Lúcia piscou os olhos secos e logo se lembrou de quando levou comida para ele no hospital.Mas ele estava no quarto de Giovana, cuidando dela. Giovana, com os olhos cheios de admiração, perguntou:— Sílvio, e se eu pedisse para você se casar comigo? E se eu quisesse que você cumprisse sua promessa e me fizesse sua esposa? Você aceitaria?Ela envolveu o pescoço dele com os braços e o beijou nos lábios sem hesitar.Lúcia viu claramente que ele não afastou Giovana!Lembrou-se também do Natal, quando ela e a mãe voltavam da padaria com bolos para o pai e o encontraram pendurado na sacada. Sílvio segurava a mão dele, como se estivessem travando uma espécie de disputa.Ela chamou por Sílvio, e assim que ele a viu, soltou a mão de seu pai. O corpo de seu pai despencou para o vazio!Ele não precisava ter morrido. Poderia ter vivido o resto de seus dias em paz!Sílvio era um assassino. Um assassino cruel e sem coração!Lúcia ainda se lembrava de sua mãe, que, no caminho de volta do funeral do p
A saúde de Sílvio sempre fora robusta, ele não teria problemas graves.Provavelmente, o motivo do sangue no nariz era o excesso de trabalho nos últimos dias, somado às situações estressantes que enfrentara. Além disso, ele não vinha se alimentando direito e o clima seco do inverno só piorava as coisas.Sílvio puxou um lenço de papel do porta-luvas e limpou o sangue da palma da mão. Sua irritação só aumentava.Lembrou-se de que tinha comprado comida japonesa para jantar com Lúcia. Mas, ao entrar na mansão, a encontrou deitada no tapete, com uma expressão de quem havia perdido toda a esperança na vida.Foi a raiva que o cegou e o fez esquecer o motivo real de sua visita: vê-la e entregar o jantar.Sílvio abriu a janela do carro e o vento frio entrou, batendo em seu rosto. A cabeça quente começou a esfriar aos poucos.Ele pegou uma caixa de cigarros, bateu para soltar um, colocou-o entre os lábios e o acendeu com um isqueiro. Tragou profundamente, enquanto o vento fazia a ponta do cigarro
Então, quando Marina encontrou outra desculpa, Lúcia ficou mais receptiva.Lúcia deu uma olhada no cesto de legumes que a outra carregava. Havia pepinos verdes e brilhantes, tomates vermelhos e suculentos, além de brócolis frescos.Marina ainda trazia uma galinha viva, que cacarejava alto, com os olhos vivos, se mexendo sem parar.— Essa é uma galinha caipira lá de casa. Vai ser ótima pra sua alimentação durante a gravidez, vai te dar muita força. — Disse Marina, sorrindo.Ao ouvir a palavra "gravidez", as sobrancelhas de Lúcia se franziram.Se Marina não tivesse mencionado, ela quase teria esquecido que ainda carregava uma criança deformada em seu ventre.Lúcia não queria ouvir mais nada sobre gravidez, mas sabia que não devia descontar sua frustração em quem não tinha culpa. Afinal, Marina sempre a tratou bem.— Obrigada. — Foi o que ela conseguiu dizer, depois de pensar por alguns instantes.Marina continuou:— Sra. Lúcia, eu estava pensando... Gostaria de ficar aqui por um tempo, f
Marina viu que a porta do escritório estava fechada. Estava preocupada com Lúcia, que não queria comer. Ela era uma mulher grávida, e se ficasse sem se alimentar, as consequências poderiam ser graves. Marina sabia que não poderia arcar com esse tipo de responsabilidade.Enquanto ela ponderava sobre o que fazer, o celular tocou.Ao ver que era Leopoldo, seu semblante escureceu. Rapidamente, ela desceu as escadas e foi para seu quarto de hóspedes. Só depois de fechar a porta, atendeu à chamada.Leopoldo era direto, sem rodeios.— Como está a Sra. Lúcia?Marina hesitou. Deveria contar a ele o que estava acontecendo com Lúcia? Se falasse, estaria efetivamente se tornando um espiã de Lúcia. Ela não queria traí-la.— Marina. — A voz de Leopoldo ficou mais firme. — O Sr. Sílvio te mandou aí para cuidar da Sra. Lúcia. Ela está grávida do nosso chefe. Se algo acontecer com o bebê, você acha que vai conseguir lidar com as consequências? Ele deu uma pausa, antes de pressioná-la ainda mais. — Vo
