Depois do almoço, Lúcia insistiu que precisava ir à empresa. Havia uma reunião importante que ela não podia adiar.Sílvio, contra sua vontade, acabou cedendo. Enquanto ela se arrumava no andar de cima, ele desceu, acendeu um cigarro e, em seguida, estacionou o carro na porta da casa, esperando por ela.Meia hora depois, através do vidro do carro, ele finalmente a viu descendo as escadas. Lúcia estava usando um elegante terno de alfaiataria, com cortes simples, mas que realçavam sua postura decidida e sua elegância natural. Nos pés, saltos altos, e em uma das mãos, uma bolsa Hermès impecável.O cabelo estava preso em um coque baixo, e as orelhas exibiam pequenos brincos de esmeralda que brilhavam com a luz do sol. Ela parecia a personificação de uma CEO poderosa. Mas Sílvio sabia que, por trás dessa fachada profissional, ainda estava a mesma Lúcia de sempre: sensível, gentil e leal.Ele saiu do carro, caminhou até o lado do passageiro e abriu a porta para ela. Lúcia ajeitou a barra do b
Parabéns, felicidades.Lúcia não sentia absolutamente nada de alegria. Estava atordoada, confusa. Grávida.Ela e Sílvio já estavam divorciados. E agora, depois de uma noite casual, surge uma criança? Um filho ilegítimo, desses que ninguém quer expor? Sua relação com Sílvio era um enigma, e esse bebê... bem, ele definitivamente não vinha na melhor hora.— Eu não pretendo ter esse filho. — Disse Lúcia, com um tom decidido.Bruno, sério, respondeu:— Srta. Lúcia, eu sugiro que pense melhor. Seu corpo está muito debilitado, e um aborto pode dificultar significativamente que você engravide no futuro. Uma criança pode ser uma ótima companhia para você, trazer alegria. Por que não dar uma chance? Tenho certeza de que o Sr. Sílvio ficaria feliz ao saber. Ele sempre sonhou em ter um filho com você, algo só de vocês dois.No caminho de volta para casa, Lúcia estava mergulhada em pensamentos.Na rua, viu uma mãe solteira atravessando a faixa de pedestres com uma menininha. A menina usava um vesti
— Grávida?Ela viu a expressão dele mudar visivelmente.O coração de Lúcia deu um salto, e uma sensação ruim a invadiu. Achando que ele talvez não acreditasse, pegou a ultrassonografia de dentro da bolsa e a entregou para ele:— Olha, este é o resultado do exame de hoje.Sílvio pegou o papel e o analisou com o olhar fixo, mas logo murmurou:— Que azar, hein.Aquela frase fez o coração de Lúcia, que ainda há pouco estava se enchendo de esperança, despencar no abismo. Por que ele reagia assim? Ele não queria reatar com ela? Não devia estar feliz, não devia abraçá-la e beijá-la?Era o filho deles! Um filho que deveria unir os dois novamente. Mas, afinal, a gravidez revelou muito mais do que ela esperava.Engolindo a sensação amarga que subia pela garganta, ela respondeu com um tom seco:— Pois é, que azar, né? Foi uma única vez e deu nisso. Então, Sílvio, o que você vai fazer agora?Ele permaneceu em silêncio, sem dizer nada. Lúcia insistiu, teimosa, tentando arrancar alguma resposta dele
— Ter o bebê? Casar?Os olhos de Lúcia estavam vermelhos, e as lágrimas presas em seus cílios pareciam ter esquecido de cair.Sílvio assentiu com firmeza:— Sim, casar. Lúcia, deixa eu me mudar para cá, para cuidar de você e do bebê. Precisamos organizar as fotos do casamento e preparar a cerimônia o quanto antes. Depois que a barriga crescer, vai ser mais complicado. Antes, sem o bebê, eu até podia esperar você decidir se queria ou não se casar comigo. Mas agora, Lúcia, temos que pensar no nosso filho. Ele precisa de um pai presente, de uma família completa.Ele respirou fundo, aproximando o rosto ainda mais do dela:— Casa comigo, Lúcia.O nariz alto e reto dele tocava a ponta arrebitada do dela. Lúcia sentiu algo quente crescer dentro de si. Ela tinha esperado tanto por essas palavras. Mas, ao mesmo tempo, não conseguia esquecer o quanto ele a irritara antes, com aquela hesitação inicial.— Casa comigo, Lúcia? — Repetiu ele, antes de depositar um beijo suave em seus lábios.Ela viro
