— É verdade, dessa vez é de verdade. O Dr. Arthur me contou que a recuperação do seu pai está incrível, e ele deve acordar a qualquer momento. Lúcia, quando seu pai acordar, finalmente teremos alguém para nos apoiar! — Sandra não conseguia conter as lágrimas de alegria, enxugando os olhos. — Foi tão difícil, passamos por tanta coisa! Mas, graças a Deus, o final está sendo bom.Seu pai estava prestes a acordar. Lúcia ficou atordoada, a notícia parecia distante, quase irreal. Ela até esqueceu de se sentir feliz, afinal, já estava acostumada a viver sob pressão constante.Sandra abraçou Lúcia, chorando de emoção. Lúcia também não segurou as lágrimas. Embora o caminho tenha sido árduo e exaustivo, a possibilidade do pai despertar lhe deu uma força inesperada. No fundo, ela só queria viver o suficiente para ver o pai abrir os olhos mais uma vez. Deus não tinha sido cruel com ela.Sandra, ainda emocionada, soltou a filha e perguntou:— Filha, e sobre aquilo que te falei há alguns dias, você
Lúcia mordeu os lábios, prestes a falar. A porta do quarto foi subitamente empurrada, pegando-as de surpresa.Lúcia e sua mãe olharam para a entrada. Sílvio estava lá, vestindo um terno preto impecável, que parecia ter sido feito sob medida. Embora o corte fosse simples, nele, tinha um ar marcante e impressionante.Ele entrou no quarto com passos firmes, as longas pernas envoltas pelas calças escuras, e o rosto exibindo uma expressão séria e fria.Lúcia sentiu um misto de tristeza e frustração ao perceber que, apesar de tudo o que ele havia feito, ainda era incapaz de resistir à atração que ele exercia sobre ela.O olhar gélido de Sílvio encontrou o dela, mas Lúcia rapidamente desviou os olhos, fixando-os na ponta dos sapatos.Sandra, ao ver Sílvio, controlou a vontade de confrontá-lo. Talvez porque ele havia ajudado na recuperação de Abelardo, ela não o atacou diretamente, mas ainda assim, não o tratou com simpatia.Sílvio olhou ao redor do quarto, depois lançou um olhar para o corred
Lúcia não queria dar atenção a ele e fechou os olhos, fingindo que estava dormindo.De repente, o carro desligou. Pensando que tinham chegado ao apartamento, ela abriu os olhos, mas percebeu que o carro estava estacionado na beira da estrada.Sílvio soltou o cinto de segurança e mandou que ela saísse do carro. Lúcia quis recusar; ultimamente, seu sono estava cada vez pior, e ela não tinha energia para nada, só queria voltar para casa e descansar.Mas ela conhecia bem o temperamento dele. Sílvio era do tipo que não aceitava ser contrariado. Sabendo que seria inútil discutir, Lúcia parou de resistir, soltou o cinto, abriu a porta e desceu do carro.Ao perceber que ela não reclamou, os lábios de Sílvio se curvaram em um sorriso discreto.Eles atravessaram a rua e entraram em um grande shopping.Lúcia soltou uma risada irônica. Ele devia estar maluco, levando-a de repente para fazer compras. No passado, Sílvio era um verdadeiro viciado em trabalho, incapaz de tirar um tempo para acompanhá-
Lúcia soltou uma risada irônica. Ele a tratava bem? Um homem que vivia desejando a morte da própria esposa poderia ser considerado um bom marido?A vendedora, ao perceber que Lúcia não respondeu, pensou que ela não acreditava e, com um sorriso, continuou:— Eu falo sério, não estou puxando o saco. Trabalho aqui há muito tempo e já vi muitos clientes ricos. Mas é raro ver um homem acompanhando a esposa para escolher os produtos do bebê. A maioria das mulheres ricas vem acompanhada por seguranças ou empregadas. Seu marido é bonito, generoso, realmente é de dar inveja. Você nem imagina, já vi casais em que, se a mulher pega um leite em pó mais caro, o marido logo tosse e faz cara feia. Mas olha para você, só escolheu os produtos mais caros, e ele não disse uma palavra! Que homem generoso. — Exclamou a vendedora com admiração.A vendedora continuou com um sorriso sonhador:— Se eu conseguir encontrar um homem tão bom quanto o seu marido no futuro, eu acordaria sorrindo de tanta felicidade.