Abelardo sorriu, afagando os cabelos da filha.— Posso conversar, mas só por cinco minutos.— Pai, dinheiro não é tudo na vida. Se você ficar doente de tanto trabalhar, de que adianta todo esse esforço? A saúde é o mais importante.— Lúcia, seu pai já está velho. Eu te tive tarde. — Ele disse, suspirando.A menina olhou para ele, sem entender.— E o que isso tem de mais?— Significa que o tempo passa mais rápido para mim do que para você. Eu preciso garantir que você e sua mãe tenham uma vida boa. Dinheiro não compra tudo, mas, sem ele, as dificuldades da vida podem ser implacáveis. Quero que você e sua mãe vivam felizes, sem preocupações.— Pai, eu não entendo o que você está dizendo.— Não precisa entender, Lúcia. O que importa é que eu e sua mãe amamos você mais do que qualquer coisa no mundo. Nunca faríamos algo que pudesse te machucar.— Eu também amo você e a mamãe! — A pequena Lúcia sorriu, e, de repente, deu um beijo estalado na bochecha de Abelardo.Aquele beijo derreteu o cor
Do outro lado da linha, a voz de Sílvio soou grave e firme:— Sim, fui eu.— Que sinceridade... — Lúcia respondeu, irritada.Ele riu do outro lado:— Fui eu quem fez isso. Por que eu não admitiria?— E por que você não admite que matou alguém? Está com medo de ir para a cadeia? — Lúcia apertou o telefone com força, soltando uma risada sarcástica.— Lúcia, eu não matei ninguém! — Ele a interrompeu, em tom de advertência.Lúcia mordeu o lábio, furiosa. Claro que ele jamais admitiria. Como ele confessaria ser culpado de um crime? Que ele era o verdadeiro vilão?Ela não queria continuar discutindo sobre isso, então mudou o assunto:— Com que direito você pegou a carta que meu pai me deixou?— A carta ainda está no cofre. Eu não me interessei em lê-la.— Então devolve! — Lúcia retrucou, com um sorriso frio.Mas ele não respondeu diretamente. Ao invés disso, desviou o assunto:— Você já jantou?Lúcia bufou, impaciente. Sempre voltava para essa questão, como se ele estivesse obcecado com a id
— Afinal, a senhora não é como eu, uma pessoa simples. A senhora é uma dama, esposa de um CEO. Eu sou apenas uma mulher sem importância. — Marina disse, com um leve sorriso triste.As palavras tocaram Lúcia profundamente. Ela sentiu uma súbita onda de calor no coração.— E mais. — Marina continuou. — Se seus pais estivessem te vendo de onde quer que estejam agora, com certeza não gostariam de te ver se maltratando desse jeito. Nenhum pai ou mãe quer ver sua filha querida sofrer. Se eu fosse eles, meu coração estaria em pedaços. Então, por favor, pense neles. Faça isso pelos seus pais... E pelo seu filho. Guardar mágoa não vale a pena, e brincar com a própria saúde é perigoso.Marina fez uma pausa, e depois acrescentou:— E lembre-se, a senhora ainda tem coisas inacabadas para resolver.Essas palavras fizeram Lúcia despertar. Sim, ela ainda tinha assuntos pendentes. Seu pai havia morrido injustamente, sem paz. E o assassino, Sílvio, continuava impune. Ela precisava lutar, encontrar um a
Giovana semicerrava os olhos, quase esquecendo de se esquivar quando os dedos de Dr. Arthur roçaram sua pele. O toque áspero de seus dedos calejados a enojava, mas ela segurou o asco e perguntou:— Que boa notícia?— Quando chegarmos lá, você vai saber. — Ele respondeu com um sorriso enigmático.O carro seguiu até a mansão particular de Dr. Arthur, uma construção imponente, no estilo de um castelo, com mais de mil metros quadrados de área e um grande lago termal natural.Giovana nunca tinha estado ali antes. Ela sempre achou que Dr. Arthur, mesmo trabalhando com Sílvio, não teria feito tanto dinheiro assim. Mas, vendo aquele luxo, percebeu que ele tinha mais do que ela imaginava. No entanto, sua surpresa foi breve. Ela estava mais interessada no que ele tinha a dizer.— E então, qual é a notícia? — Giovana insistiu, tentando arrancar dele a informação.Dr. Arthur apenas sorriu e jogou um biquíni em suas mãos:— Calma, meu bem. Não precisa ter pressa.Em seguida, ele a agarrou pela cint