Sílvio ficou ainda mais irritado ao ver a expressão desafiadora de Lúcia. Como ela ousava fazer birra depois do que tinha feito? Quem lhe dava tanta coragem?Sílvio bateu com força na mesa e gritou:— Você está me ameaçando? Ficou maluca?Lúcia tremeu de medo e levantou o rosto pálido e doentio, forçando um sorriso:— Não é ameaça, só estou dizendo a verdade. Já que você preparou um caixão pra mim, pode providenciar outro pro meu pai também.— Acabou de comer? Vem comigo agora. — Sílvio falou, tentando controlar o impulso de estrangulá-la.Lúcia não se intimidou:— Não quero ir a lugar nenhum.— Se você realmente quer ver seu pai morto, é só continuar me desobedecendo. — Sílvio respondeu, furioso com a atitude dela. Como ela podia desafiar cada palavra sua?Ela deveria estar tentando agradá-lo, já que era quem estava em dívida e precisava dele. Mas não, nem uma palavra de gentileza, nem uma atitude submissa.Ao ouvir isso, Lúcia se acalmou instantaneamente e perguntou, surpresa:— Pr
Lúcia estava tão fraca que seus lábios estavam sem cor, gelados. Sílvio ligou o aquecedor e ajustou a saída de ar. Ela sentiu o calor envolver seus dedos, e finalmente começou a relaxar.— Giovana foi diagnosticada com depressão. — Disse Sílvio, com a voz fria e sombria.Ela não se importava nem um pouco, e respondeu de forma indiferente:— Ah.— "Ah" o quê? Não tem nada a dizer? — Ele retrucou com sarcasmo.Lúcia não sabia se ele estava apenas tentando provocar ou se realmente precisava descarregar sua frustração nela. Giovana era sua rival, a mulher que havia destruído sua família, a assassina que quase tirou sua vida em Viana. Giovana ter sido diagnosticada com depressão era nada mais que merecido! Era a justiça divina!E ele ainda tinha a ousadia de perguntar o que ela tinha a dizer sobre isso?Lúcia soltou uma risada amarga:— Não tenho nada a dizer.— Mas eu quero que você diga! — Ele insistiu, teimando em pressioná-la.— Então só posso dizer que o universo é justo. O que vai,
Lúcia sentiu como se sua mente tivesse explodido, deixando sua cabeça completamente vazia. Como assim a depressão de Giovana era culpa dela? O choque era evidente em seus olhos, e isso só fez Sílvio apertar seu queixo com mais força, enquanto zombava:— Está se fazendo de inocente? Foi você que tirou aquela foto falsa, armou tudo para levá-la até a margem do lago, onde não havia câmeras, e cortou o rosto dela com uma faca. Lúcia, você é realmente cruel!— Foi isso que ela te contou? — Lúcia começou a entender. Giovana estava usando mais uma de suas artimanhas.Como Sílvio, seu próprio marido, podia acreditar tão cegamente na palavra de sua amante? Ele não se dava ao trabalho de investigar a verdade antes de acusá-la?Sílvio não sabia que Giovana havia atraído Lúcia até o lago, chutado seu estômago com o salto do sapato e afundado sua cabeça na água? Ou será que sabia? Afinal, Giovana já havia mencionado isso para ele. Ele estava ansioso para vê-la morrer e ficou frustrado quando el
Ele não tinha ideia de como suas palavras soaram aos ouvidos de Lúcia, distorcendo o que ela pensava. Ela sentia que não havia mais espaço para dúvidas: ele queria matá-la, e estava cada vez mais evidente.— Lembra o que eu te disse, Lúcia? Não mexa com ela!— Eu não mexi com ela! — Lúcia gritou, perdendo o controle.Sílvio soltou seu queixo abruptamente, um sorriso frio curvando seus lábios:— Você desfigurou o rosto dela, fez com que ela desenvolvesse depressão, e ainda tem coragem de dizer que não mexeu com ela? Por sua causa, ela tentou se matar várias vezes!— Isso é pura manipulação, Sílvio! Você não consegue enxergar? Ficou cego? — Lúcia rosnou, a voz cheia de desespero.Ele franziu as sobrancelhas e a feriu com suas palavras mais cruéis:— Você acha que ela é tão podre quanto você, capaz de fazer mal aos outros?Lúcia ficou muda, a raiva queimando em seu peito como um incêndio incontrolável. Podre? Capaz de fazer mal?Se ela fosse realmente podre, como teria sido tão tola a po
