- Peça desculpas! - Sílvio ordenou friamente.Lúcia riu de incredulidade. Será que ele estava tão cego assim?- Você nem quer saber o que aconteceu? - Perguntou ela.- Errado é errado. Não há desculpa. Lúcia, peça desculpas. Não vou repetir.Sílvio tirou o paletó e colocou sobre os ombros de Giovana.Giovana, aproveitando a oportunidade, se aninhou mais perto dele: - Obrigada, Sílvio.Lúcia riu amargamente. Sílvio tinha prometido que suas roupas só cairiam sobre os ombros dela. Ela não gostava da ideia de suas roupas com o cheiro de outra mulher. Ele prometeu, mas agora ela via que as promessas dos homens eram apenas mentiras para enganar as mulheres. Ela foi ingênua em acreditar.- Quer que sua mãe fale com você diretamente? Tudo bem, eu vou satisfazer você.Sílvio tirou o celular e procurou pelo número de Sandra, prestes a discar.Lúcia olhou fixamente para ele: - E se eu tiver provas de que foi a Giovana quem adulterou seus remédios?Ela tinha uma gravação. Ela havia gravado tu
- Eu estou falando com ele, você não precisa escutar tão atentamente. - Sílvio disse friamente.Com um simples olhar de Sílvio, Leopoldo, a contragosto, pegou Giovana do chão. Giovana, por sua vez, também não gostou de ser carregada por alguém de classe inferior. No entanto, Sílvio seguiu à frente, sem olhar para trás.Giovana estava confusa. Por que Sílvio parecia se importar tanto com ela na frente de Lúcia, mas, em particular, mantinha uma distância fria?Giovana foi levada para um quarto de hospital, onde o diretor a examinou pessoalmente. Fora algumas arranhaduras no braço e ter ingerido um pouco de água suja, ela estava bem.Leopoldo saiu do quarto, e Giovana, desesperada, segurou a manga de Sílvio: - Sílvio, você não acredita em mim?- Está se sentindo culpada?Sílvio desviou da mão dela e fez um sinal para Leopoldo.Leopoldo, eficiente como sempre, trouxe as gravações das câmeras de segurança em poucos minutos.A verdade era inegável.O silêncio dominou o ambiente. Sílvio c
Giovana segurava os lábios, chorando copiosamente.O olhar frio e duro de Sílvio se suavizou um pouco ao pousar nela: - Eu vou retribuir sua gentileza. Mas isso não significa que você pode se vingar livremente das minhas pessoas. Até para bater em cachorro, se considera o dono.- Sílvio, o que você quer dizer? Não quer mais se vingar? - Giovana olhou para ele, chocada. Ele odiava tanto aquela mulher, como podia ainda defendê-la assim?Sílvio levantou-se e olhou para Giovana na cama do hospital, com um ar superior: - Fique alguns dias no hospital para se recuperar. Minha vingança, eu mesmo cuidarei dela. Se você ousar agir pelas minhas costas e machucar minhas pessoas novamente, não me culpe por ser implacável. Lúcia ainda é minha esposa nominalmente. Se você a maltratar, estará me desrespeitando.Giovana estava tomada pelo ciúme. Ele chamava Lúcia de sua mulher, sua esposa.Embora houvesse um ódio profundo, ele ainda protegia aquela mulher...Mas ela não podia explodir, ou todo seu
Vestindo um suéter, a esguia Lúcia saiu do banheiro. Ela estava com uma aparência péssima. Sentia dores pelo corpo todo e tinha acabado de tomar um punhado de analgésicos quando ele retornou.- O que foi? Minha desculpa não foi suficiente e você quer continuar a me maltratar? - Lúcia segurava a área do fígado, franzindo a testa de fraqueza.Ela estava visivelmente debilitada e abatida.Sílvio sentou-se no sofá, olhou para o frasco de remédio em suas mãos e depois para Lúcia, que se aproximava, seu olhar caindo na área que ela segurava. As palavras de preocupação escaparam de sua boca: - O que aconteceu com seu fígado?Era a primeira vez em um ano que Sílvio demonstrava preocupação por ela.A mágoa e a raiva no coração de Lúcia diminuíram instantaneamente.Ela era fácil de agradar, bastava ele mostrar um pouco de preocupação, uma gentileza mínima, e ela já se acalmava.As palavras do médico ecoavam em sua mente: “Srta. Lúcia, é importante que informe seu marido sobre sua condição. Ele
