Sílvio, com expressão fechada, atirou as chaves do carro no aparador com força, fazendo um barulho seco e forte.Lúcia, que ainda estava ao telefone, sobressaltou-se com o som e levantou os olhos, vendo Sílvio se aproximar com passos firmes, o rosto sombrio, envolto em um casaco preto que destacava sua figura imponente.Basílio percebeu a tensão na voz de Lúcia e, preocupado, perguntou o que havia acontecido. Forçando um sorriso, ela disse que tinha surgido um imprevisto e encerrou a ligação rapidamente.Com o celular ainda apertado nas mãos, Lúcia fitou o homem que se aproximava, enquanto as palavras de Giovana ecoavam em sua mente como um alarme estridente: "Você acha que fui eu que quis te matar? Foi o Sílvio que não aguentou mais esperar! Ele quer ver você morta! Como você ainda não percebeu o quanto ele deseja sua morte?"A voz cortante de Giovana reverberava na cabeça de Lúcia, como se quisesse enlouquecê-la.Essa não era a primeira vez que ele tentava matá-la. Agora ela entendi
Sílvio sentiu o cheiro de outro homem nas roupas dela. Reconheceu imediatamente o aroma do perfume de Basílio.Lúcia, no entanto, estava mais preocupada com a urgência da situação, mordendo os lábios enquanto implorava:— Sílvio, por favor, retome o tratamento do meu pai!Ela usou a palavra “por favor”.— Você não entende o que eu digo? Vai trocar de roupa agora! — Sílvio gritou, perdendo a paciência.Foi nesse momento que Lúcia percebeu o quanto ele já estava farto dela. Não era de se admirar que tivesse mandado alguém tentar matá-la.Sentindo-se humilhada, as lágrimas começaram a encher seus olhos, mas ela não queria se mostrar tão vulnerável na frente dele. Lutando contra o choro, Lúcia correu para o closet.Assim que fechou a porta, ela encostou-se no painel rígido e frio, tapando a boca com as mãos enquanto soluçava baixinho.“Sílvio, eu sou sua esposa... Você tem ideia de que quase morri nesses últimos dias? Será que é pedir demais que você me trate com um mínimo de carinho? Mesm
Apenas com aquela frase, Lúcia se acalmou instantaneamente. Não lutou mais, não insistiu e nem se fez de teimosa. Sempre que ele ficava insatisfeito, usava a saúde do pai dela como arma para forçá-la a se submeter. Sem falhar uma única vez.Ela achava que já estava acostumada, mas seu coração ainda se apertava dolorosamente.Ao ver que ela obedecia, a raiva de Sílvio começou a diminuir.Toc-toc… A porta do apartamento foi batida.Sílvio a soltou.E seu celular começou a tocar.Ele atendeu e, virando-se, desceu as escadas enquanto dizia:— Giovana...O coração de Lúcia acelerou. Giovana estava ligando para ele? Ele mal tinha chegado e já estava indo encontrar-se com ela?Sílvio desceu as escadas ao telefone.— Sílvio... — Lúcia o chamou, querendo saber quando o tratamento do pai seria retomado.Ele nem se deu ao trabalho de responder e simplesmente continuou a descer.Antes que ela pudesse se afundar na tristeza, recebeu uma ligação de Sandra.— Filha, você viu o Sílvio? — A voz da mã
Ele só sabia que havia um filho dele crescendo dentro dela. E por isso, precisava garantir que ela estivesse bem alimentada. Assim que a criança nascesse, todo o foco dela estaria voltado para o bebê.Que ironia. Aquela relação que antes era tão forte agora precisava de um filho para se sustentar.Lúcia estava à beira das lágrimas, mas não podia irritá-lo. Sem escolha, puxou uma cadeira, sentou-se e começou a comer o mais rápido que pôde.As lágrimas, incontroláveis e desesperadas, escorriam pelo rosto. Seu pai estava entre a vida e a morte, e ela ali, obrigada a comer com ele!Um nó de chumbo parecia obstruir sua garganta, tornando cada momento ainda mais insuportável.Sílvio, ao vê-la soluçar, instintivamente pegou um lenço de papel, quase oferecendo a ela. Mas então lembrou-se de que ela havia sumido por causa de Basílio, e que os dois chegaram a morar juntos por alguns dias.Seu rosto voltou a se endurecer, e ele amassou o lenço na mão:— Pra que esse choro todo? Guarda as lágrima
