Lúcia chorou até se cansar e, em seguida, pegou o celular para verificar a hora. Dez minutos já tinham se passado. Ele ainda não havia saído!Lúcia levantou-se do banco e caminhou até a porta do quarto. Através da janela de vidro na porta, viu Giovana se jogando nos braços de Sílvio. Temendo julgar mal Sílvio, ela continuou observando por mais alguns segundos.Giovana, no entanto, a viu e, talvez propositalmente, começou a chorar ainda mais, com lágrimas escorrendo pelo rosto, aparentemente dizendo algo. Sílvio, com uma expressão complicada, não a afastou. Lúcia deu um sorriso amargo. Ela entendeu tudo, absolutamente tudo. Não era de se estranhar que ele demorasse tanto para sair. Ele estava ocupado com Giovana. Era que ele só sairia depois de resolver tudo com ela? Lúcia sentiu-se tola por ter esperado. Por que ainda dava ouvidos a ele? — Cadê seu orgulho, Lúcia? E a sua dignidade? — Lúcia se questionou. Ele a magoou tanto, e ainda assim Lúcia acreditava nas palavras dele? Lúcia,
Sílvio, ao perceber que Giovana tinha levado a conversa até aquele ponto, não hesitou mais e saiu rapidamente. Ele tinha visto claramente o quão contrariada Lúcia estava ao pedir desculpas, e sabia que precisava alcançá-la. Sem olhar para trás, Sílvio deixou Giovana ali, sem ao menos lançar-lhe um último olhar. Giovana observou a silhueta dele se afastar, ficando cada vez menor até desaparecer completamente. “Sílvio, como eu poderia me contentar em ser apenas sua amiga? Roubei a ajuda que Lúcia te deu e me aproximei de você. Desde o começo, minha intenção nunca foi ser sua amiga! Aguentei anos de fingimento e dissimulação, como posso aceitar ser só isso no final?”Um sorriso amargo e cruel surgiu nos lábios de Giovana. O que ela queria não era só Sílvio. Ela queria toda a fortuna da família Baptista e o controle do Grupo Baptista! Desde o início, todo o esforço que Giovana dedicou a Sílvio foi com o objetivo de obter um retorno elevado, e, acima de tudo, de se vingar de Lúcia. Só d
Lúcia piscou seus olhos secos, sentindo-se momentaneamente tonta. O vento cortante como lâminas afiadas castigava seu rosto pálido. Sua primeira reação foi entrar no carro, porque o frio estava insuportável.Com as pernas já dormentes, Lúcia caminhou até o Bentley preto, mas quando seus dedos tocaram a maçaneta, a imagem de Giovana provocando-a, aninhando-se no colo dele, e a forma como ele parecia gostar, sem afastá-la, passou rapidamente por sua mente. Eles tinham acabado de fazer amor e a encontraram por acaso aqui?Lúcia apertou os lábios, retirou a mão da maçaneta e, virando-se, começou a caminhar pela estrada coberta de neve, movida pela raiva. Ela também tinha seu orgulho. Não era nenhum bichinho de estimação que, após levar um tapa, abanava o rabo só porque jogaram um osso.O Bentley preto rapidamente a seguiu, e o vidro do carro desceu com um movimento rápido. O som estridente da buzina machucou seus ouvidos, acompanhado da voz impaciente de Sílvio:— Eu mandei você me espera
Sílvio dirigia em silêncio, e ao perceber pelo canto do olho que ela estava com frio, ligou o aquecedor, ajustando o fluxo de ar quente na direção de Lúcia. A brisa morna começou a invadir seus dedos antes dormentes e seu corpo rígido, e Lúcia, aos poucos, recuperou seus pensamentos.Quando chegaram ao apartamento, Lúcia foi direta ao ponto:— Você pode voltar a medicar meu pai?A expressão de Sílvio se endureceu. Agora, tudo o que restava entre eles era Abelardo? Mas antes, quando estavam juntos, tinham tantos assuntos para conversar. Agora, só sabiam brigar.Lúcia percebeu a mudança na expressão dele e, achando que ele estava relutante, falou com um tom ansioso:— Arthur disse que se ele não receber o medicamento hoje à noite, ele vai morrer! Sílvio, eu já pedi desculpas, já entrei no carro como você quis. O que mais você quer de mim?Ela agarrou o casaco dele, cerrando os dentes. Ver como ela o tratava, como se ele fosse o inimigo, fazia a raiva crescer dentro de Sílvio. Ele pediu
