Leopoldo hesitou, sem dizer nada por um longo tempo.Sílvio, sendo um homem astuto, logo percebeu a verdade.Ela estava mesmo com Basílio. Para ficar com o filho bastardo da família Araújo, ela carregava o filho dele e estava vivendo junto com ele.Ao pensar nessa verdade inaceitável, Sílvio sentiu o sangue ferver.De acordo com as informações dos informantes, ela estava em Viana. Não era de se admirar que não conseguissem encontrá-la, ela nunca havia retornado à Cidade A.Naquela mesma noite, Sílvio mal tocou na comida e logo embarcou em seu jato particular rumo à casa alugada onde Lúcia estava.Após aterrissar, Leopoldo dirigiu por mais duas horas, seguindo o GPS.O Bentley preto entrou em uma estradinha rural estreita, ladeada por campos verdes de trigo, que brilhavam sob a fria luz do luar, como se cobertos por um manto dourado e etéreo.Parecia um sonho irreal.Sílvio, nos últimos dias, não conseguia comer nem dormir direito por causa do desaparecimento de Lúcia. Seus olhos estava
A proprietária deu uma olhada na foto e confirmou com a cabeça:— Sim, é ele mesmo. Então, vocês se conhecem, hein?Sílvio soltou uma risada sarcástica. No caminho até ali, ele ainda nutria um pouco de esperança.Pensava que talvez estivesse enganado, que talvez Lúcia estivesse ali sozinha.Mas não, ela realmente estava vivendo com Basílio, tão tarde e ainda juntos!— Mostre o caminho! — Ordenou Sílvio, com o rosto cada vez mais sombrio.A mulher se virou e começou a subir os degraus de concreto da escada.A escada era escura, iluminada apenas por uma lâmpada de sensor que mal clareava o ambiente.Cada passo de Sílvio parecia pesado, como se houvesse uma pedra sobre seu coração, sufocando-o, apertando-o.Não era de se espantar que ela tivesse cortado contato, que até mesmo Abelardo não a preocupasse mais. Basílio parecia ser muito importante para ela.Mais importante do que ele, seu próprio marido!De repente, Sílvio se sentiu ridículo, um tolo.Ela estava ali, curtindo sua liberdade,
O quarto estava completamente escuro.A proprietária apertou o interruptor na parede e a lâmpada no teto se acendeu, iluminando o ambiente de forma abrupta.Sílvio olhou ao redor, e notou que a decoração do quarto era razoável, muito melhor do que a impressão externa da casa.A cama estava com os lençóis bagunçados, mas não havia ninguém ali.Sílvio foi até o banheiro, depois à cozinha, e verificou o guarda-roupa e atrás das cortinas.Não havia nenhum sinal de Lúcia!O rosto de Sílvio se contorceu em uma expressão de raiva.— Onde ela está? — Perguntou Leopoldo, visivelmente irritado, olhando para a proprietária.— Eu não sei! — Respondeu a mulher, confusa. — Há meia hora ela estava aqui. Aquele senhor até trouxe comida para ela.Sílvio imediatamente notou uma mochila preta sobre o armário.Era a mochila de Lúcia!Ele se aproximou, abriu a mochila e encontrou um copo que ele havia comprado para ela, o qual ela sempre levava consigo.A proprietária não estava mentindo. Lúcia realmente h
Lúcia desceu do carro, fechou a porta e correu em direção à entrada do hospital!Ela corria rápido, apressada, mas ainda assim perdeu o elevador.Desesperada, as lágrimas começaram a rolar.Seu pai estava naquela situação por causa dela, e agora ele havia partido tão rapidamente.Como estaria sua mãe agora?Lúcia tinha sofrido um aborto há poucos dias, e seu corpo ainda estava fraco. A tristeza fazia a dor no útero se intensificar, como se mãos invisíveis a estivessem rasgando por dentro.Ding!Finalmente, o elevador chegou!Lúcia entrou apressadamente e apertou o botão do andar.Seu nariz ardia, a garganta estava apertada, como se uma agulha a estivesse perfurando, incapaz de engolir ou gritar.As lágrimas continuavam a cair sem controle, já havia chorado por horas.Ela sabia que o que estava feito, estava feito, e que chorar não adiantaria, não mudaria nada.Mas ela não conseguia se controlar. Era tão inútil! Além de chorar, não podia fazer mais nada!Talvez por ter chorado tanto, as