— Lúcia, você precisa contar a ele que está com câncer de fígado em estágio terminal. Ele pode ser irresponsável, mas você não pode segui-lo nessa loucura.As palavras de Basílio fizeram Lúcia se sentir sufocada, oprimida. Além de seguir Sílvio em suas decisões impensadas, parecia que ela não tinha outra escolha.Ela apertou os lábios e, sorrindo levemente, respondeu:— Sr. Basílio, não se preocupe comigo, estou bem. Você não me disse uma vez que não devemos nos intrometer no destino dos outros, senão acabamos carregando o peso das suas vidas?O destino dela, ela sabia, era esperar silenciosamente pela chegada do fim.— Estou tentando encontrar um fígado compatível para você, não desista. Srta. Lúcia, também te disse que a vida é preciosa, que só temos uma chance. Não seja como Olga, não vale a pena. — Basílio aconselhou pacientemente.Ela se lembrava de quando Basílio havia mencionado que buscaria um fígado compatível, e como isso a havia emocionado profundamente, pois naquele momento
Lúcia estava prestes a afastar a mão dele, mas de repente congelou.Naquele instante, sua mente clareou, e ela percebeu que afastá-lo teria um preço alto demais, um que ela não estava disposta a pagar.Ela respirou fundo, piscando para aliviar os olhos ressecados e doloridos, e deixou cair a mão que havia tocado a camisa cinza dele.Basílio, que observava tudo, franziu as sobrancelhas:— Sílvio, você não percebe que ela não quer isso?— E quem disse que ela não quer? — Sílvio soltou uma risada sarcástica, virando-se para Lúcia com um sorriso malicioso. — Amor, diga ao Sr. Basílio que você gosta de ser tratada assim, né?Lúcia notou o olhar preocupado de Basílio voltando a se fixar nela.Ela não gostava, é claro que não. Ela não era masoquista.A atmosfera na loja ficou pesada, talvez pela falta de circulação de ar. A sensação de sufocamento fez com que sua respiração se acelerasse.Era engraçado como, quando estavam felizes, até o ar parecia mais leve, mais doce. Mas, quando estavam tr
— Não. — Lúcia apressou-se a negar.Ela sabia que Sílvio era um homem extremamente ciumento. Se ela hesitasse nem que fosse um segundo, ele provavelmente descarregaria sua raiva em Basílio.Sílvio, sendo astuto como era, percebeu rapidamente o que ela estava pensando e, irritado, falou:— Então, ainda está aqui?— Srta. Lúcia, não se preocupe. O Presidente Sílvio é um homem civilizado. Além disso, estamos em um lugar público, não vai acontecer nada de ruim. — Basílio disse com um tom suave.Lúcia apertou a chave do carro em sua mão e se virou para pegar o elevador e sair do shopping.Basílio a observou por um bom tempo, e quanto mais olhava, mais sentia que a vida dela estava se esvaindo lentamente. O corpo dela não parecia normal, estava desprovido de vitalidade, como uma flor prestes a apodrecer. Mesmo que as pétalas ainda parecessem frescas, o caule já estava cheio de vermes.Basílio franziu a testa. Será que Sílvio realmente não notava o estado de saúde de Lúcia? Ele realmente não
Quando a voz caiu, a perna longa de Sílvio, que já estava prestes a entrar no elevador, parou de imediato. Ele se virou e voltou a passos rápidos até Basílio.Ele agarrou com força a jaqueta preta de Basílio:— O que você disse?Ele certamente tinha ouvido errado. Lúcia não podia estar com câncer de fígado em estágio terminal.Ao ver o nervosismo de Sílvio, Basílio suspirou aliviado por dentro. Pelo visto, Sílvio ainda se importava com Lúcia. Isso significava que convencê-lo a ajudar Lúcia a aceitar o transplante de fígado seria possível.— Fala logo! — Sílvio exigiu, impaciente.Basílio o encarou e, sem rodeios, repetiu:— Lúcia tem câncer de fígado. As células cancerígenas já se espalharam por dois terços do corpo dela. Estar grávida agora só acelera o processo. Sílvio, se você realmente se importa com ela, se não quer vê-la morrer, você não pode forçá-la a ter esse bebê.Sílvio piscou seus olhos alongados, sentindo sua mente explodir. Lúcia, com câncer de fígado? E em estágio termin