Disserem que pessoas realmente capazes conseguem se reerguer, não importava quão adversas sejam as circunstâncias.Lúcia estava lendo as notícias de entretenimento quando viu uma matéria sobre Sílvio. Na foto, ele vestia um impecável terno preto, e, ao seu lado, uma atriz famosa parecia bem próxima, lançando olhares provocantes para ele.Aquilo deixou o coração de Lúcia apertado, como se algo estivesse preso em sua garganta.Enquanto processava o incômodo, uma mensagem de WhatsApp de Sílvio apareceu na tela. Ela pegou o celular, ainda com o semblante fechado, e leu:[Não leia essas notícias de entretenimento, são todas falsas. Essa atriz está em alta e foi escolhida como embaixadora da nossa marca. Mas eu sabia que você ia ficar com ciúmes, então já rescindi o contrato com ela.] Ao terminar a leitura, o humor de Lúcia melhorou um pouco. Aquela atriz era uma das suas favoritas, alguém que ela admirava pelo espírito resiliente e pela determinação. Mas foi um choque perceber que a mulher
A jovem sorriu de forma misteriosa, como se quisesse criar suspense:— Quando terminarmos o almoço, eu te conto. Estou no Grupo Araújo, não vou desaparecer, Sr. Basílio. Não precisa ter pressa.Basílio já tinha visto muitas tentativas de aproximação. Ele sabia como funcionava o jogo de sedução, mas nunca tinha encontrado alguém tão direta e ousada como ela.Ele levantou-se devagar, estreitando os olhos enquanto dava passos em direção à garota. Ela recuou instintivamente. Ele avançou. Passo a passo, até que ela se viu encurralada contra a borda da mesa.Com uma das mãos, Basílio apoiou-se sobre a mesa, bloqueando qualquer possibilidade de fuga. O rosto dele estava agora perigosamente próximo do dela.Era um rosto que ela já tinha visto tantas vezes em seus sonhos, mas agora ele estava ali, bem na sua frente, real demais para ser ignorado. A situação a deixou momentaneamente desnorteada.Ela engoliu em seco, tentando disfarçar o nervosismo. Seu coração batia como se quisesse sair do peit
— Não tenho pressa. Quero que ele me ame pelo que sou, não pelo meu status ou pelo que eu tenho. — A jovem disse, enquanto almoçava e respondia à mensagem.Era um almoço simples, talvez até modesto, comparado ao que ela estava acostumada. Mas, naquele dia, o sabor parecia diferente, especial.A noite caiu lentamente.Lúcia não fazia ideia das intenções de Sílvio. Queria evitar ir até lá, mas a curiosidade a consumia. Não conseguiu resistir e acabou pegando o carro, dirigindo até o apartamento dele.Os saltos altos de Lúcia ecoavam no piso da escada em caracol. Seus passos eram firmes, mas o som parecia bater diretamente em seu coração. As lembranças daquele lugar não eram nada agradáveis. Foi ali, naquele apartamento, que ela, com câncer de fígado em estágio terminal, havia sido obrigada a trabalhar como empregada. Foi ali que a forçaram a tomar remédios. Ali, ela dividiu a cama com Sílvio, servindo de entretenimento para ele.Naquele tempo, ela achava que já tinha enterrado essas memó
Sílvio ergueu a taça de vinho tinto, esperando brindar com ela. Lúcia também levantou a sua, batendo levemente contra a dele, mas respondeu com uma falsa indiferença:— Mais ou menos.— Então, eu continuo tentando melhorar.Se fosse no passado, uma resposta dessas o teria tirado do sério. Mas agora, Sílvio parecia outro homem. Ele havia aprendido a controlar suas emoções e, mais importante, a refletir sobre si mesmo.A brisa da noite era fresca, e o céu estava salpicado de estrelas.Eles puxaram duas cadeiras para a varanda. Lá, beberam vinho enquanto contemplavam as estrelas.O vento brincava com os cabelos de Lúcia, e Sílvio, por um momento, se perdeu naquele movimento.Lúcia ajeitou o fino xale sobre os ombros, sentindo o frio aumentar, e decidiu que era hora de entrar. Mas, antes que pudesse dar o primeiro passo, ouviu um som abafado atrás de si.Ela se virou.Sílvio estava ajoelhado em um dos joelhos, encarando-a com um olhar intenso e apaixonado. Em sua mão, segurava uma pequena