Sílvio ficou ainda mais irritado ao ver a expressão desafiadora de Lúcia. Como ela ousava fazer birra depois do que tinha feito? Quem lhe dava tanta coragem?Sílvio bateu com força na mesa e gritou:— Você está me ameaçando? Ficou maluca?Lúcia tremeu de medo e levantou o rosto pálido e doentio, forçando um sorriso:— Não é ameaça, só estou dizendo a verdade. Já que você preparou um caixão pra mim, pode providenciar outro pro meu pai também.— Acabou de comer? Vem comigo agora. — Sílvio falou, tentando controlar o impulso de estrangulá-la.Lúcia não se intimidou:— Não quero ir a lugar nenhum.— Se você realmente quer ver seu pai morto, é só continuar me desobedecendo. — Sílvio respondeu, furioso com a atitude dela. Como ela podia desafiar cada palavra sua?Ela deveria estar tentando agradá-lo, já que era quem estava em dívida e precisava dele. Mas não, nem uma palavra de gentileza, nem uma atitude submissa.Ao ouvir isso, Lúcia se acalmou instantaneamente e perguntou, surpresa:— Pr
Lúcia estava tão fraca que seus lábios estavam sem cor, gelados. Sílvio ligou o aquecedor e ajustou a saída de ar. Ela sentiu o calor envolver seus dedos, e finalmente começou a relaxar.— Giovana foi diagnosticada com depressão. — Disse Sílvio, com a voz fria e sombria.Ela não se importava nem um pouco, e respondeu de forma indiferente:— Ah.— "Ah" o quê? Não tem nada a dizer? — Ele retrucou com sarcasmo.Lúcia não sabia se ele estava apenas tentando provocar ou se realmente precisava descarregar sua frustração nela. Giovana era sua rival, a mulher que havia destruído sua família, a assassina que quase tirou sua vida em Viana. Giovana ter sido diagnosticada com depressão era nada mais que merecido! Era a justiça divina!E ele ainda tinha a ousadia de perguntar o que ela tinha a dizer sobre isso?Lúcia soltou uma risada amarga:— Não tenho nada a dizer.— Mas eu quero que você diga! — Ele insistiu, teimando em pressioná-la.— Então só posso dizer que o universo é justo. O que vai,
Lúcia sentiu como se sua mente tivesse explodido, deixando sua cabeça completamente vazia. Como assim a depressão de Giovana era culpa dela? O choque era evidente em seus olhos, e isso só fez Sílvio apertar seu queixo com mais força, enquanto zombava:— Está se fazendo de inocente? Foi você que tirou aquela foto falsa, armou tudo para levá-la até a margem do lago, onde não havia câmeras, e cortou o rosto dela com uma faca. Lúcia, você é realmente cruel!— Foi isso que ela te contou? — Lúcia começou a entender. Giovana estava usando mais uma de suas artimanhas.Como Sílvio, seu próprio marido, podia acreditar tão cegamente na palavra de sua amante? Ele não se dava ao trabalho de investigar a verdade antes de acusá-la?Sílvio não sabia que Giovana havia atraído Lúcia até o lago, chutado seu estômago com o salto do sapato e afundado sua cabeça na água? Ou será que sabia? Afinal, Giovana já havia mencionado isso para ele. Ele estava ansioso para vê-la morrer e ficou frustrado quando el
Ele não tinha ideia de como suas palavras soaram aos ouvidos de Lúcia, distorcendo o que ela pensava. Ela sentia que não havia mais espaço para dúvidas: ele queria matá-la, e estava cada vez mais evidente.— Lembra o que eu te disse, Lúcia? Não mexa com ela!— Eu não mexi com ela! — Lúcia gritou, perdendo o controle.Sílvio soltou seu queixo abruptamente, um sorriso frio curvando seus lábios:— Você desfigurou o rosto dela, fez com que ela desenvolvesse depressão, e ainda tem coragem de dizer que não mexeu com ela? Por sua causa, ela tentou se matar várias vezes!— Isso é pura manipulação, Sílvio! Você não consegue enxergar? Ficou cego? — Lúcia rosnou, a voz cheia de desespero.Ele franziu as sobrancelhas e a feriu com suas palavras mais cruéis:— Você acha que ela é tão podre quanto você, capaz de fazer mal aos outros?Lúcia ficou muda, a raiva queimando em seu peito como um incêndio incontrolável. Podre? Capaz de fazer mal?Se ela fosse realmente podre, como teria sido tão tola a po