Lúcia estava sarcástica ao extremo. A pressão dentro da casa estava muito baixa, tão baixa que Sílvio se sentia sufocado. Aquele sorriso no canto dos lábios dela era especialmente irritante. Sílvio deu uma tragada no cigarro, apagou-o entre os dedos e falou com frieza: - Pare de provocar a Giovana. Caso contrário, não vou ser gentil.Como se tivesse ouvido uma piada colossal, Lúcia riu de raiva, tremendo da cabeça aos pés. Os dedos que seguravam o celular estavam brancos de tanto apertar.- Foi ela quem me provocou!- Uma briga não acontece sozinha. Ainda pensa que você é a herdeira da família Baptista, que todo mundo tem que te tratar com deferência e te agradar?Sílvio puxou a gravata com impaciência, sua voz carregada de irritação. Uma sensação de opressão crescia no peito de Lúcia, como ondas que se avolumavam e se espalhavam por todo o seu corpo. Claramente, era Giovana quem a provocava, mas ele dizia que uma briga não aconteceria sozinha. Seus olhos estavam secos e doíam,
O cinzeiro caiu aos pés de Sílvio, que riu friamente ao ver que, apesar de ter rolado um pouco, não havia se quebrado.- Você virou as costas para sua família inteira só para casar comigo. Agora está me chamando de monstro? E você, é o quê? - Disse ele, com sarcasmo, enquanto descia as escadas com suas longas pernas vestidas em calças pretas.- Sílvio, seu desgraçado! Volta aqui! - Lúcia gritou, visivelmente abalada, correndo atrás dele de chinelos.Sílvio continuou a descer as escadas, até que um grito de dor ecoou pela casa.- Meu pé! - A voz de Lúcia, misturada com lágrimas, parou Sílvio no meio do degrau.- Sílvio, torci o pé! - Ela choramingou, e pela sua voz, dava para perceber que a queda tinha sido séria. Lúcia sempre foi forte, nunca reclamava por pequenos machucados.Os olhos de Sílvio mostraram um relance de preocupação. Ele se virou, pronto para subir as escadas, pegá-la nos braços e chamar um médico.- Eu realmente torci, não consigo levantar. Me ajuda, por favor. - Lúcia
Leopoldo não conseguia entender como o humor do chefe mudava tão rápido.- Eu já disse, vá buscar minha gravata agora. Se não me entregar em meia hora, pode esquecer o emprego amanhã. - Sílvio disse friamente antes de desligar o telefone.Leopoldo não ousou perder tempo e dirigiu rapidamente até a Mansão Baptista. Demorou cerca de dez minutos para chegar lá.Assim que entrou na mansão, ouviu um choro vindo do andar de cima. Seria a Sra. Lúcia chorando?Leopoldo acelerou o passo e subiu as escadas. Ele encontrou Lúcia sentada no degrau, vestindo um suéter e jeans justos. Um dos seus chinelos rosa estava caído perto da entrada.Leopoldo pegou o chinelo e correu até ela: - Sra. Lúcia, o que aconteceu?- Torci o pé e não consigo me levantar. - Lúcia respondeu, surpresa ao ver Leopoldo.Ele colocou o chinelo rosa de volta em seu pé e disse: - Com licença, Sra. Lúcia, vou levá-la para o sofá.Leopoldo a pegou no colo e a carregou até a sala, colocando-a suavemente no sofá. Lúcia tirou
- Senhora, a senhora... Leopoldo olhou profundamente nos olhos dela, querendo dizer algo, mas engoliu as palavras.- Eu sei, você quer que a gente se reconcilie, mas se Sílvio e eu pudéssemos voltar ao que éramos antes, já teríamos feito isso. Se eu escolher uma gravata para você levar, pode acabar sendo pior. - Lúcia deu um sorriso amargo. - Você deveria pedir ajuda à Giovana.Leopoldo queria muito dizer que o Presidente Sílvio e Giovana não eram como ela pensava. Giovana até deu algumas gravatas para Sílvio, mas ele nunca usou nenhuma. O Presidente Sílvio se importava muito mais com o casamento deles do que Lúcia imaginava. Ele fez muitas coisas em segredo, como demitir Olga para defender Lúcia e usar suas conexões para que a polícia de Cidade A protegesse Lúcia em Bairro das Árvores. Ele até investigou secretamente o responsável pelo acidente de carro de Abelardo. Mas Sílvio tinha sido claro: Lúcia nunca deveria saber dessas coisas. Ele queria ser discreto em suas boas ações.