— Sílvio...Uma voz feminina ecoou de dentro do carro.Lúcia franziu o cenho. Aquela voz... era estranhamente familiar. Tão parecida com a dela própria que, se não estivesse ali, poderia jurar que era sua própria voz ressoando. Intrigada, ela acompanhou com o olhar Sílvio, que, com uma expressão serena, voltou sua atenção para o Rolls-Royce Cullinan parado ali perto.A neve caía sem trégua, borrando a visão de Lúcia. Sob o véu branco que cobria tudo ao redor, uma jovem de casaco branco desceu lentamente do carro. Seus cabelos longos e negros caíam em cascata sobre os ombros, destacando-se contra o cenário gélido.Sílvio estendeu a mão para a garota, que, com um gesto tímido, colocou sua mão pequena na dele. Ela tossiu levemente, e, sem hesitar, Sílvio tirou o pesado sobretudo negro que usava e o colocou gentilmente sobre os ombros dela.Lúcia ficou atônita. Como aquilo era possível? Em apenas um mês, Sílvio havia... esquecido dela? Encontrado outra mulher? Não, aquilo não fazia sentido
Sílvio empurrou Lúcia com força. Ela não conseguiu se manter de pé e caiu desajeitadamente na neve. A pulseira que usava também caiu junto, batendo pesadamente no chão.— Não me importa quem você é, mas, se ousar fingir ser minha esposa novamente, você vai se arrepender! — Sílvio disse friamente, permanecendo parado, olhando-a de cima com desprezo. Um sorriso irônico apareceu no canto de seus lábios.Aquele Sílvio era alguém que ela nunca havia visto antes.Sílvio virou-se, pronto para entrar na Mansão Baptista com aquela garota. Aquela era a casa de Lúcia! Como ele podia levar outra mulher para sua casa? Ela não permitiria isso!Lúcia levantou-se do chão, bloqueando o caminho de Sílvio e da garota:— Sílvio, com que direito você a leva para dentro? Eu ainda estou viva, e você já quer trazer outra mulher para casa? Você já pensou no que eu sentiria?— Pelo simples fato de que ela é a herdeira da família Baptista! — Sílvio respondeu com firmeza.Lúcia riu de incredulidade, a neve caindo
O coração de Lúcia estava apertado. Sob a luz amarelada dos postes, ela viu uma sombra longa, muito longa, que se projetava no chão. A sombra parecia a de Sílvio. As duas sombras, a dela e a dele, se sobrepunham, como se estivessem ligadas. Ele não continuou andando para frente.— Não adianta tentar me convencer. Não importa o que você diga, desta vez não vou te perdoar. Vá embora. Eu não quero te ver. — Lúcia ainda estava com raiva, sua voz carregada de ressentimento.A sombra permanecia ao alcance de sua visão, imóvel. Não avançava, nem recuava. Isso só a irritava ainda mais.— Ei, eu disse que não quero que você me convença, mas você levou isso a sério, é? Não sabe interpretar o que eu digo? Não entende que “não” de uma mulher muitas vezes significa “sim”? Que “não quero que você me convença” quer dizer exatamente o oposto? Sílvio, você é um idiota? Não está vendo que estou sentada aqui, no meio da neve, congelando? E você ainda não veio me levantar? — Disse Lúcia.Era patético, um
— Foi o Sílvio que mandou você me dizer isso? Então peça para ele vir aqui e me dizer pessoalmente. — Os olhos de Lúcia ficaram ainda mais vermelhos. Ela segurava o choro, apertando os lábios e rangendo os dentes.Leopoldo olhou para ela, achando sua insistência completamente sem sentido:— Você acha que tem alguma moral para exigir ver o Sr. Sílvio? Não está exagerando? Pegue o dinheiro e vá embora. Não me force a ser mais direto.— Vou repetir mais uma vez: eu sou a verdadeira Lúcia! Eu sou a Sra. Lúcia da família Baptista! O que eu preciso fazer para vocês acreditarem em mim? — Lúcia piscava repetidamente, tentando afastar as lágrimas que ardiam em seus olhos, enquanto sua voz ficava mais trêmula e cheia de desespero.Leopoldo continuava sem acreditar. Seu rosto permanecia frio e inabalável.Tomada pela raiva, Lúcia arrancou o dinheiro das mãos dele e o jogou diretamente em sua cara:— Diga a ele que eu não preciso disso. Esse dinheiro não me interessa.Sem esperar qualquer resposta
