Provar isso com ações? Ele estava basicamente apressando a sua morte!Lúcia de repente se sentiu tola. Ela já havia feito a mesma pergunta incontáveis vezes, presa a uma ilusão, insistindo em questionar o inevitável. Mas, assim como um livro cujo final permanecia o mesmo, não importava quantas vezes fosse lido, o desfecho entre ela e Sílvio também era imutável.— Não quero mais ouvir essas perguntas idiotas no futuro. — Sílvio deixou essa frase impaciente antes de sair.Lúcia mordeu os lábios, que estavam tão secos que começaram a rachar e a sangrar. A dor nos lábios era intensa, mas ela não a sentia mais. Estava completamente entorpecida, com pequenas gotas de sangue escorrendo.Para ele, sua vida ou morte não passavam de uma questão trivial. Ela decidiu que nunca mais faria esse tipo de pergunta.Lúcia não queria mais lutar, porque já havia tentado inúmeras vezes, sem sucesso, desafiar o destino. Não importava o que fizesse, por mais que resistisse, sempre acabava sendo puxada de vol
Lúcia queria ter tido alta do hospital, pois se sentia como um pássaro enjaulado, sozinha e isolada na enfermaria. Mas Sílvio não permitiu, temendo que ela pudesse, mais uma vez, abortar o filho dele em segredo.Ele não foi ao escritório do Grupo Baptista, preferindo trazer o trabalho para o hospital para ficar ao lado dela. Na verdade, Lúcia não via isso como companhia, mas sim como vigilância.Todos os dias, ela tomava uma quantidade enorme de medicamentos: suplementos nutricionais e remédios para manter a gravidez. Porém, não havia comprimidos para dormir, analgésicos, antidepressivos ou qualquer medicamento para tratar o câncer.No início, Lúcia pediu que ele não ficasse grudado nela. Afinal, ela estava tão debilitada que não tinha como fugir. Mas Sílvio continuou ignorando seus pedidos.Com o tempo, Lúcia parou de argumentar. Embora passassem o tempo juntos, não trocavam uma única palavra. Ele se concentrava em seu notebook, com os olhos fixos na tela, ou saía da enfermaria para a
— É verdade, dessa vez é de verdade. O Dr. Arthur me contou que a recuperação do seu pai está incrível, e ele deve acordar a qualquer momento. Lúcia, quando seu pai acordar, finalmente teremos alguém para nos apoiar! — Sandra não conseguia conter as lágrimas de alegria, enxugando os olhos. — Foi tão difícil, passamos por tanta coisa! Mas, graças a Deus, o final está sendo bom.Seu pai estava prestes a acordar. Lúcia ficou atordoada, a notícia parecia distante, quase irreal. Ela até esqueceu de se sentir feliz, afinal, já estava acostumada a viver sob pressão constante.Sandra abraçou Lúcia, chorando de emoção. Lúcia também não segurou as lágrimas. Embora o caminho tenha sido árduo e exaustivo, a possibilidade do pai despertar lhe deu uma força inesperada. No fundo, ela só queria viver o suficiente para ver o pai abrir os olhos mais uma vez. Deus não tinha sido cruel com ela.Sandra, ainda emocionada, soltou a filha e perguntou:— Filha, e sobre aquilo que te falei há alguns dias, você
Lúcia mordeu os lábios, prestes a falar. A porta do quarto foi subitamente empurrada, pegando-as de surpresa.Lúcia e sua mãe olharam para a entrada. Sílvio estava lá, vestindo um terno preto impecável, que parecia ter sido feito sob medida. Embora o corte fosse simples, nele, tinha um ar marcante e impressionante.Ele entrou no quarto com passos firmes, as longas pernas envoltas pelas calças escuras, e o rosto exibindo uma expressão séria e fria.Lúcia sentiu um misto de tristeza e frustração ao perceber que, apesar de tudo o que ele havia feito, ainda era incapaz de resistir à atração que ele exercia sobre ela.O olhar gélido de Sílvio encontrou o dela, mas Lúcia rapidamente desviou os olhos, fixando-os na ponta dos sapatos.Sandra, ao ver Sílvio, controlou a vontade de confrontá-lo. Talvez porque ele havia ajudado na recuperação de Abelardo, ela não o atacou diretamente, mas ainda assim, não o tratou com simpatia.Sílvio olhou ao redor do quarto, depois lançou um olhar para o corred
