— Não tenho pressa. Quero que ele me ame pelo que sou, não pelo meu status ou pelo que eu tenho. — A jovem disse, enquanto almoçava e respondia à mensagem.Era um almoço simples, talvez até modesto, comparado ao que ela estava acostumada. Mas, naquele dia, o sabor parecia diferente, especial.A noite caiu lentamente.Lúcia não fazia ideia das intenções de Sílvio. Queria evitar ir até lá, mas a curiosidade a consumia. Não conseguiu resistir e acabou pegando o carro, dirigindo até o apartamento dele.Os saltos altos de Lúcia ecoavam no piso da escada em caracol. Seus passos eram firmes, mas o som parecia bater diretamente em seu coração. As lembranças daquele lugar não eram nada agradáveis. Foi ali, naquele apartamento, que ela, com câncer de fígado em estágio terminal, havia sido obrigada a trabalhar como empregada. Foi ali que a forçaram a tomar remédios. Ali, ela dividiu a cama com Sílvio, servindo de entretenimento para ele.Naquele tempo, ela achava que já tinha enterrado essas memó
Sílvio ergueu a taça de vinho tinto, esperando brindar com ela. Lúcia também levantou a sua, batendo levemente contra a dele, mas respondeu com uma falsa indiferença:— Mais ou menos.— Então, eu continuo tentando melhorar.Se fosse no passado, uma resposta dessas o teria tirado do sério. Mas agora, Sílvio parecia outro homem. Ele havia aprendido a controlar suas emoções e, mais importante, a refletir sobre si mesmo.A brisa da noite era fresca, e o céu estava salpicado de estrelas.Eles puxaram duas cadeiras para a varanda. Lá, beberam vinho enquanto contemplavam as estrelas.O vento brincava com os cabelos de Lúcia, e Sílvio, por um momento, se perdeu naquele movimento.Lúcia ajeitou o fino xale sobre os ombros, sentindo o frio aumentar, e decidiu que era hora de entrar. Mas, antes que pudesse dar o primeiro passo, ouviu um som abafado atrás de si.Ela se virou.Sílvio estava ajoelhado em um dos joelhos, encarando-a com um olhar intenso e apaixonado. Em sua mão, segurava uma pequena
A luz suave da lua envolvia Lúcia, iluminando-a como uma pintura. Do lado de fora, os arbustos no jardim balançavam silenciosamente ao ritmo da brisa leve.Era raro ver Lúcia com os cabelos soltos. Seus fios negros, como seda, dançavam ao vento, espalhando-se em todas as direções.Sílvio a soltou por um instante, apenas para pressioná-la contra a porta de vidro da varanda.O vidro frio encostava em suas costas. Ele segurou delicadamente o queixo dela com os dedos firmes e bem definidos. Seus lábios encontraram os dela em um beijo certeiro, que começou suave e foi se intensificando. As respirações de ambos ficaram entrecortadas, como se o ar fosse insuficiente, como se quisessem se fundir para sempre naquele momento.Lúcia sentiu-se tonta, não sabia se era pelo vinho que havia bebido ou pelos beijos profundos de Sílvio. Seu corpo cedeu e suavemente tombou nos braços dele.Sentindo-se encorajado, Sílvio sorriu, radiante, envolvendo-a em um abraço protetor. Sem hesitar, ele a carregou da
Sílvio se aproximou dela, inclinando-se como se fosse pegá-la no colo. Lúcia lançou-lhe um olhar de advertência:— Nem pense nisso.— Nem movi um dedo. Só ia te carregar para tomar banho. Ou você ainda tem forças para ir sozinha?A verdade é que ela não tinha. A intensidade dos momentos anteriores a deixara completamente exausta.Sílvio curvou os lábios num sorriso satisfeito e, sem pedir mais permissão, abaixou-se e a pegou nos braços com firmeza. Caminhou a passos rápidos até o banheiro. Lá, abriu a torneira da banheira, deixando a água correr enquanto testava a temperatura com a mão. Quando achou que estava ideal, começou a cuidar dela.O olhar dele era quente, intenso. E nada sutil.Sob o escrutínio de Sílvio, Lúcia sentiu o rosto queimar. Não era a primeira vez que estavam juntos desse jeito, mas a sensação de estar tão vulnerável, tão próxima dele, ainda a deixava desconfortável. Nervosa. Suas mãos começavam a suar, seu coração batia descompassado.Talvez fosse isso que significa
