A mulher, com o rosto pálido, estava deitada silenciosamente nos braços de Sílvio. Não importava o quanto ele a sacudisse ou gritasse de raiva, seus olhos continuavam fechados, sem sinal de que iriam se abrir.Sílvio estendeu a mão e, com cuidado, sentiu a respiração dela. Seu rosto mudou imediatamente de cor — a respiração de Lúcia estava tão fraca que era quase inexistente!O pânico tomou conta dele. Como isso podia estar acontecendo? Ele só queria puni-la um pouco, como as coisas tinham ficado tão graves? Como ela poderia estar quase sem respirar?Ele a pegou no colo, carregando-a como uma folha seca prestes a cair de uma árvore, tão leve que não parecia pesar como uma pessoa normal.Com Lúcia nos braços, Sílvio correu até a garagem, colocando-a no banco do passageiro. Rápido, ele afivelou o cinto de segurança nela, pisou fundo no acelerador e disparou em direção ao hospital.No caminho, Sílvio ligou para o Dr. Arthur. Ao ouvir a situação, o médico já esperava no hospital e alertou
Ao pensar nisso, Lúcia sentiu o estômago revirar. Sua cabeça pendeu e, de repente, ela cuspiu um jato de sangue vivo. O líquido vermelho brilhante manchou sua jaqueta branca de penas, sujando suas bochechas e os cantos da boca. O gosto metálico do sangue tomou conta de sua boca.— Lúcia! — Sílvio entrou em pânico. Ela tinha vomitado sangue bem na frente dele novamente!Ele girou o volante ao máximo, acelerando como nunca antes. Ele estava perdendo o controle, sentindo que Lúcia estava prestes a deixá-lo para sempre.Desesperado, Sílvio buscava uma forma de mantê-la viva. No fim, escolheu o que sabia fazer de melhor: ameaçá-la. Não tinha outra opção.— Aguenta firme! Pense na família Baptista! Pense na sua mãe, no seu pai! Lúcia, se você sobreviver, eu vou retomar o tratamento do Abelardo! Seus pais só têm você. Se você morrer, como eles vão seguir em frente? — Disse Sílvio, com a voz tomada pelo desespero.Lúcia esboçou um sorriso amargo. Se ele tivesse cedido antes, ela não teria fica
Lúcia abriu os olhos, grandes e cheios de raiva, sentindo o peito apertado, como se a ira estivesse presa e não conseguisse sair. Ela respirava com dificuldade, ofegante.Sílvio se aproximou, e ela, mesmo sem forças, tentou agarrar com dificuldade a camisa branca que ele usava por baixo do terno.Aquele canalha estava ameaçando-a com os pais dela de novo!— Então, se quer morrer, morra! Mas saiba que vai arcar com as consequências, e eu não me importo com isso! Abelardo já deveria ter morrido há tempos. Vocês três juntos no inferno, que lindo, né? Faço questão de encomendar um caixão enorme, para que possam ir de mãos dadas para o inferno. — Disse Sílvio, rindo.A mãe dela era sogra dele, o pai, sogro. Como ele podia falar essas barbaridades com tanta leveza e ainda por cima sorrindo?Lúcia não tinha mais forças nem para xingá-lo. Agarrava a camisa dele com força, amassando o tecido. As lágrimas nublaram novamente sua visão. Até o último momento, ela ainda tinha a ilusão de que ele cui
Ele e Lúcia sempre foram uma tragédia anunciada. A aproximação dele com ela nunca foi por amor, mas por vingança. Ele não deveria ter alimentado ilusões de cultivar um sentimento verdadeiro, de tentar reviver o passado.Sílvio observava a luz no horizonte se apagar lentamente, enquanto a lua e as estrelas subiam pelo céu. Mas a porta da sala de cirurgia continuava fechada.A ansiedade de Sílvio era palpável.Leopoldo, ao saber da notícia, também havia chegado. Trouxe uma refeição para Sílvio, que havia passado o dia inteiro sem comer. Com a perda do filho, Sílvio estava furioso e chocado. Ele sofria de problemas estomacais, e no início, o estômago doía, mas depois se tornou insensível.Sílvio lançou um olhar para a caixa de comida que Leopoldo havia lhe oferecido. Não tinha apetite. Na verdade, ele já havia passado da fome. Agora, só queria saber como Lúcia estava, se havia superado o perigo.— Presidente Sílvio, é melhor comer algo. O senhor já tem problemas no estômago. — Disse Leopo
A verdade era que Dr. Arthur havia administrado um medicamento a Lúcia para que ela morresse sem que ninguém percebessem, cumprindo assim as ordens de Giovana. Esse segredo ele jamais revelaria a Sílvio.— Presidente Sílvio, a Sra. Lúcia está grávida novamente, acabou de ser descoberto, está com duas semanas de gestação. Por favor, aceite minhas condolências. — Disse Dr. Arthur, sem mentir. O corpo de Lúcia realmente não estava em condições de suportar uma nova gravidez, mas mal havia sofrido um aborto e já estava grávida novamente.Giovana estava impaciente, então havia instruído Dr. Arthur a agir, da mesma forma que fez com Olga, para que Lúcia morresse na sala de cirurgia sem deixar rastros.O rosto de Sílvio mudou drasticamente. Grávida? O filho deles havia acabado de ser perdido e agora ela estava esperando outro? O filho deles estava voltando!Como poderia ela morrer agora? Ela não podia morrer, não podia!Sílvio entrou apressado na sala de cirurgia e foi até a mesa de operação.