— Foi o Sílvio que mandou você me dizer isso? Então peça para ele vir aqui e me dizer pessoalmente. — Os olhos de Lúcia ficaram ainda mais vermelhos. Ela segurava o choro, apertando os lábios e rangendo os dentes.Leopoldo olhou para ela, achando sua insistência completamente sem sentido:— Você acha que tem alguma moral para exigir ver o Sr. Sílvio? Não está exagerando? Pegue o dinheiro e vá embora. Não me force a ser mais direto.— Vou repetir mais uma vez: eu sou a verdadeira Lúcia! Eu sou a Sra. Lúcia da família Baptista! O que eu preciso fazer para vocês acreditarem em mim? — Lúcia piscava repetidamente, tentando afastar as lágrimas que ardiam em seus olhos, enquanto sua voz ficava mais trêmula e cheia de desespero.Leopoldo continuava sem acreditar. Seu rosto permanecia frio e inabalável.Tomada pela raiva, Lúcia arrancou o dinheiro das mãos dele e o jogou diretamente em sua cara:— Diga a ele que eu não preciso disso. Esse dinheiro não me interessa.Sem esperar qualquer resposta
A garota mordeu os lábios, o olhar carregado de desapontamento. Ao notar o pulso vazio de Sílvio, franziu as sobrancelhas:— Cadê o relógio que eu te dei?O relógio tinha sido o presente que ela trouxe para ele quando voltou.Sílvio vinha usando o presente nos últimos dias, mas, por dentro, estava tomado por uma inquietação inexplicável. Era como se algo o deixasse à beira de explodir. Mesmo assim, ele sabia que Lúcia se tornara órfã por causa dele. Por ela, Sílvio misturava amor e culpa, um sentimento que o consumia mais do que gostaria de admitir.Reprimindo o incômodo que martelava em sua mente, Sílvio caminhou até a mesa de centro, pegou o relógio que estava ali e voltou para perto da garota. Ela o recebeu com um sorriso suave e, delicadamente, colocou o relógio de volta em seu pulso.— Você é a Lúcia? — Sílvio deixou a pergunta escapar, quase sem perceber. Era uma dúvida absurda, mas que vinha incomodando-o há dias. Algo parecia fora do lugar.Ele viu com clareza o leve tremor na
— Tudo bem, eu faço do seu jeito. — Disse Sílvio, segurando firme o secador antes de ligá-lo novamente para terminar de secar o cabelo dela.Depois de terminar, Sílvio pegou o celular e enviou uma mensagem para Leopoldo:[Parar imediatamente qualquer investigação sobre a Lúcia. Eu escolhi confiar nela. Lúcia jamais me enganaria ou me faria mal.][Certo, Sr. Sílvio.]Enquanto isso... Giovana, trancada no banheiro, digitava rápido no celular para Arthur:[A desgraçada da Lúcia ainda está viva. Você precisa dar um jeito de acabar com ela sem deixar rastros. Se ela continuar rondando o Sílvio, uma hora ou outra tudo vai desmoronar.][O relógio que o Sílvio tá usando é aquele, né?] Respondeu Arthur.[É sim.][Então relaxa. Eu coloquei no relógio um composto especial, algo que vai deixar ele completamente vulnerável. Em breve, ele vai estar nas suas mãos, Giovana, sem qualquer resistência. Aproveita essa culpa que ele sente por você e casa logo com ele. Depois do casamento, você pode assumir
Lúcia não conseguiu dizer a palavra de recusa. Ficou apenas olhando para o homem à sua frente, separados pela neve que caía incessantemente. Os flocos pousavam discretamente em seus cabelos, nas longas e levemente curvadas pestanas, na linha bem definida do nariz e nos lábios finos.— Lúcia, eu já entendi mais ou menos a sua situação. — Começou Basílio, com a voz firme, mas sem pressa. — Você sabe muito bem qual é a postura do Sílvio agora. Ele não vai acreditar no que você falar. Pelo que eu soube, seus pais já se foram, e você está sozinha no mundo. Se continuar recusando ajuda só pra evitar que o Sílvio te entenda mal, vai acabar sendo um alvo fácil pra essa mulher que se passa por Lúcia. Ela com certeza não vai deixar você em paz.Lúcia mordeu os lábios, visivelmente hesitante:— Se fosse eu no seu lugar, procuraria alguém de confiança pra me ajudar e me dar abrigo, pelo menos até conseguir resolver as coisas. Se você for pega ou, pior, se algo acontecer com você, como vai lutar pr