Lúcia não queria dar atenção a ele e fechou os olhos, fingindo que estava dormindo.De repente, o carro desligou. Pensando que tinham chegado ao apartamento, ela abriu os olhos, mas percebeu que o carro estava estacionado na beira da estrada.Sílvio soltou o cinto de segurança e mandou que ela saísse do carro. Lúcia quis recusar; ultimamente, seu sono estava cada vez pior, e ela não tinha energia para nada, só queria voltar para casa e descansar.Mas ela conhecia bem o temperamento dele. Sílvio era do tipo que não aceitava ser contrariado. Sabendo que seria inútil discutir, Lúcia parou de resistir, soltou o cinto, abriu a porta e desceu do carro.Ao perceber que ela não reclamou, os lábios de Sílvio se curvaram em um sorriso discreto.Eles atravessaram a rua e entraram em um grande shopping.Lúcia soltou uma risada irônica. Ele devia estar maluco, levando-a de repente para fazer compras. No passado, Sílvio era um verdadeiro viciado em trabalho, incapaz de tirar um tempo para acompanhá-
Lúcia soltou uma risada irônica. Ele a tratava bem? Um homem que vivia desejando a morte da própria esposa poderia ser considerado um bom marido?A vendedora, ao perceber que Lúcia não respondeu, pensou que ela não acreditava e, com um sorriso, continuou:— Eu falo sério, não estou puxando o saco. Trabalho aqui há muito tempo e já vi muitos clientes ricos. Mas é raro ver um homem acompanhando a esposa para escolher os produtos do bebê. A maioria das mulheres ricas vem acompanhada por seguranças ou empregadas. Seu marido é bonito, generoso, realmente é de dar inveja. Você nem imagina, já vi casais em que, se a mulher pega um leite em pó mais caro, o marido logo tosse e faz cara feia. Mas olha para você, só escolheu os produtos mais caros, e ele não disse uma palavra! Que homem generoso. — Exclamou a vendedora com admiração.A vendedora continuou com um sorriso sonhador:— Se eu conseguir encontrar um homem tão bom quanto o seu marido no futuro, eu acordaria sorrindo de tanta felicidade.
— Lúcia, você precisa contar a ele que está com câncer de fígado em estágio terminal. Ele pode ser irresponsável, mas você não pode segui-lo nessa loucura.As palavras de Basílio fizeram Lúcia se sentir sufocada, oprimida. Além de seguir Sílvio em suas decisões impensadas, parecia que ela não tinha outra escolha.Ela apertou os lábios e, sorrindo levemente, respondeu:— Sr. Basílio, não se preocupe comigo, estou bem. Você não me disse uma vez que não devemos nos intrometer no destino dos outros, senão acabamos carregando o peso das suas vidas?O destino dela, ela sabia, era esperar silenciosamente pela chegada do fim.— Estou tentando encontrar um fígado compatível para você, não desista. Srta. Lúcia, também te disse que a vida é preciosa, que só temos uma chance. Não seja como Olga, não vale a pena. — Basílio aconselhou pacientemente.Ela se lembrava de quando Basílio havia mencionado que buscaria um fígado compatível, e como isso a havia emocionado profundamente, pois naquele momento
Lúcia estava prestes a afastar a mão dele, mas de repente congelou.Naquele instante, sua mente clareou, e ela percebeu que afastá-lo teria um preço alto demais, um que ela não estava disposta a pagar.Ela respirou fundo, piscando para aliviar os olhos ressecados e doloridos, e deixou cair a mão que havia tocado a camisa cinza dele.Basílio, que observava tudo, franziu as sobrancelhas:— Sílvio, você não percebe que ela não quer isso?— E quem disse que ela não quer? — Sílvio soltou uma risada sarcástica, virando-se para Lúcia com um sorriso malicioso. — Amor, diga ao Sr. Basílio que você gosta de ser tratada assim, né?Lúcia notou o olhar preocupado de Basílio voltando a se fixar nela.Ela não gostava, é claro que não. Ela não era masoquista.A atmosfera na loja ficou pesada, talvez pela falta de circulação de ar. A sensação de sufocamento fez com que sua respiração se acelerasse.Era engraçado como, quando estavam felizes, até o ar parecia mais leve, mais doce. Mas, quando estavam tr