Ele pegou o café, tomou um gole e, com um sorriso frio, disse: - Vim aqui para tratar de um projeto e, de quebra, ver se você ainda estava viva. Não pense que me importo com você.Uma onda de amargura avassaladora inundou o coração de Lúcia, dificultando sua respiração. Parecia que um martelo golpeava seu coração, fazendo seu corpo tremer de dor.Então, Sílvio havia deixado Giovana para vir aqui por causa de um projeto, por interesse. Não era por preocupação, carinho ou amor.Os cílios de Lúcia tremeram, as lágrimas se acumularam sem cair. A verdadeira tola era ela.Desabafar suas mágoas não adiantava nada. Oferecer seu coração dilacerado em suas mãos só resultaria em mais dor, com Sílvio pisoteando-o sem piedade.- Afinal, você ainda é minha esposa, ao menos no papel. Se você morrer, cuidar do seu corpo será minha responsabilidade.Cuidar do corpo dela era sua responsabilidade. Proteger e cuidar dela, não era sua responsabilidade...Lúcia pegou uma xícara, encheu-a com café e, com o
Sílvio fitava a mulher deslumbrante sob seu corpo. As faces ruborizadas dela refletiam uma timidez encantadora, e seus lábios vermelhos brilhavam como a mais delicada e radiante rosa da primavera. O toque da pele macia daquela mulher fazia Sílvio perder o controle. Algo dentro dele se quebrou naquele instante.Naquele momento, todas as mágoas e ressentimentos foram esquecidos. Ele queria apenas possuir a mulher sob ele, fazer amor com ela intensamente. Com uma mão firme, segurou a nuca dela e a beijou com urgência, aprofundando o beijo. Era a primeira vez em um ano que ele fazia isso. A sensação familiar o deixava cada vez mais perdido, seus beijos se tornaram dominadores e pesados, como se quisesse devorar Lúcia.Lúcia, provocada por Sílvio, não conseguia se conter, soltando gemidos suaves. Antes do incidente com Abelardo, ela e Sílvio compartilhavam o prazer na cama, um raro momento de harmonia. Agora, ela não queria pensar em mais nada, não queria se importar com mais nada,
Lúcia ficou com a mente completamente em branco. Ela havia aberto seu coração para ele, mostrando seus sentimentos mais profundos. E ele a ofendeu, chamando-a de patética?Lágrimas começaram a rolar de seus olhos, uma a uma: - Então você me beijou apenas para me humilhar?Sílvio viu as lágrimas dela, e por um momento, algo em seus olhos vacilou. Claro que não era isso. Naquele instante, ele queria desesperadamente possuí-la. Mas assim que ela reagiu, assim que falou, o breve devaneio se tornou um luxo inatingível.Na mente de Sílvio, surgiram imagens de sua mãe caindo no chão, o peito sangrando intensamente, enquanto ela, com dificuldade, acenava para que ele, escondido debaixo da cama, não fizesse barulho. Aqueles sapatos de couro preto chutando sua mãe, enquanto ela cuspia sangue.O ódio e a razão fizeram com que a última centelha de compaixão em seus olhos desaparecesse, substituída por escárnio e zombaria: - Ou você acha que é por amor?Essa mulher era ardilosa, extremamente
Lúcia saiu do hotel e foi até a rua procurar uma farmácia para comprar o remédio. Às três da manhã, a rua estava deserta e fria. O vento gelado envolvia seu corpo frágil, tornando sua respiração mais rápida.Depois de muita dificuldade, ela encontrou uma farmácia antiga com a luz acesa. Entrou e disse à dona: - Boa noite, preciso comprar um remédio.Quando Lúcia explicou o que precisava, a dona da farmácia a olhou como se fosse uma lunática e abanou a mão: - Que absurdo é esse? Nós não vendemos esse tipo de remédio aqui. Tente em outra farmácia.Saindo da farmácia, Lúcia usou o celular para encontrar outras farmácias, mas elas estavam muito longe. Parada na neve pesada, ela tentou chamar um carro por aplicativo.Às três e meia da manhã, quase não havia carros nas ruas, e seu pedido de carro ficou sem resposta. Seguindo as indicações do GPS, ela foi a pé até as farmácias mais próximas. Nas três primeiras farmácias, não encontrou o remédio.Finalmente, na quarta farmácia, conseguiu