O que ele poderia fazer? Como poderia segurar a vida dela?Não importava o quanto Sílvio a ameaçasse ou a provocasse, nada parecia surtir efeito. Seus olhos estavam como que lacrados, incapazes de se abrir.Sílvio estava com os olhos vermelhos e lágrimas escorrendo. Aquela mulher era realmente insensível! Mesmo esperando um filho dele, ela ainda escolhia deixá-lo. Era o cúmulo do egoísmo. Nem mesmo a família Baptista ela parecia se importar mais, a vida de Abelardo não era mais uma preocupação. Seus pais realmente haviam perdido tempo com ela!Lembrou-se das vezes em que Lúcia lhe perguntava com um olhar triste: “Sílvio, se um dia você descobrir que eu desapareci para sempre, que não há mais como me encontrar, você ficaria triste? Você choraria?”Ele havia respondido na época: “Não. Eu faria uma grande queima de fogos em seu funeral, desejando que você vá direto para o inferno.”Mas como ele poderia não estar triste? Como poderia não chorar?Sílvio sentia um aperto profundo no peito, u
Sílvio já estava irritado, e ao ouvir Leopoldo falar, sua raiva só aumentou:— Cala a boca!— Presidente Sílvio, sei que é difícil para o senhor aceitar a partida da senhora Lúcia, mas ela se foi. Deixe-a partir com dignidade. Vamos levá-la ao crematório, arrumá-la, vesti-la. Ela sempre gostou de estar bonita, com certeza não gostaria de partir desarrumada. — Insistiu Leopoldo, apesar do risco.Lúcia havia sido bondosa com ele, afinal, fora ela quem o apresentara à sua esposa. Ele também não queria que Lúcia morresse. Ela era tão boa, e ainda assim teve esse destino cruel. Quem disse que o bem sempre vence? Leopoldo sentia um aperto crescente no peito.Sílvio levantou-se do chão, colocou Lúcia de lado e avançou sobre Leopoldo, agarrando-o pelo colarinho e gritando:— Quem disse que ela morreu? Ela não pode ter morrido!— Presidente Sílvio...Leopoldo não esperava que seu chefe fosse tão obstinado. Talvez ele amasse tanto Lúcia que não conseguia aceitar a realidade.Sílvio soltou o cola
Abelardo continuava em estado vegetativo, sem mostrar qualquer sinal de melhora. Os aparelhos e os frascos de soro que deveriam estar conectados a ele haviam desaparecido, deixando-o lá, deitado como um morto-vivo, totalmente inerte.Sandra tentava ligar para Lúcia, mas, após várias tentativas, ninguém atendia. Ela queria saber se Lúcia havia conseguido contatar Sílvio e quando Abelardo poderia voltar a receber os medicamentos. Do jeito que as coisas estavam, seria uma questão de tempo até que algo pior acontecesse.Mas Lúcia não atendia, e Sandra, já desesperada, sentia-se cada vez mais frustrada.— Lúcia, por que está agindo como uma criança agora? Por que não atende o telefone? Conseguiu falar com aquele desgraçado do Sílvio ou não? — Sandra murmurava, enxugando as lágrimas que escorriam pelo rosto.Mal sabia ela que Sílvio já estava atrás dela, observando-a sem qualquer expressão:— Está me procurando?A voz fria e repentina fez Sandra estremecer. Ela virou-se devagar e encontrou S