— Não entre em conflito com o Sílvio. O bom senso manda que, quando se está em desvantagem, é melhor ceder. Estamos precisando da ajuda dele. Se você continuar brigando com ele, quem vai sair prejudicada seremos nós, e seu pai vai ser o maior prejudicado.…Lúcia mordeu os lábios em silêncio, sentindo um aperto no coração, sem saber o que responder. O que ela poderia dizer? Sim, o pai dela precisava retomar o tratamento. As amarras que a prendiam eram muitas, e ela sabia que não tinha o luxo de agir por capricho.— Filha, por favor, eu te imploro, vá falar com o Sílvio, peça com jeito. Você já é adulta, precisa pensar nas consequências das suas ações. Não podemos nos dar ao luxo de mais problemas. Eu não quero ver você sofrendo assim, muito menos quero que continue vivendo desse jeito. Mas eu não tenho condições, senão já teria tirado você desse inferno faz tempo. — Sandra lamentava, quase chorando pelo telefone.A voz da mãe a envolvia como uma rede sufocante, tirando-lhe o ar. Lúci
Ela havia dito que estava com uma doença terminal, que Giovana mandara Olga para matá-la, e até entregara o gravador como prova, mas ele sequer se importara. O olhar dele permanecia sempre frio, sem um pingo de calor. Mas com Giovana, ele era tão carinhoso e gentil!“Sílvio, você ainda não se divorciou! Você ainda é casado! Como pode ficar assim, de amores com ela, sem pensar nos meus sentimentos?”Essa frase ecoava na mente de Lúcia, mas ela sabia que ele não se importava.Se ele se importasse, não a trataria assim, com palavras tão cruéis, não desejaria a sua morte e nem a forçaria a pedir desculpas para a amante dele.Lúcia baixou os olhos, desviando o olhar. Não queria mais ver aquela cena. A imagem dele alimentando Giovana era um golpe muito duro para suportar!Ela queria sair dali imediatamente, mas não podia. O estado do pai era crítico, e ela estava sem saída.Não tinha escolha a não ser pedir desculpas ao algoz do seu pai.Não havia como fugir, esse era o destino dela.Lúcia
— Ela errou, e deveria te pedir desculpas. Só o fato de você aceitar um pedido de desculpas já mostra o quanto você é generosa. — Disse Sílvio, com a voz grave.Na verdade, Sílvio também não queria que Lúcia pedisse desculpas, afinal, ela era sua esposa. Mas o que Lúcia fez foi grave. Se Giovana decidisse levar o caso adiante, Lúcia certamente enfrentaria um processo e, quem sabe, até mesmo uma longa pena de prisão.Se um simples pedido de desculpas poderia evitar todo esse problema e acalmar Giovana, por que não fazê-lo? Então, Sílvio decidiu encenar, sendo propositalmente rude com Lúcia na frente de Giovana, apenas para apaziguá-la.— O que você ainda está fazendo aí parada? Não sabe pedir desculpas? Quer que eu te ensine? — Sílvio falou, impaciente, dirigindo-se a Lúcia.Lúcia piscou, sentindo os olhos secos, e mordeu os lábios. Ele estava gritando com ela, tão impaciente, tudo por causa de Giovana.Com seu temperamento, ela queria avançar e dar um tapa na cara daquela mulher, dep
Lúcia chorou até se cansar e, em seguida, pegou o celular para verificar a hora. Dez minutos já tinham se passado. Ele ainda não havia saído!Lúcia levantou-se do banco e caminhou até a porta do quarto. Através da janela de vidro na porta, viu Giovana se jogando nos braços de Sílvio. Temendo julgar mal Sílvio, ela continuou observando por mais alguns segundos.Giovana, no entanto, a viu e, talvez propositalmente, começou a chorar ainda mais, com lágrimas escorrendo pelo rosto, aparentemente dizendo algo. Sílvio, com uma expressão complicada, não a afastou. Lúcia deu um sorriso amargo. Ela entendeu tudo, absolutamente tudo. Não era de se estranhar que ele demorasse tanto para sair. Ele estava ocupado com Giovana. Era que ele só sairia depois de resolver tudo com ela? Lúcia sentiu-se tola por ter esperado. Por que ainda dava ouvidos a ele? — Cadê seu orgulho, Lúcia? E a sua dignidade? — Lúcia se questionou. Ele a magoou tanto, e ainda assim Lúcia acreditava nas palavras dele? Lúcia,