Ela não tinha feito nada, mas ele a acusava furiosamente, dizendo que ela não assumia suas ações.- Fui eu! Fui eu quem te deu o remédio! Fiz tudo isso por ciúmes da Giovana! Sílvio, esse é o tipo de resposta que você quer? - Lúcia, com os olhos vermelhos de raiva, gritou enquanto pegava um copo de vidro da mesa.Ela estava louca, sentindo pena dele no meio da noite, saindo para comprar remédios e fervendo água para ele.Ela não se valorizava, era muito submissa.Foi tudo culpa dela.Plaft!O copo de vidro se estilhaçou no chão, e a água morna respingou na barra do roupão branco de Sílvio.Lúcia correu chorando para o quarto, jogou-se na cama e chorou intensamente.Por que tudo o que ela fazia estava errado? Sua boa vontade e sua preocupação eram completamente ignoradas por ele.Lúcia comprou uma passagem para voltar para casa no dia seguinte e, chorando, acabou adormecendo.Ela sonhou que estava no jardim da Mansão Baptista, balançando no balanço.De repente, o balanço foi empurrado m
Sílvio parou por um momento, seu rosto tenso.Em seus olhos, as emoções se agitaram, e um silêncio mortal tomou conta do ambiente.Ele se virou e viu a mulher de olhos fechados, a testa franzida. Seus belos lábios murmuravam palavras ininteligíveis.Antes do Alzheimer de Abelardo, ela costumava pedir com doçura: “Sílvio, não vá.”Naquela época, ele ainda conseguia se enganar.Mas agora o Grupo Baptista estava completamente sob seu controle.Duas vidas ainda pairavam entre eles.Desde o início, eles estavam destinados ao fracasso, um enigma sem solução.Sílvio, com uma expressão complexa, cuidadosamente soltou os delicados dedos que se enroscavam em sua mão.Ele se virou e saiu sem hesitar.A porta da suíte fechou-se suavemente, Sílvio se afastou decidido, sem olhar para trás.Lúcia franziu a testa, balançou a cabeça e, em meio ao choro, murmurou: - Meu tempo está acabando... Estou no estágio final do câncer de fígado... Sílvio...Seus olhos se abriram de repente.O quarto estava compl
Ele não deveria duvidar de uma mulher tão boa.Sílvio apagou a mensagem que tinha escrito e, exausto, desligou o celular.Ele pegou a taça de vinho e bebeu o resto do conteúdo.“Sílvio, seu carinho por Lúcia é apenas um hábito, uma memória muscular. Quando maltratá-la se tornar seu novo hábito, tudo será natural.”Sílvio continuava a se convencer disso.Assim que desembarcou, Leopoldo, que parecia estar esperando há muito tempo, se aproximou respeitosamente e falou em voz baixa: - Presidente Sílvio, eu encontrei algo sobre o que você me pediu para investigar.- Quem foi? - Sílvio perguntou, enquanto caminhava rapidamente, com uma expressão impassível.Leopoldo respondeu: - A mídia que atacou a senhora naquela noite foi informada pela Srta. Giovana.…Lúcia não conseguiu dormir naquela noite, seu sono estava cada vez pior.Ela passou a noite inteira olhando para a neve.Viu as montanhas ao longe vestirem-se de prata.Viu os altos edifícios serem cobertos por um manto branco.Viu o céu
O homem tinha o cabelo raspado, vestia roupas casuais e segurava um caderno e uma caneta nas mãos.Ele era o mesmo policial que tinha dispersado os jornalistas em frente ao prédio do Grupo Baptista e que tinha dado uma pomada para Lúcia.Com um sorriso no rosto, sem o uniforme, ele parecia ao mesmo tempo robusto e refinado: - O caso da Olga ainda não terminou. Assim que eu finalizar, voltarei.- Ela trabalhou como enfermeira no Hospital Central da Cidade A? - Lúcia perguntou a dúvida que tinha na mente.O homem assentiu: - Os registros mostram que sim, mas ela se demitiu há três dias.- Um emprego com ótimos benefícios, que muitos desejam, e ela se demitiu? - Lúcia franziu a testa, achando ilógico.O homem explicou: - Descobrimos que ela tinha depressão. Acreditamos que ela se mudou para o Bairro das Árvores com a intenção de se suicidar.- Eu a encontrei algumas vezes, e ela não parecia ser uma pessoa com depressão. Ela era bem normal enquanto trabalhava como enfermeira. - Lúcia ba