Ela foi ao hospital visitar Gustavo, que já estava quase recebendo alta.Bem cedo, o jovem estava sentado sob a janela, vestindo um casaco de lã sobre o uniforme hospitalar, com braços e pernas longos que, mesmo enfaixados em gesso, não impediam sua elegância.A única pena era a palidez do seu rosto.- São mais de oito horas, você não deveria estar no trabalho ao invés de vagar pelo hospital? - Ele indagou.Esse tom de voz fazia Mariane se lembrar de Vinicius.Ela se sentou e disse:- Hoje não vou trabalhar.- Sete dias na semana e você mal trabalha metade deles. Que carreira permite isso? - Gustavo franziu a testa, fechando o livro que tinha em mãos com desdém. - Quando você vai superar essa obsessão pelo Vinicius? Além de pensar nele, o que mais você faz? Viciada em ser uma dondoca inútil?Mariane, sem forças, respondeu:- Não é...- Os zumbis abriram seu cérebro e tudo foi jogado fora! Além de bonito e rico, ele tem mais alguma qualidade?- Eu...Gustavo não se importou em ouvir mai
Dario ajustou seus óculos e, percebendo a situação, colocou os documentos que segurava sobre a mesa e saiu do escritório. Ao abrir a porta, os olhares curiosos ao redor rapidamente se esconderam, mas o aroma de fofoca ainda pairava no ar. Sem dúvida, em cinco minutos, a notícia se espalharia por toda a empresa. Dario suspirou.No interior do escritório, Mariane ouviu a porta se fechar e imediatamente se endireitou. Enquanto se movia, seus cabelos novamente roçaram o ombro de Vinicius. O homem franziu a testa, prestes a falar, quando a ouviu dizer:- Como foi minha atuação?Ele fechou a tampa da caneta com uma força mediana, sem expressar satisfação. Mariane, indiferente, caminhou até a mesa de jantar e começou a abrir as comidas uma a uma.- Aqui estão os pratos que você pediu, todos eles.Vinicius olhou desconfiado:- Foi você que fez?Mariane, séria, afirmou com convicção:- Eu mesma fiz. Com as próprias mãos.Dezesseis pratos, quanto tempo isso levaria? Ela não fez mais nada naquela
- Se seu pai voltar, você consegue segurar ele? - Mariane disse, tentando quebrar o silêncio constrangedor.Vinicius olhou para ela e respondeu:- Tem medo que eu morra e te arraste comigo?Mariane deu de ombros e assentiu seriamente:- Sim, nós dois somos um casal de ressentidos, morrer juntos seria trágico.Vinicius soltou um resmungo frio.E o silêncio retornou.Mariane lançou um olhar e notou um canto do curativo no braço do homem levantando.- Você ainda não trocou por um novo?Vinicius seguiu seu olhar, pousando os olhos em seu próprio antebraço, e franziu a testa, abaixando a manga.- Não tive tempo.Mariane olhou ao redor e perguntou:- Tem no seu escritório?Vinicius olhou para ela, sombrio:- Não tem ninguém aqui, você não precisa fingir que se importa.Mariane sorriu levemente e disse:- Tenho medo que você morra e eu tenha que morrer também.Sempre que conversavam, nunca acabava bem.Mariane se levantou sem dizer nada, procurando pelo escritório.- Posso ir à sala de descan
Durante o longo intervalo do almoço, Mariane pediu um delivery e fez com que entregassem curativos adesivos, todos com estampas de desenhos animados.Vinicius não gostou, ela percebeu.Então, ela escolheu, propositalmente, um momento em que havia outras pessoas por perto, se aproximou dele e disse gentilmente:- Querido, vou trocar seu curativo.Vinicius ficou chocado.O executivo também respirou fundo.Mariane, maliciosa, sabendo que Vinicius não faria nada na frente dos outros, escolheu um curativo com a maior estampa de desenho animado e o colou no antebraço de Vinicius, como um adesivo.Vinicius grunhiu baixinho, baixou a cabeça e encontrou o olhar brilhante e sorridente dela. Ele arregalou os olhos.Mariane, com uma expressão inocente, piscou e perguntou:- Te machuquei?- Não.- Que bom!O executivo sentiu um arrepio, pensando nos rumores dentro da empresa, e refletiu: "Realmente, o Sr. Lopes está disposto a tudo para ter filhos. Um relacionamento rápido tem sempre um gosto de ad
