— Certo. Só quero um pedido de desculpas.Giovana o observou proteger Lúcia com tanta intensidade que o ciúme quase a fez explodir de raiva. No entanto, seu rosto permaneceu com uma expressão de fragilidade e sofrimento.Assim que Sílvio saiu, um sorriso cruel surgiu em seus lábios. “Você está sonhando, Sílvio. Você quer que Lúcia volte para me pedir desculpas? Seria mais provável que ela fizesse isso no inferno!”Lúcia já havia sido levada pelas águas do lago, e ninguém tinha visto seu corpo. Quem sabe agora ele já estivesse inchado e irreconhecível. Esperava que ela voltasse? Nem pensar!“Eu, por outro lado, avançarei aos poucos, explorando sua culpa e ocupando o espaço em seu coração, Sílvio. Não só você, mas toda a família Baptista estará nas minhas mãos.”Com esse pensamento, Giovana sentiu uma onda de satisfação.Depois de sair do hospital, Sílvio dirigiu diretamente para o hospital onde Abelardo estava internado. Ao entrar no quarto, ouviu Sandra chorando enquanto tentava, sem
Sílvio caminhava pelas ruas.As ruas estavam tão cheias de pessoas como sempre, com inúmeros casais passando por ele de mãos dadas, entrelaçados e abraçados. Um dia, ele e Lúcia também tinham sido assim, tão felizes. Mas agora, ela havia desaparecido.De repente, começou a cair neve do céu, cobrindo sua cabeça e ombros. Ele estendeu a mão, e os flocos de neve pousaram em sua palma larga e quente, derretendo-se instantaneamente em uma poça de água fria.Lúcia costumava dizer que amava a neve mais do que qualquer outra coisa, porque, para ela, a neve era a coisa mais pura deste mundo, capaz de lavar todas as impurezas.No prédio do outro lado da rua, um telão continuava a exibir a notícia: [Abelardo faleceu, cerimônia de despedida amanhã na funerária.]Com uma cobertura tão ampla, Sílvio não acreditava que Lúcia não soubesse.A única explicação era que ela sabia, mas não se importava mais. Desde que pudesse escapar do controle dele, da sua tortura, nada mais importava para ela.A idei
Ela não voltou!Marina notou o desapontamento nos olhos dele e sorriu, sem jeito:— Senhor, a Srta. Lúcia ainda não voltou?Ele não queria responder a essa pergunta. Nos últimos dias, muitas pessoas haviam perguntado isso, e ele mesmo já tinha feito essa pergunta a vários outros.— Eu não te dei folga? Por que está aqui? — Sílvio franziu a testa.Marina sorriu ao explicar:— Vim para limpar a casa, regar as plantas da Srta. Lúcia e alimentar o papagaio.Sílvio se virou e saiu da cozinha. A figura solitária do homem tocou o coração de Marina:— Senhor, o senhor já jantou? Quer que eu prepare algo simples?— Não precisa. Quando terminar, pode ir embora.A voz fria de Sílvio soou no ar, como a de um rei solitário.Ele olhou para as plantas no canto, ainda murchas e sem vida, quase mortas. Abriu a janela de vidro da varanda, e o vento frio soprou no papagaio que, naquele momento, estava arrumando as penas com o bico. Ao ouvir os passos, o pássaro levantou a cabeça. Ao ver Sílvio, seus ol
Leopoldo hesitou, sem dizer nada por um longo tempo.Sílvio, sendo um homem astuto, logo percebeu a verdade.Ela estava mesmo com Basílio. Para ficar com o filho bastardo da família Araújo, ela carregava o filho dele e estava vivendo junto com ele.Ao pensar nessa verdade inaceitável, Sílvio sentiu o sangue ferver.De acordo com as informações dos informantes, ela estava em Viana. Não era de se admirar que não conseguissem encontrá-la, ela nunca havia retornado à Cidade A.Naquela mesma noite, Sílvio mal tocou na comida e logo embarcou em seu jato particular rumo à casa alugada onde Lúcia estava.Após aterrissar, Leopoldo dirigiu por mais duas horas, seguindo o GPS.O Bentley preto entrou em uma estradinha rural estreita, ladeada por campos verdes de trigo, que brilhavam sob a fria luz do luar, como se cobertos por um manto dourado e etéreo.Parecia um sonho irreal.Sílvio, nos últimos dias, não conseguia comer nem dormir direito por causa do desaparecimento de Lúcia. Seus olhos estava
