Capítulo 363
Os olhares deles se cruzaram, se entrelaçando.

O olhar de Sílvio era cortante e frio, como a chuva gélida que caía lá fora, como a neve espessa que cobria o inverno, como o gelo imenso que jamais derretia.

Talvez por saber que o câncer havia se espalhado por seu corpo e que sua vida estava por um fio, Lúcia não tinha forças para manter o olhar. Sentia-se como um balão murcho, sem energia, totalmente esvaziada.

Depois de um breve instante de contato visual, Lúcia desviou o olhar e passou por ele, como se Sílvio não fosse mais do que um simples espectro em sua vida, alguém que se tornara tão invisível quanto um desconhecido.

No entanto, o aroma da sopa de frutos do mar e do bacalhau cremoso invadiu o ambiente. Nesse momento, Marina, com o avental preso, saiu da cozinha com a comida nas mãos. Ao ver Lúcia, ela exclamou com alívio:

— Sra. Lúcia, finalmente você voltou! Não sabe o quanto estávamos preocupados com você. É um alívio ver que está bem.

Marina era apenas uma empregada, sem laço
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