Lúcia não gostava de calor, muito menos de uma cerimônia de casamento em dias abafados. Por isso, todos os preparativos foram adiantados. Sílvio, por sua vez, estava completamente comprometido. Ele deixou de lado os compromissos da empresa para acompanhá-la em uma viagem ao exterior, onde fariam as fotos do casamento.Dessa vez, Lúcia notou que Sílvio estava diferente. Quando tinham feito as fotos do casamento anterior, ele parecia distante, quase indiferente. Ficara com uma expressão fechada o tempo todo, e quando o fotógrafo pediu um sorriso, Sílvio respondeu friamente:— Eu não sou de sorrir.Dizem que, quando alguém ama de verdade, isso transparece. E agora, nas ruas de uma cidade estrangeira, ele parecia um general vitorioso, voltando de uma batalha, tão animado que a levantou do chão em um gesto carinhoso, enquanto o fotógrafo aproveitava para registrar o momento.A sessão de fotos foi um sucesso. Quando o fotógrafo mostrou as imagens a Lúcia, Sílvio a abraçou pela cintura e olho
Uma mulher feliz é assim: radiante, iluminada de dentro para fora.Basílio tomou um pequeno gole do café, mantendo a postura contida de sempre:— O mesmo de sempre. Nem bom, nem ruim. Então, Srta. Lúcia, o que devo à honra de sua ligação?Lúcia abriu a bolsa, pegou um envelope decorado e o empurrou suavemente em direção a ele:— Não esqueça de estar presente na próxima quarta-feira.Basílio olhou para o convite como se ele tivesse um brilho ofuscante. Seu coração deu um salto e, por um segundo, ele pareceu entender o que estava por vir. Mas, por teimosia ou esperança, decidiu não antecipar as conclusões.Com os dedos levemente trêmulos, abriu o convite. Lá estava uma foto de Lúcia e Sílvio, lado a lado, em perfeita harmonia. O sorriso de Lúcia na foto era tão sincero e cheio de felicidade que Basílio percebeu, com uma pontada no peito, que nunca a tinha visto tão radiante.Na parte inferior do convite, estavam os detalhes da cerimônia e do local da recepção.Por dentro, Basílio sentiu
— Lúcia é a minha vida. Eu não a amo menos do que você. Confie em mim, eu vou cuidar dela. Agora, você já não é tão jovem assim, hein? Arrume uma companheira, ficar sozinho não tem graça. — Sílvio deu um tapinha no ombro de Basílio, jogou o cigarro no chão e o apagou com o pé.Basílio terminou o próprio cigarro e subiu logo em seguida. Foi ajudar a decorar o quarto de casamento: pendurou balões, ajeitou bonecos festivos e trabalhou com entusiasmo nos preparativos para o grande dia. A correria só terminou por volta da meia-noite, mas às seis da manhã ele já estava de pé novamente, organizando a recepção dos convidados. Vestido com um elegante terno preto, Basílio se destacava no quarto decorado, segurando uma câmera para registrar os bastidores.O casamento era uma verdadeira festa. Através da lente da câmera, Basílio captava o fervor do momento, o vermelho predominando em todos os lugares. Lúcia estava sentada na cama, vestida de noiva. Sílvio, incentivado pelas brincadeiras de Leop
Ao pensar em Basílio, Lúcia não conseguia evitar o aperto no peito. Ele era um verdadeiro cavalheiro, um homem bom como poucos. Lembrou-se do dia em que, sob uma nevasca implacável, ela havia se ajoelhado diante do prédio do Grupo Baptista. Foi ele, em uma de suas missões, quem lhe entregou uma pomada para aliviar sua dor. Quando Olga tentou atropelá-la, foi Basílio quem chegou a tempo de salvá-la. Durante o transplante de fígado, foi ele quem encontrou Daulo para ajudá-la. Por dez anos, ele a protegeu em silêncio. Dez anos... Quantas décadas dessas a vida pode oferecer a alguém? Lúcia sabia que nunca conseguiria retribuir a profundidade desse sentimento. Ele sempre dizia que o que sentia por ela não era amor. Mas Lúcia não era ingênua. Sabia que ele dizia isso de propósito, para empurrá-la de volta para Sílvio, para ajudá-los a se reconciliarem. O nariz de Lúcia ficou apertado, e os olhos começaram a se encher de lágrimas. Ela já havia chorado tantas vezes, mas, dessa vez, era dif