Sílvio, ao perceber que Giovana tinha levado a conversa até aquele ponto, não hesitou mais e saiu rapidamente. Ele tinha visto claramente o quão contrariada Lúcia estava ao pedir desculpas, e sabia que precisava alcançá-la. Sem olhar para trás, Sílvio deixou Giovana ali, sem ao menos lançar-lhe um último olhar. Giovana observou a silhueta dele se afastar, ficando cada vez menor até desaparecer completamente. “Sílvio, como eu poderia me contentar em ser apenas sua amiga? Roubei a ajuda que Lúcia te deu e me aproximei de você. Desde o começo, minha intenção nunca foi ser sua amiga! Aguentei anos de fingimento e dissimulação, como posso aceitar ser só isso no final?”Um sorriso amargo e cruel surgiu nos lábios de Giovana. O que ela queria não era só Sílvio. Ela queria toda a fortuna da família Baptista e o controle do Grupo Baptista! Desde o início, todo o esforço que Giovana dedicou a Sílvio foi com o objetivo de obter um retorno elevado, e, acima de tudo, de se vingar de Lúcia. Só d
Lúcia piscou seus olhos secos, sentindo-se momentaneamente tonta. O vento cortante como lâminas afiadas castigava seu rosto pálido. Sua primeira reação foi entrar no carro, porque o frio estava insuportável.Com as pernas já dormentes, Lúcia caminhou até o Bentley preto, mas quando seus dedos tocaram a maçaneta, a imagem de Giovana provocando-a, aninhando-se no colo dele, e a forma como ele parecia gostar, sem afastá-la, passou rapidamente por sua mente. Eles tinham acabado de fazer amor e a encontraram por acaso aqui?Lúcia apertou os lábios, retirou a mão da maçaneta e, virando-se, começou a caminhar pela estrada coberta de neve, movida pela raiva. Ela também tinha seu orgulho. Não era nenhum bichinho de estimação que, após levar um tapa, abanava o rabo só porque jogaram um osso.O Bentley preto rapidamente a seguiu, e o vidro do carro desceu com um movimento rápido. O som estridente da buzina machucou seus ouvidos, acompanhado da voz impaciente de Sílvio:— Eu mandei você me espera
Sílvio dirigia em silêncio, e ao perceber pelo canto do olho que ela estava com frio, ligou o aquecedor, ajustando o fluxo de ar quente na direção de Lúcia. A brisa morna começou a invadir seus dedos antes dormentes e seu corpo rígido, e Lúcia, aos poucos, recuperou seus pensamentos.Quando chegaram ao apartamento, Lúcia foi direta ao ponto:— Você pode voltar a medicar meu pai?A expressão de Sílvio se endureceu. Agora, tudo o que restava entre eles era Abelardo? Mas antes, quando estavam juntos, tinham tantos assuntos para conversar. Agora, só sabiam brigar.Lúcia percebeu a mudança na expressão dele e, achando que ele estava relutante, falou com um tom ansioso:— Arthur disse que se ele não receber o medicamento hoje à noite, ele vai morrer! Sílvio, eu já pedi desculpas, já entrei no carro como você quis. O que mais você quer de mim?Ela agarrou o casaco dele, cerrando os dentes. Ver como ela o tratava, como se ele fosse o inimigo, fazia a raiva crescer dentro de Sílvio. Ele pediu
A postura dele, como se estivesse chamando um gato de estimação, era algo que Lúcia odiava profundamente. Ela não queria ir até ele. Ela era uma pessoa orgulhosa. Mas ao pensar na situação desesperadora de seu pai, que precisava urgentemente da medicação, seus passos pesaram. Apertando o secador de cabelo em suas mãos, ela caminhou em direção a Sílvio, cada passo parecendo conduzi-la ao seu destino inevitável. Embora relutante, não tinha outra escolha. Quando chegou perto dele, Sílvio pegou o secador de suas mãos e o conectou na tomada.Lúcia sabia o que ele pretendia fazer, e quando ele estava prestes a tocar seus cabelos, ela deu um passo brusco para trás, como se tivesse levado um choque.— Está se esquivando de quê? — Perguntou irritado Sílvio.Talvez o gesto dela tivesse ferido o orgulho dele, pois sua expressão se fechou e suas sobrancelhas se franziram.Lúcia apertou os lábios, negando o óbvio:— Eu não me esquivei.— Então, por que não vem logo aqui?A voz de Sílvio ficou mais