram seu cérebro e tudo foi jogado fora! Além de bonito e rico, ele tem mais alguma qualidade?- Eu...Gustavo não se importou em ouvir mai
Dario ajustou seus óculos e, percebendo a situação, colocou os documentos que segurava sobre a mesa e saiu do escritório. Ao abrir a porta, os olhares curiosos ao redor rapidamente se esconderam, mas o aroma de fofoca ainda pairava no ar. Sem dúvida, em cinco minutos, a notícia se espalharia por toda a empresa. Dario suspirou.No interior do escritório, Mariane ouviu a porta se fechar e imediatamente se endireitou. Enquanto se movia, seus cabelos novamente roçaram o ombro de Vinicius. O homem franziu a testa, prestes a falar, quando a ouviu dizer:- Como foi minha atuação?Ele fechou a tampa da caneta com uma força mediana, sem expressar satisfação. Mariane, indiferente, caminhou até a mesa de jantar e começou a abrir as comidas uma a uma.- Aqui estão os pratos que você pediu, todos eles.Vinicius olhou desconfiado:- Foi você que fez?Mariane, séria, afirmou com convicção:- Eu mesma fiz. Com as próprias mãos.Dezesseis pratos, quanto tempo isso levaria? Ela não fez mais nada naquela
- Se seu pai voltar, você consegue segurar ele? - Mariane disse, tentando quebrar o silêncio constrangedor.Vinicius olhou para ela e respondeu:- Tem medo que eu morra e te arraste comigo?Mariane deu de ombros e assentiu seriamente:- Sim, nós dois somos um casal de ressentidos, morrer juntos seria trágico.Vinicius soltou um resmungo frio.E o silêncio retornou.Mariane lançou um olhar e notou um canto do curativo no braço do homem levantando.- Você ainda não trocou por um novo?Vinicius seguiu seu olhar, pousando os olhos em seu próprio antebraço, e franziu a testa, abaixando a manga.- Não tive tempo.Mariane olhou ao redor e perguntou:- Tem no seu escritório?Vinicius olhou para ela, sombrio:- Não tem ninguém aqui, você não precisa fingir que se importa.Mariane sorriu levemente e disse:- Tenho medo que você morra e eu tenha que morrer também.Sempre que conversavam, nunca acabava bem.Mariane se levantou sem dizer nada, procurando pelo escritório.- Posso ir à sala de descan