A luz suave da lua envolvia Lúcia, iluminando-a como uma pintura. Do lado de fora, os arbustos no jardim balançavam silenciosamente ao ritmo da brisa leve.Era raro ver Lúcia com os cabelos soltos. Seus fios negros, como seda, dançavam ao vento, espalhando-se em todas as direções.Sílvio a soltou por um instante, apenas para pressioná-la contra a porta de vidro da varanda.O vidro frio encostava em suas costas. Ele segurou delicadamente o queixo dela com os dedos firmes e bem definidos. Seus lábios encontraram os dela em um beijo certeiro, que começou suave e foi se intensificando. As respirações de ambos ficaram entrecortadas, como se o ar fosse insuficiente, como se quisessem se fundir para sempre naquele momento.Lúcia sentiu-se tonta, não sabia se era pelo vinho que havia bebido ou pelos beijos profundos de Sílvio. Seu corpo cedeu e suavemente tombou nos braços dele.Sentindo-se encorajado, Sílvio sorriu, radiante, envolvendo-a em um abraço protetor. Sem hesitar, ele a carregou da
Sílvio se aproximou dela, inclinando-se como se fosse pegá-la no colo. Lúcia lançou-lhe um olhar de advertência:— Nem pense nisso.— Nem movi um dedo. Só ia te carregar para tomar banho. Ou você ainda tem forças para ir sozinha?A verdade é que ela não tinha. A intensidade dos momentos anteriores a deixara completamente exausta.Sílvio curvou os lábios num sorriso satisfeito e, sem pedir mais permissão, abaixou-se e a pegou nos braços com firmeza. Caminhou a passos rápidos até o banheiro. Lá, abriu a torneira da banheira, deixando a água correr enquanto testava a temperatura com a mão. Quando achou que estava ideal, começou a cuidar dela.O olhar dele era quente, intenso. E nada sutil.Sob o escrutínio de Sílvio, Lúcia sentiu o rosto queimar. Não era a primeira vez que estavam juntos desse jeito, mas a sensação de estar tão vulnerável, tão próxima dele, ainda a deixava desconfortável. Nervosa. Suas mãos começavam a suar, seu coração batia descompassado.Talvez fosse isso que significa
Depois do almoço, Lúcia insistiu que precisava ir à empresa. Havia uma reunião importante que ela não podia adiar.Sílvio, contra sua vontade, acabou cedendo. Enquanto ela se arrumava no andar de cima, ele desceu, acendeu um cigarro e, em seguida, estacionou o carro na porta da casa, esperando por ela.Meia hora depois, através do vidro do carro, ele finalmente a viu descendo as escadas. Lúcia estava usando um elegante terno de alfaiataria, com cortes simples, mas que realçavam sua postura decidida e sua elegância natural. Nos pés, saltos altos, e em uma das mãos, uma bolsa Hermès impecável.O cabelo estava preso em um coque baixo, e as orelhas exibiam pequenos brincos de esmeralda que brilhavam com a luz do sol. Ela parecia a personificação de uma CEO poderosa. Mas Sílvio sabia que, por trás dessa fachada profissional, ainda estava a mesma Lúcia de sempre: sensível, gentil e leal.Ele saiu do carro, caminhou até o lado do passageiro e abriu a porta para ela. Lúcia ajeitou a barra do b
Parabéns, felicidades.Lúcia não sentia absolutamente nada de alegria. Estava atordoada, confusa. Grávida.Ela e Sílvio já estavam divorciados. E agora, depois de uma noite casual, surge uma criança? Um filho ilegítimo, desses que ninguém quer expor? Sua relação com Sílvio era um enigma, e esse bebê... bem, ele definitivamente não vinha na melhor hora.— Eu não pretendo ter esse filho. — Disse Lúcia, com um tom decidido.Bruno, sério, respondeu:— Srta. Lúcia, eu sugiro que pense melhor. Seu corpo está muito debilitado, e um aborto pode dificultar significativamente que você engravide no futuro. Uma criança pode ser uma ótima companhia para você, trazer alegria. Por que não dar uma chance? Tenho certeza de que o Sr. Sílvio ficaria feliz ao saber. Ele sempre sonhou em ter um filho com você, algo só de vocês dois.No caminho de volta para casa, Lúcia estava mergulhada em pensamentos.Na rua, viu uma mãe solteira atravessando a faixa de pedestres com uma menininha. A menina usava um vesti