Lúcia saiu do hotel e foi até a rua procurar uma farmácia para comprar o remédio. Às três da manhã, a rua estava deserta e fria. O vento gelado envolvia seu corpo frágil, tornando sua respiração mais rápida.Depois de muita dificuldade, ela encontrou uma farmácia antiga com a luz acesa. Entrou e disse à dona: - Boa noite, preciso comprar um remédio.Quando Lúcia explicou o que precisava, a dona da farmácia a olhou como se fosse uma lunática e abanou a mão: - Que absurdo é esse? Nós não vendemos esse tipo de remédio aqui. Tente em outra farmácia.Saindo da farmácia, Lúcia usou o celular para encontrar outras farmácias, mas elas estavam muito longe. Parada na neve pesada, ela tentou chamar um carro por aplicativo.Às três e meia da manhã, quase não havia carros nas ruas, e seu pedido de carro ficou sem resposta. Seguindo as indicações do GPS, ela foi a pé até as farmácias mais próximas. Nas três primeiras farmácias, não encontrou o remédio.Finalmente, na quarta farmácia, conseguiu
Ela não tinha feito nada, mas ele a acusava furiosamente, dizendo que ela não assumia suas ações.- Fui eu! Fui eu quem te deu o remédio! Fiz tudo isso por ciúmes da Giovana! Sílvio, esse é o tipo de resposta que você quer? - Lúcia, com os olhos vermelhos de raiva, gritou enquanto pegava um copo de vidro da mesa.Ela estava louca, sentindo pena dele no meio da noite, saindo para comprar remédios e fervendo água para ele.Ela não se valorizava, era muito submissa.Foi tudo culpa dela.Plaft!O copo de vidro se estilhaçou no chão, e a água morna respingou na barra do roupão branco de Sílvio.Lúcia correu chorando para o quarto, jogou-se na cama e chorou intensamente.Por que tudo o que ela fazia estava errado? Sua boa vontade e sua preocupação eram completamente ignoradas por ele.Lúcia comprou uma passagem para voltar para casa no dia seguinte e, chorando, acabou adormecendo.Ela sonhou que estava no jardim da Mansão Baptista, balançando no balanço.De repente, o balanço foi empurrado m
Sílvio parou por um momento, seu rosto tenso.Em seus olhos, as emoções se agitaram, e um silêncio mortal tomou conta do ambiente.Ele se virou e viu a mulher de olhos fechados, a testa franzida. Seus belos lábios murmuravam palavras ininteligíveis.Antes do Alzheimer de Abelardo, ela costumava pedir com doçura: “Sílvio, não vá.”Naquela época, ele ainda conseguia se enganar.Mas agora o Grupo Baptista estava completamente sob seu controle.Duas vidas ainda pairavam entre eles.Desde o início, eles estavam destinados ao fracasso, um enigma sem solução.Sílvio, com uma expressão complexa, cuidadosamente soltou os delicados dedos que se enroscavam em sua mão.Ele se virou e saiu sem hesitar.A porta da suíte fechou-se suavemente, Sílvio se afastou decidido, sem olhar para trás.Lúcia franziu a testa, balançou a cabeça e, em meio ao choro, murmurou: - Meu tempo está acabando... Estou no estágio final do câncer de fígado... Sílvio...Seus olhos se abriram de repente.O quarto estava compl
Ele não deveria duvidar de uma mulher tão boa.Sílvio apagou a mensagem que tinha escrito e, exausto, desligou o celular.Ele pegou a taça de vinho e bebeu o resto do conteúdo.“Sílvio, seu carinho por Lúcia é apenas um hábito, uma memória muscular. Quando maltratá-la se tornar seu novo hábito, tudo será natural.”Sílvio continuava a se convencer disso.Assim que desembarcou, Leopoldo, que parecia estar esperando há muito tempo, se aproximou respeitosamente e falou em voz baixa: - Presidente Sílvio, eu encontrei algo sobre o que você me pediu para investigar.- Quem foi? - Sílvio perguntou, enquanto caminhava rapidamente, com uma expressão impassível.Leopoldo respondeu: - A mídia que atacou a senhora naquela noite foi informada pela Srta. Giovana.…Lúcia não conseguiu dormir naquela noite, seu sono estava cada vez pior.Ela passou a noite inteira olhando para a neve.Viu as montanhas ao longe vestirem-se de prata.Viu os altos edifícios serem cobertos por um manto branco.Viu o céu
