Temendo que Giovana o questionasse ainda mais, Dr. Arthur encerrou a chamada de forma apressada.Sílvio estava do lado de fora do quarto de Lúcia, ouvindo a voz de Sandra:— Filha, você e o Sílvio estão realmente se separando? Se não estiver aguentando mais, você pode se divorciar. Não se preocupe com isso.Sílvio parou abruptamente ao ouvir essas palavras. Não era de se surpreender que Lúcia estivesse pensando em se divorciar dele. Afinal, parecia que sua mãe estava dando apoio por trás!Sílvio sentiu uma frustração crescente. Por que ninguém apoiava o relacionamento dele com Lúcia? Ele não acreditava que Sandra não soubesse que Lúcia estava grávida dele. Naquele momento, ele quis abrir a porta e expulsar Sandra. Mas acabou se contendo, pois não queria causar mais problemas para Lúcia.Sílvio decidiu se afastar do hospital e foi comprar as frutas favoritas de Lúcia.Às vezes, era melhor não ouvir certas coisas. Ele não era tão magnânimo a ponto de ignorar, então, se ouvisse, faria de
Lúcia sempre achou que sua mãe se preocupava mais com o pai. Cada vez que ligava, Sandra parecia apenas dar um interesse superficial e logo mudava de assunto para pressioná-la a se reconciliar com Sílvio. Agora, no entanto, descobriu que a mãe realmente se importava com ela e estava disposta a ajudar. Esse gesto de preocupação fazia com que seus esforços parecessem menos em vão.Ela estava doente, com uma doença terminal, e não conseguiria sobreviver muito mais. Recebera muitos favores de Sílvio e se divorciar não seria fácil. Ele não a deixaria ir tão facilmente. Se eles rompesse completamente, seria um desastre para a família Baptista.— Lúcia, não se preocupe tanto, não pense demais nas incertezas do futuro. Não se torture com o que ainda não aconteceu. — Sandra falou com um tom de desespero na voz. — Não há portas fechadas para sempre. Eu tenho algumas joias que seu pai comprou para mim, posso vendê-las para cobrir temporariamente as despesas médicas dele. Dr. Arthur disse que seu
Ele colocou uma mão no bolso da calça e segurou uma sacola de laranjas com a outra.Lúcia sentiu um frio na barriga e não tinha certeza de quanto do que tinha dito Sandra havia sido ouvido por Sílvio. Fez um gesto discreto para que a mãe parasse de falar, e Sandra, percebendo a situação, se calou.De fato, Sandra temia Sílvio. Ele possuía uma aura intimidante, especialmente quando estava com aquela expressão impassível que conseguia paralisar qualquer um.Sílvio deixou a sacola de laranjas na mesa com um barulho pesado e começou a descascar uma das frutas.Com o conhecimento que Lúcia tinha sobre ele, sabia que ele estava irritado e tentando controlar sua raiva.— Mãe, eu estou bem. Vá ver como está o papai. — Lúcia tentou afastar a mãe. Se Sílvio tivesse ouvido as palavras dela, certamente direcionaria sua fúria para Sandra, então era melhor que ela se afastasse.Sandra enxugou as lágrimas, sem olhar para Sílvio, e puxou a mão de Lúcia.— Lúcia, pense bem no que eu disse. Reflita com
A vida dela também era importante, então por que ele não se importava com os sentimentos dela, agindo como bem entendesse? Com o coração apertado, Lúcia jogou a laranja no lixo.Os dedos de Sílvio apertaram a laranja com força. Como ela podia ser tão ingrata? Ele já estava tentando apaziguar a situação, já estava cedendo. Mas ao pensar no bebê que ela carregava, ele conteve a raiva e disse:— Seu pai já voltou ao tratamento. Lúcia, até quando você vai continuar com essa birra?Ela estava "fazendo birra"? Para Sílvio, parecia que ela estava sendo irracional. O coração de Lúcia estava tão apertado que ela olhava para as unhas pálidas, evidenciando o quanto seu corpo estava fraco.Lúcia abaixou a cabeça, sem responder, e Sílvio achou que ela finalmente havia cedido. Seu tom de voz se suavizou involuntariamente:— Eu posso perdoar essa sua teimosia, mas você precisa dar à luz a essa criança.Criança, de novo. Lúcia soltou uma risada amarga. Quantas vezes ela já não havia dito que o bebê ha