A postura dele, como se estivesse chamando um gato de estimação, era algo que Lúcia odiava profundamente. Ela não queria ir até ele. Ela era uma pessoa orgulhosa. Mas ao pensar na situação desesperadora de seu pai, que precisava urgentemente da medicação, seus passos pesaram. Apertando o secador de cabelo em suas mãos, ela caminhou em direção a Sílvio, cada passo parecendo conduzi-la ao seu destino inevitável. Embora relutante, não tinha outra escolha. Quando chegou perto dele, Sílvio pegou o secador de suas mãos e o conectou na tomada.Lúcia sabia o que ele pretendia fazer, e quando ele estava prestes a tocar seus cabelos, ela deu um passo brusco para trás, como se tivesse levado um choque.— Está se esquivando de quê? — Perguntou irritado Sílvio.Talvez o gesto dela tivesse ferido o orgulho dele, pois sua expressão se fechou e suas sobrancelhas se franziram.Lúcia apertou os lábios, negando o óbvio:— Eu não me esquivei.— Então, por que não vem logo aqui?A voz de Sílvio ficou mais
Dizer o quão sem vergonha ele era? Ou como ele tratava ela e Giovana de maneira diferente?Lúcia não queria mais pensar nas injustiças, nas comparações dolorosas entre ela e Giovana. Todos os seus pensamentos agora estavam voltados para sua família. Antes de morrer, tudo o que queria era garantir que os seus estivessem bem cuidados, para que, com sua partida, todo o ódio também desaparecesse, se dissipando como fumaça. Chegar a esse ponto já era um grande esforço para ela. Já era mais do que suficiente.O que mais Sílvio queria dela?Ela piscou, tentando afastar as lágrimas que ameaçavam cair:— Sílvio, chega. Pare com isso.— Chega? Quem deveria estar dizendo isso sou eu. — Retrucou Sílvio, segurando o queixo de Lúcia com seus dedos frios.O rosto dele estava perigosamente próximo ao dela, seus narizes quase se tocando. A proximidade que deveria ser íntima, no entanto, não tinha nada de romântico.Instintivamente, Lúcia quis se afastar, o que fez a raiva e o ciúme de Sílvio aumentarem
Lúcia tremia de raiva. Toda vez que discutia com ele que não conseguia ganhar, Sílvio acabava envolvendo pessoas inocentes!Os dedos dela se apertaram involuntariamente.— Solte as mãos! — Ordenou Sílvio.A raiva fervia dentro dela, e Lúcia queria esbofeteá-lo, mandá-lo embora. Mas no fundo, ela ainda conservava um último resquício de sanidade.Basílio já a tinha salvado mais de uma vez, e ele não merecia ser arrastado para essa briga. Com esse pensamento, Lúcia soltou os punhos e deixou os braços caírem, impotentes, ao lado do corpo.O rosto de Sílvio, frio e severo, aproximava-se cada vez mais, até que ela podia sentir o calor de sua respiração. O perfume de Giovana ainda impregnava a camisa dele! Lúcia queria se afastar, mas sabia que não podia.Os lábios de Sílvio eram macios, mas tão frios quanto ele. Ela não queria sentir o cheiro do perfume de Giovana, então prendeu a respiração, fazendo o rosto corar. Sílvio, achando que ela estava envergonhada, prolongou o beijo, tornando-o ai
Lúcia havia mudado, tornando-se alguém que Sílvio mal reconhecia. Ele odiava essa nova versão dela! Ele queria de volta a Lúcia que só tinha olhos para ele, Sílvio, a Lúcia que pertencia exclusivamente a ele.Sílvio se levantou, ajeitando as dobras no terno:— Vai lá, negocia com o Basílio. Ele deve estar mais disposto a te ajudar.Ele disse, levantando-se para sair do quarto principal.Seu bom humor havia sido completamente arruinado por ela.Lúcia entrou em desespero. Como poderia deixá-lo ir? Se ele fosse embora, seu pai estaria condenado!Ela desceu da cama rapidamente, sem pensar muito, e envolveu a cintura dele, abraçando-o com força.— Sílvio, não é que eu não confie em você, mas você sempre faz isso! Se você realmente quisesse salvar meu pai, por que não fez essa ligação antes? — Perguntou Lúcia, confusa.O que ela não sabia era que Sílvio não estava minimamente interessado em ouvir sobre Abelardo. O que ele queria era a preocupação dela! O amor dela! E não que ela ficasse impl