— Eu, Lúcia, juro que se eu tivesse machucado o rosto da Giovana e causado a depressão dela, que eu morra atropelada na rua, que eu não tenha um final bom! — Lúcia gritou, chorando, com as veias pulsando na testa.Sílvio a observava com um olhar complexo. Se não fosse por ter visto o estado deplorável de Giovana, ele poderia ter acreditado nas palavras de Lúcia.Giovana havia feito muito por ele. Sem ela, ele não teria chegado onde estava. Não poderia duvidar da sua benfeitora. Portanto, ele via tudo aquilo como uma performance de Lúcia, uma tentativa de escapar da responsabilidade.— Para não ter que se desculpar, você ainda tem coragem de se amaldiçoar? Lúcia, você realmente me surpreende! — Sílvio a desprezou com um olhar.Ela sorriu com amargura, já havia explicado o que tinha que explicar e feito os votos que precisava. Mas ele simplesmente não acreditava nela. E o que mais ela poderia fazer?Sílvio tinha seus métodos.— Desça do carro e venha se desculpar com ela! — Sílvio ordeno
— Não entre em conflito com o Sílvio. O bom senso manda que, quando se está em desvantagem, é melhor ceder. Estamos precisando da ajuda dele. Se você continuar brigando com ele, quem vai sair prejudicada seremos nós, e seu pai vai ser o maior prejudicado.…Lúcia mordeu os lábios em silêncio, sentindo um aperto no coração, sem saber o que responder. O que ela poderia dizer? Sim, o pai dela precisava retomar o tratamento. As amarras que a prendiam eram muitas, e ela sabia que não tinha o luxo de agir por capricho.— Filha, por favor, eu te imploro, vá falar com o Sílvio, peça com jeito. Você já é adulta, precisa pensar nas consequências das suas ações. Não podemos nos dar ao luxo de mais problemas. Eu não quero ver você sofrendo assim, muito menos quero que continue vivendo desse jeito. Mas eu não tenho condições, senão já teria tirado você desse inferno faz tempo. — Sandra lamentava, quase chorando pelo telefone.A voz da mãe a envolvia como uma rede sufocante, tirando-lhe o ar. Lúci
Ela havia dito que estava com uma doença terminal, que Giovana mandara Olga para matá-la, e até entregara o gravador como prova, mas ele sequer se importara. O olhar dele permanecia sempre frio, sem um pingo de calor. Mas com Giovana, ele era tão carinhoso e gentil!“Sílvio, você ainda não se divorciou! Você ainda é casado! Como pode ficar assim, de amores com ela, sem pensar nos meus sentimentos?”Essa frase ecoava na mente de Lúcia, mas ela sabia que ele não se importava.Se ele se importasse, não a trataria assim, com palavras tão cruéis, não desejaria a sua morte e nem a forçaria a pedir desculpas para a amante dele.Lúcia baixou os olhos, desviando o olhar. Não queria mais ver aquela cena. A imagem dele alimentando Giovana era um golpe muito duro para suportar!Ela queria sair dali imediatamente, mas não podia. O estado do pai era crítico, e ela estava sem saída.Não tinha escolha a não ser pedir desculpas ao algoz do seu pai.Não havia como fugir, esse era o destino dela.Lúcia
— Ela errou, e deveria te pedir desculpas. Só o fato de você aceitar um pedido de desculpas já mostra o quanto você é generosa. — Disse Sílvio, com a voz grave.Na verdade, Sílvio também não queria que Lúcia pedisse desculpas, afinal, ela era sua esposa. Mas o que Lúcia fez foi grave. Se Giovana decidisse levar o caso adiante, Lúcia certamente enfrentaria um processo e, quem sabe, até mesmo uma longa pena de prisão.Se um simples pedido de desculpas poderia evitar todo esse problema e acalmar Giovana, por que não fazê-lo? Então, Sílvio decidiu encenar, sendo propositalmente rude com Lúcia na frente de Giovana, apenas para apaziguá-la.— O que você ainda está fazendo aí parada? Não sabe pedir desculpas? Quer que eu te ensine? — Sílvio falou, impaciente, dirigindo-se a Lúcia.Lúcia piscou, sentindo os olhos secos, e mordeu os lábios. Ele estava gritando com ela, tão impaciente, tudo por causa de Giovana.Com seu temperamento, ela queria avançar e dar um tapa na cara daquela mulher, dep