Provar isso com ações? Ele estava basicamente apressando a sua morte!Lúcia de repente se sentiu tola. Ela já havia feito a mesma pergunta incontáveis vezes, presa a uma ilusão, insistindo em questionar o inevitável. Mas, assim como um livro cujo final permanecia o mesmo, não importava quantas vezes fosse lido, o desfecho entre ela e Sílvio também era imutável.— Não quero mais ouvir essas perguntas idiotas no futuro. — Sílvio deixou essa frase impaciente antes de sair.Lúcia mordeu os lábios, que estavam tão secos que começaram a rachar e a sangrar. A dor nos lábios era intensa, mas ela não a sentia mais. Estava completamente entorpecida, com pequenas gotas de sangue escorrendo.Para ele, sua vida ou morte não passavam de uma questão trivial. Ela decidiu que nunca mais faria esse tipo de pergunta.Lúcia não queria mais lutar, porque já havia tentado inúmeras vezes, sem sucesso, desafiar o destino. Não importava o que fizesse, por mais que resistisse, sempre acabava sendo puxada de vol
Lúcia queria ter tido alta do hospital, pois se sentia como um pássaro enjaulado, sozinha e isolada na enfermaria. Mas Sílvio não permitiu, temendo que ela pudesse, mais uma vez, abortar o filho dele em segredo.Ele não foi ao escritório do Grupo Baptista, preferindo trazer o trabalho para o hospital para ficar ao lado dela. Na verdade, Lúcia não via isso como companhia, mas sim como vigilância.Todos os dias, ela tomava uma quantidade enorme de medicamentos: suplementos nutricionais e remédios para manter a gravidez. Porém, não havia comprimidos para dormir, analgésicos, antidepressivos ou qualquer medicamento para tratar o câncer.No início, Lúcia pediu que ele não ficasse grudado nela. Afinal, ela estava tão debilitada que não tinha como fugir. Mas Sílvio continuou ignorando seus pedidos.Com o tempo, Lúcia parou de argumentar. Embora passassem o tempo juntos, não trocavam uma única palavra. Ele se concentrava em seu notebook, com os olhos fixos na tela, ou saía da enfermaria para a
— É verdade, dessa vez é de verdade. O Dr. Arthur me contou que a recuperação do seu pai está incrível, e ele deve acordar a qualquer momento. Lúcia, quando seu pai acordar, finalmente teremos alguém para nos apoiar! — Sandra não conseguia conter as lágrimas de alegria, enxugando os olhos. — Foi tão difícil, passamos por tanta coisa! Mas, graças a Deus, o final está sendo bom.Seu pai estava prestes a acordar. Lúcia ficou atordoada, a notícia parecia distante, quase irreal. Ela até esqueceu de se sentir feliz, afinal, já estava acostumada a viver sob pressão constante.Sandra abraçou Lúcia, chorando de emoção. Lúcia também não segurou as lágrimas. Embora o caminho tenha sido árduo e exaustivo, a possibilidade do pai despertar lhe deu uma força inesperada. No fundo, ela só queria viver o suficiente para ver o pai abrir os olhos mais uma vez. Deus não tinha sido cruel com ela.Sandra, ainda emocionada, soltou a filha e perguntou:— Filha, e sobre aquilo que te falei há alguns dias, você
Lúcia mordeu os lábios, prestes a falar. A porta do quarto foi subitamente empurrada, pegando-as de surpresa.Lúcia e sua mãe olharam para a entrada. Sílvio estava lá, vestindo um terno preto impecável, que parecia ter sido feito sob medida. Embora o corte fosse simples, nele, tinha um ar marcante e impressionante.Ele entrou no quarto com passos firmes, as longas pernas envoltas pelas calças escuras, e o rosto exibindo uma expressão séria e fria.Lúcia sentiu um misto de tristeza e frustração ao perceber que, apesar de tudo o que ele havia feito, ainda era incapaz de resistir à atração que ele exercia sobre ela.O olhar gélido de Sílvio encontrou o dela, mas Lúcia rapidamente desviou os olhos, fixando-os na ponta dos sapatos.Sandra, ao ver Sílvio, controlou a vontade de confrontá-lo. Talvez porque ele havia ajudado na recuperação de Abelardo, ela não o atacou diretamente, mas ainda assim, não o tratou com simpatia.Sílvio olhou ao redor do quarto, depois lançou um olhar para o corred