A proprietária deu uma olhada na foto e confirmou com a cabeça:— Sim, é ele mesmo. Então, vocês se conhecem, hein?Sílvio soltou uma risada sarcástica. No caminho até ali, ele ainda nutria um pouco de esperança.Pensava que talvez estivesse enganado, que talvez Lúcia estivesse ali sozinha.Mas não, ela realmente estava vivendo com Basílio, tão tarde e ainda juntos!— Mostre o caminho! — Ordenou Sílvio, com o rosto cada vez mais sombrio.A mulher se virou e começou a subir os degraus de concreto da escada.A escada era escura, iluminada apenas por uma lâmpada de sensor que mal clareava o ambiente.Cada passo de Sílvio parecia pesado, como se houvesse uma pedra sobre seu coração, sufocando-o, apertando-o.Não era de se espantar que ela tivesse cortado contato, que até mesmo Abelardo não a preocupasse mais. Basílio parecia ser muito importante para ela.Mais importante do que ele, seu próprio marido!De repente, Sílvio se sentiu ridículo, um tolo.Ela estava ali, curtindo sua liberdade,
O quarto estava completamente escuro.A proprietária apertou o interruptor na parede e a lâmpada no teto se acendeu, iluminando o ambiente de forma abrupta.Sílvio olhou ao redor, e notou que a decoração do quarto era razoável, muito melhor do que a impressão externa da casa.A cama estava com os lençóis bagunçados, mas não havia ninguém ali.Sílvio foi até o banheiro, depois à cozinha, e verificou o guarda-roupa e atrás das cortinas.Não havia nenhum sinal de Lúcia!O rosto de Sílvio se contorceu em uma expressão de raiva.— Onde ela está? — Perguntou Leopoldo, visivelmente irritado, olhando para a proprietária.— Eu não sei! — Respondeu a mulher, confusa. — Há meia hora ela estava aqui. Aquele senhor até trouxe comida para ela.Sílvio imediatamente notou uma mochila preta sobre o armário.Era a mochila de Lúcia!Ele se aproximou, abriu a mochila e encontrou um copo que ele havia comprado para ela, o qual ela sempre levava consigo.A proprietária não estava mentindo. Lúcia realmente h
Lúcia desceu do carro, fechou a porta e correu em direção à entrada do hospital!Ela corria rápido, apressada, mas ainda assim perdeu o elevador.Desesperada, as lágrimas começaram a rolar.Seu pai estava naquela situação por causa dela, e agora ele havia partido tão rapidamente.Como estaria sua mãe agora?Lúcia tinha sofrido um aborto há poucos dias, e seu corpo ainda estava fraco. A tristeza fazia a dor no útero se intensificar, como se mãos invisíveis a estivessem rasgando por dentro.Ding!Finalmente, o elevador chegou!Lúcia entrou apressadamente e apertou o botão do andar.Seu nariz ardia, a garganta estava apertada, como se uma agulha a estivesse perfurando, incapaz de engolir ou gritar.As lágrimas continuavam a cair sem controle, já havia chorado por horas.Ela sabia que o que estava feito, estava feito, e que chorar não adiantaria, não mudaria nada.Mas ela não conseguia se controlar. Era tão inútil! Além de chorar, não podia fazer mais nada!Talvez por ter chorado tanto, as
Ao ouvir o nome de Sílvio, Lúcia sentiu um frio na espinha, e seus dedos começaram a tremer.Uma sensação de repulsa percorreu seu corpo, mas, por causa de seu pai, ela engoliu o desconforto e pegou o telefone da mão de Sandra.O telefone chamou várias vezes, mas logo a mensagem automática informou que o número estava fora de área.Lúcia desligou.Sandra, em desespero, começou a chorar. Lúcia enxugou suas lágrimas:— Mãe, não se preocupe, vou atrás dele. O papai vai ficar bem, ele vai ficar bem.Dizendo isso, Lúcia virou-se para sair.Com o que conhecia de Sílvio, ele provavelmente estaria trabalhando no Grupo Baptista. Era o típico workaholic, um robô que só se importava com lucro e jamais descansava!— Lúcia. — Sandra chamou-a de repente.Ela se virou, confusa. Sandra se aproximou e segurou suas mãos:— Onde você esteve esses dias? Aconteceu alguma coisa com você?Lúcia hesitou. De fato, algo terrível havia acontecido. Ela quase morreu, e o bebê em seu ventre foi perdido por causa de