Depois do almoço, Lúcia insistiu que precisava ir à empresa. Havia uma reunião importante que ela não podia adiar.Sílvio, contra sua vontade, acabou cedendo. Enquanto ela se arrumava no andar de cima, ele desceu, acendeu um cigarro e, em seguida, estacionou o carro na porta da casa, esperando por ela.Meia hora depois, através do vidro do carro, ele finalmente a viu descendo as escadas. Lúcia estava usando um elegante terno de alfaiataria, com cortes simples, mas que realçavam sua postura decidida e sua elegância natural. Nos pés, saltos altos, e em uma das mãos, uma bolsa Hermès impecável.O cabelo estava preso em um coque baixo, e as orelhas exibiam pequenos brincos de esmeralda que brilhavam com a luz do sol. Ela parecia a personificação de uma CEO poderosa. Mas Sílvio sabia que, por trás dessa fachada profissional, ainda estava a mesma Lúcia de sempre: sensível, gentil e leal.Ele saiu do carro, caminhou até o lado do passageiro e abriu a porta para ela. Lúcia ajeitou a barra do b
Parabéns, felicidades.Lúcia não sentia absolutamente nada de alegria. Estava atordoada, confusa. Grávida.Ela e Sílvio já estavam divorciados. E agora, depois de uma noite casual, surge uma criança? Um filho ilegítimo, desses que ninguém quer expor? Sua relação com Sílvio era um enigma, e esse bebê... bem, ele definitivamente não vinha na melhor hora.— Eu não pretendo ter esse filho. — Disse Lúcia, com um tom decidido.Bruno, sério, respondeu:— Srta. Lúcia, eu sugiro que pense melhor. Seu corpo está muito debilitado, e um aborto pode dificultar significativamente que você engravide no futuro. Uma criança pode ser uma ótima companhia para você, trazer alegria. Por que não dar uma chance? Tenho certeza de que o Sr. Sílvio ficaria feliz ao saber. Ele sempre sonhou em ter um filho com você, algo só de vocês dois.No caminho de volta para casa, Lúcia estava mergulhada em pensamentos.Na rua, viu uma mãe solteira atravessando a faixa de pedestres com uma menininha. A menina usava um vesti
— Grávida?Ela viu a expressão dele mudar visivelmente.O coração de Lúcia deu um salto, e uma sensação ruim a invadiu. Achando que ele talvez não acreditasse, pegou a ultrassonografia de dentro da bolsa e a entregou para ele:— Olha, este é o resultado do exame de hoje.Sílvio pegou o papel e o analisou com o olhar fixo, mas logo murmurou:— Que azar, hein.Aquela frase fez o coração de Lúcia, que ainda há pouco estava se enchendo de esperança, despencar no abismo. Por que ele reagia assim? Ele não queria reatar com ela? Não devia estar feliz, não devia abraçá-la e beijá-la?Era o filho deles! Um filho que deveria unir os dois novamente. Mas, afinal, a gravidez revelou muito mais do que ela esperava.Engolindo a sensação amarga que subia pela garganta, ela respondeu com um tom seco:— Pois é, que azar, né? Foi uma única vez e deu nisso. Então, Sílvio, o que você vai fazer agora?Ele permaneceu em silêncio, sem dizer nada. Lúcia insistiu, teimosa, tentando arrancar alguma resposta dele
— Ter o bebê? Casar?Os olhos de Lúcia estavam vermelhos, e as lágrimas presas em seus cílios pareciam ter esquecido de cair.Sílvio assentiu com firmeza:— Sim, casar. Lúcia, deixa eu me mudar para cá, para cuidar de você e do bebê. Precisamos organizar as fotos do casamento e preparar a cerimônia o quanto antes. Depois que a barriga crescer, vai ser mais complicado. Antes, sem o bebê, eu até podia esperar você decidir se queria ou não se casar comigo. Mas agora, Lúcia, temos que pensar no nosso filho. Ele precisa de um pai presente, de uma família completa.Ele respirou fundo, aproximando o rosto ainda mais do dela:— Casa comigo, Lúcia.O nariz alto e reto dele tocava a ponta arrebitada do dela. Lúcia sentiu algo quente crescer dentro de si. Ela tinha esperado tanto por essas palavras. Mas, ao mesmo tempo, não conseguia esquecer o quanto ele a irritara antes, com aquela hesitação inicial.— Casa comigo, Lúcia? — Repetiu ele, antes de depositar um beijo suave em seus lábios.Ela viro