Mariane, cujos pais morreram em um acidente de carro, era particularmente sensível a este assunto. No funeral de seus pais, ela se escondeu em um canto, ouvindo as pessoas comentarem sobre como o acidente era estranhamente suspeito. De repente, ele levou as vidas de seus pais e sua tia, que eram considerados os próximos sucessores na empresa. Seus avós maternos, de origem humilde, não tinham voz na questão, mas sua grande tia, nascida em uma família ilustre, teve sua família investigando o caso por quase meio ano sem encontrar falhas. O acidente foi finalmente considerado uma fatalidade.Existe mesmo tanto acaso assim no mundo? Mariane suspeitou de seu tio e até de seu tio mais velho, mas observações ao longo dos anos a fizeram perceber que nenhum deles tinha capacidade para tal. Enquanto pensava nisso, um toque de telefone soou. Mariane acordou de repente e viu que era uma chamada de Colles. Ela atendeu, não recusando como antes, e foi para o local das filmagens conforme o endereço fo
Flávia estava furiosa, mas ao levantar os olhos e ver Mariane, quase não a reconheceu. Ela se acalmou um pouco antes de arriscar:- Mari?Mariane sorriu em resposta e se aproximou:- Professora, faz tempo que não nos vemos.Flávia realmente não estava no clima para relembrar os velhos tempos, controlou sua irritação com esforço e estava prestes a falar, quando uma voz jovem de mulher soou atrás dela:- Sem ela, eu já teria feito sucesso há tempos, ainda tem a audácia de me desprezar! Com essa idade, se não tem capacidade, deveria aceitar!Assim que ouviu isso, Flávia ficou instantaneamente enfurecida e se preparou para voltar e discutir.Mariane a segurou rapidamente e fez um sinal para o assistente de Colles, que prontamente veio ajudar. Juntos, eles conseguiram afastar Flávia.No camarim do andar de cima, Colles apareceu na hora certa.O assistente explicou rapidamente a situação e Colles sentiu simpatia por Flávia. Naquele momento, muitos diretores que costumavam ficar em casa estav
Após três anos afastada da profissão, Mariane se sentou diante do espelho e, ao se ver refletida, teve a sensação de que uma eternidade havia se passado. O ambiente externo ainda estava tumultuado, mas ela já havia pegado o roteiro e começava a memorizar as falas rapidamente.Flávia chamou um ator para a mesma cena, que inicialmente relutava, preferindo que a diretora se desculpasse para evitar prejudicar a performance. No entanto, ao ver Mariane, de beleza estonteante diante do espelho, sua atitude se tornou ambígua. Não era por estar encantado, mas sim pela atitude amigável de Mariane. Ela era muito mais gentil do que Sabrina, sua parceira usual. Quem não gostaria de trabalhar com alguém que facilitasse as coisas?Após ensaiarem juntos por um momento, o ator ficou surpreso ao descobrir que Mariane não só tinha um excelente senso de atuação, mas também uma memória impressionante.- Onde você estava antes de vir para cá? - Perguntou ele a Mariane.Ajeitando uma mecha de cabelo, ela res
- Tem ela, não tem eu. Tem eu, não tem ela!No escritório dos bastidores, Sabrina falava chorando, completamente diferente da arrogância e ostentação da tarde.A peça já tinha terminado e a notícia de Flávia conseguir ajuda com sucesso já se espalhava pelo teatro.Ela não conseguia engolir esse orgulho e só podia procurar o chefe para fazer um escândalo.O chefe a acalmava com palavras, mas logo chamou Flávia e também convidou a Srta. Raíssa.Mariane, ainda sem remover a maquiagem, entrou no escritório com passos elegantes e apertou a mão do chefe educadamente.A beleza da mulher era tão extraordinária que o chefe, ao comparar ela várias vezes com Sabrina, teve inúmeras ideias.Sabrina, claro, percebeu o que o chefe estava pensando e ficou ainda mais invejosa da beleza de Mariane.- À tarde, eu estava apenas brincando com a diretora Flávia e ela deu meu papel para outra pessoa. Se isso se espalhar, como vou continuar nessa indústria? Chefe, você tem que me defender!Sabrina chorava con