O homem tinha o cabelo raspado, vestia roupas casuais e segurava um caderno e uma caneta nas mãos.Ele era o mesmo policial que tinha dispersado os jornalistas em frente ao prédio do Grupo Baptista e que tinha dado uma pomada para Lúcia.Com um sorriso no rosto, sem o uniforme, ele parecia ao mesmo tempo robusto e refinado: - O caso da Olga ainda não terminou. Assim que eu finalizar, voltarei.- Ela trabalhou como enfermeira no Hospital Central da Cidade A? - Lúcia perguntou a dúvida que tinha na mente.O homem assentiu: - Os registros mostram que sim, mas ela se demitiu há três dias.- Um emprego com ótimos benefícios, que muitos desejam, e ela se demitiu? - Lúcia franziu a testa, achando ilógico.O homem explicou: - Descobrimos que ela tinha depressão. Acreditamos que ela se mudou para o Bairro das Árvores com a intenção de se suicidar.- Eu a encontrei algumas vezes, e ela não parecia ser uma pessoa com depressão. Ela era bem normal enquanto trabalhava como enfermeira. - Lúcia ba
- Sra. Sandra, a senhora não disse antes que era minha madrinha? E que o Sr. Abelardo era meu padrinho? Agora que ele fez a cirurgia, estou aqui como afilhada, trazendo frutas e flores para visitá-lo. O que há de errado nisso?Giovana, com os olhos marejados, olhava para Sandra, sem entender a razão para tanta hostilidade.Sandra, geralmente de temperamento calmo, não podia conter a raiva ao lembrar que Giovana havia seduzido seu genro, levando ao fim do casamento da filha. Diante do olhar dissimulado de Giovana, Sandra não se conteve e deu um tapa na cara dela: - Meu genro não está aqui, então para de fingir! Você, destruidora de lares, ainda tem a ousadia de vir aqui se fazer de vítima? Pegue suas coisas e saia daqui!- Madrinha, a senhora não era assim antes. Será que fiz algo errado? Se fiz, por favor, me diga. Sílvio e eu somos apenas amigos, e sempre o aconselhei a viver bem com Lúcia. Por favor, me dê um tempo para convencê-lo disso. - Giovana, com a mão no rosto, soluçava.Sa
Lúcia estava fora de si de raiva, arrastando Giovana pelo chão em direção à fonte do hospital. A pele delicada de Giovana foi sendo arranhada, deixando marcas vermelhas e doloridas.- Lúcia, você enlouqueceu? Me solta, me solta! - Giovana lutava, mas pela primeira vez percebia a força incomum de Lúcia, incapaz de se libertar.Antes que pudesse reagir, Lúcia segurou os cabelos encaracolados de Giovana e a mergulhou violentamente na água da fonte. A água suja invadiu a boca e o nariz de Giovana, que se debatia desesperadamente, quase sufocando, até que Lúcia a puxou para cima novamente.- Está se divertindo? Está gostando? Achou que eu era uma gatinha inofensiva? - Lúcia ironizou com um sorriso sombrio.- Lúcia, eu vou contar pro Sílvio, eu... - Giovana estava furiosa, as veias pulsando de raiva.Ao ouvir o nome de Sílvio, Lúcia se lembrou da frieza dele, de como ele rejeitava seus esforços. Tudo culpa de Giovana! Antes que Giovana pudesse terminar a frase, Lúcia a empurrou novamente
- Peça desculpas! - Sílvio ordenou friamente.Lúcia riu de incredulidade. Será que ele estava tão cego assim?- Você nem quer saber o que aconteceu? - Perguntou ela.- Errado é errado. Não há desculpa. Lúcia, peça desculpas. Não vou repetir.Sílvio tirou o paletó e colocou sobre os ombros de Giovana.Giovana, aproveitando a oportunidade, se aninhou mais perto dele: - Obrigada, Sílvio.Lúcia riu amargamente. Sílvio tinha prometido que suas roupas só cairiam sobre os ombros dela. Ela não gostava da ideia de suas roupas com o cheiro de outra mulher. Ele prometeu, mas agora ela via que as promessas dos homens eram apenas mentiras para enganar as mulheres. Ela foi ingênua em acreditar.- Quer que sua mãe fale com você diretamente? Tudo bem, eu vou satisfazer você.Sílvio tirou o celular e procurou pelo número de Sandra, prestes a discar.Lúcia olhou fixamente para ele: - E se eu tiver provas de que foi a Giovana quem adulterou seus remédios?Ela tinha uma gravação. Ela havia gravado tu