Ao ouvir o nome de Sílvio, Lúcia sentiu um frio na espinha, e seus dedos começaram a tremer.Uma sensação de repulsa percorreu seu corpo, mas, por causa de seu pai, ela engoliu o desconforto e pegou o telefone da mão de Sandra.O telefone chamou várias vezes, mas logo a mensagem automática informou que o número estava fora de área.Lúcia desligou.Sandra, em desespero, começou a chorar. Lúcia enxugou suas lágrimas:— Mãe, não se preocupe, vou atrás dele. O papai vai ficar bem, ele vai ficar bem.Dizendo isso, Lúcia virou-se para sair.Com o que conhecia de Sílvio, ele provavelmente estaria trabalhando no Grupo Baptista. Era o típico workaholic, um robô que só se importava com lucro e jamais descansava!— Lúcia. — Sandra chamou-a de repente.Ela se virou, confusa. Sandra se aproximou e segurou suas mãos:— Onde você esteve esses dias? Aconteceu alguma coisa com você?Lúcia hesitou. De fato, algo terrível havia acontecido. Ela quase morreu, e o bebê em seu ventre foi perdido por causa de
Lúcia soltou uma risada amarga. Fugir? Será que foi ela que fugiu?Tudo isso não foi planejado por Sílvio? Ele realmente era um ótimo ator. Mas o que ele ganhava mantendo essa fachada de homem apaixonado?Sentindo-se sufocada, Lúcia acariciou as penas do papagaio e saiu da varanda.Nesse instante, o telefone tocou.Ela pensou que pudesse ser Sílvio, mas ao ver o visor, sentiu uma pontada de decepção.Atendeu, e a voz profunda do médico ressoou do outro lado da linha:— Srta. Lúcia, como está se sentindo?— Na mesma. — Lúcia não quis dizer a verdade. Desde o aborto, seu corpo estava cada vez mais frágil.Os médicos em Viana haviam sido claros: ela tinha, no máximo, mais duas semanas de vida, e isso se mantivesse um bom estado de espírito e seguisse o tratamento. Caso contrário, poderia morrer a qualquer momento.O médico continuou:— E quanto ao bebê? Eu ainda recomendo que você o retire o quanto antes. Se esperar demais, pode ser tarde demais para agir.— O bebê não resistiu. Estou me
Sílvio, com expressão fechada, atirou as chaves do carro no aparador com força, fazendo um barulho seco e forte.Lúcia, que ainda estava ao telefone, sobressaltou-se com o som e levantou os olhos, vendo Sílvio se aproximar com passos firmes, o rosto sombrio, envolto em um casaco preto que destacava sua figura imponente.Basílio percebeu a tensão na voz de Lúcia e, preocupado, perguntou o que havia acontecido. Forçando um sorriso, ela disse que tinha surgido um imprevisto e encerrou a ligação rapidamente.Com o celular ainda apertado nas mãos, Lúcia fitou o homem que se aproximava, enquanto as palavras de Giovana ecoavam em sua mente como um alarme estridente: "Você acha que fui eu que quis te matar? Foi o Sílvio que não aguentou mais esperar! Ele quer ver você morta! Como você ainda não percebeu o quanto ele deseja sua morte?"A voz cortante de Giovana reverberava na cabeça de Lúcia, como se quisesse enlouquecê-la.Essa não era a primeira vez que ele tentava matá-la. Agora ela entendi
Sílvio sentiu o cheiro de outro homem nas roupas dela. Reconheceu imediatamente o aroma do perfume de Basílio.Lúcia, no entanto, estava mais preocupada com a urgência da situação, mordendo os lábios enquanto implorava:— Sílvio, por favor, retome o tratamento do meu pai!Ela usou a palavra “por favor”.— Você não entende o que eu digo? Vai trocar de roupa agora! — Sílvio gritou, perdendo a paciência.Foi nesse momento que Lúcia percebeu o quanto ele já estava farto dela. Não era de se admirar que tivesse mandado alguém tentar matá-la.Sentindo-se humilhada, as lágrimas começaram a encher seus olhos, mas ela não queria se mostrar tão vulnerável na frente dele. Lutando contra o choro, Lúcia correu para o closet.Assim que fechou a porta, ela encostou-se no painel rígido e frio, tapando a boca com as mãos enquanto soluçava baixinho.“Sílvio, eu sou sua esposa... Você tem ideia de que quase morri nesses últimos dias? Será que é pedir demais que você me trate com um mínimo de carinho? Mesm