— Olá, o número que você ligou está desligado. Por favor, tente novamente mais tarde.A voz fria e impessoal da gravação ecoava nos ouvidos de Sílvio, fazendo-o cerrar os punhos com força.Sandra aproveitou a oportunidade para reclamar: — O que você fez para irritá-la? Desde aquele dia em que você foi embora, mandei mensagens para ela, mas nenhuma foi respondida. Liguei várias vezes, mas o telefone dela continua desligado.Com medo de que Sílvio não acreditasse e decidisse descontar a raiva em seu marido, Sandra rapidamente mostrou as mensagens no WhatsApp que havia enviado a Lúcia.Sílvio deu uma olhada e, de fato, não havia resposta.Ele levantou os olhos e, com um olhar estreito, perguntou: — Você realmente não sabe onde ela está?— Eu realmente não sei. — Respondeu Sandra com um sorriso irônico.Sílvio soltou uma risada fria: — A partir de hoje, vou interromper o tratamento de Abelardo! Ele só vai voltar a receber medicação quando sua filha reaparecer!— Você enlouqueceu? Seu so
Sílvio olhou o relógio de pulso:— O pessoal do Grupo Araújo já chegou?— Já estão esperando na sala de reuniões. — Respondeu Leopoldo com respeito.Sílvio se dirigiu à sala de reuniões, mas se deparou com rostos desconhecidos. Embora pudesse deduzir que eram membros da alta administração do Grupo Araújo.Uma mulher, com um perfil profissional, vestida de forma impecável, usando salto alto e com o cabelo bem preso, estava entre eles. Um leve perfume emanava de sua presença, revelando o cuidado com que ela havia se preparado para o encontro.Ela sorriu gentilmente e cumprimentou Sílvio, mas ele respondeu com um sorriso frio:— Onde está o Presidente Basílio? Sempre foi ele quem tratou diretamente comigo, né?— Presidente Sílvio, nosso chefe está em uma viagem de negócios, mas o plano de parceria já passou pelo crivo dele. Pode ficar tranquilo quanto a isso.— Ele realmente parece estar ocupado.— É inevitável, afinal ele assumiu a presidência do Grupo Araújo recentemente. O trabalho se
Sílvio parou abruptamente, virou-se e olhou para Giovana, que chorava desesperadamente na cama do hospital com um olhar cheio de compaixão:— A Lúcia não fez isso de propósito.— Foi ela que me enganou para ir até lá! Foi ela que me atacou com a faca, me deixando assim! Ela se aproveitou do seu amor por ela, da falta de provas, da ausência de câmeras de segurança! — Giovana soluçava entre as palavras, quase sem fôlego.Ele apertou os lábios:— Eu vou pedir desculpas em nome dela. A Lúcia foi mimada desde criança, então é natural que ela seja um pouco arrogante.— Sílvio, você a protege assim? Você é injusto até esse ponto? Como você pode se desculpar por ela? A pessoa que sempre esteve ao seu lado sou eu, não ela! Quem te ajudou financeiramente fui eu, não a Lúcia! Você sempre disse que me retribuiria, que seria bom para mim, que me casaria comigo, mas você já quebrou suas promessas! Só quero um pedido de desculpas dela, apenas algumas palavras. É tão difícil assim?Giovana falou com o
— Certo. Só quero um pedido de desculpas.Giovana o observou proteger Lúcia com tanta intensidade que o ciúme quase a fez explodir de raiva. No entanto, seu rosto permaneceu com uma expressão de fragilidade e sofrimento.Assim que Sílvio saiu, um sorriso cruel surgiu em seus lábios. “Você está sonhando, Sílvio. Você quer que Lúcia volte para me pedir desculpas? Seria mais provável que ela fizesse isso no inferno!”Lúcia já havia sido levada pelas águas do lago, e ninguém tinha visto seu corpo. Quem sabe agora ele já estivesse inchado e irreconhecível. Esperava que ela voltasse? Nem pensar!“Eu, por outro lado, avançarei aos poucos, explorando sua culpa e ocupando o espaço em seu coração, Sílvio. Não só você, mas toda a família Baptista estará nas minhas mãos.”Com esse pensamento, Giovana sentiu uma onda de satisfação.Depois de sair do hospital, Sílvio dirigiu diretamente para o hospital onde Abelardo estava internado. Ao entrar no quarto, ouviu Sandra chorando enquanto tentava, sem
Sílvio caminhava pelas ruas.As ruas estavam tão cheias de pessoas como sempre, com inúmeros casais passando por ele de mãos dadas, entrelaçados e abraçados. Um dia, ele e Lúcia também tinham sido assim, tão felizes. Mas agora, ela havia desaparecido.De repente, começou a cair neve do céu, cobrindo sua cabeça e ombros. Ele estendeu a mão, e os flocos de neve pousaram em sua palma larga e quente, derretendo-se instantaneamente em uma poça de água fria.Lúcia costumava dizer que amava a neve mais do que qualquer outra coisa, porque, para ela, a neve era a coisa mais pura deste mundo, capaz de lavar todas as impurezas.No prédio do outro lado da rua, um telão continuava a exibir a notícia: [Abelardo faleceu, cerimônia de despedida amanhã na funerária.]Com uma cobertura tão ampla, Sílvio não acreditava que Lúcia não soubesse.A única explicação era que ela sabia, mas não se importava mais. Desde que pudesse escapar do controle dele, da sua tortura, nada mais importava para ela.A idei
Ela não voltou!Marina notou o desapontamento nos olhos dele e sorriu, sem jeito:— Senhor, a Srta. Lúcia ainda não voltou?Ele não queria responder a essa pergunta. Nos últimos dias, muitas pessoas haviam perguntado isso, e ele mesmo já tinha feito essa pergunta a vários outros.— Eu não te dei folga? Por que está aqui? — Sílvio franziu a testa.Marina sorriu ao explicar:— Vim para limpar a casa, regar as plantas da Srta. Lúcia e alimentar o papagaio.Sílvio se virou e saiu da cozinha. A figura solitária do homem tocou o coração de Marina:— Senhor, o senhor já jantou? Quer que eu prepare algo simples?— Não precisa. Quando terminar, pode ir embora.A voz fria de Sílvio soou no ar, como a de um rei solitário.Ele olhou para as plantas no canto, ainda murchas e sem vida, quase mortas. Abriu a janela de vidro da varanda, e o vento frio soprou no papagaio que, naquele momento, estava arrumando as penas com o bico. Ao ouvir os passos, o pássaro levantou a cabeça. Ao ver Sílvio, seus ol
Leopoldo hesitou, sem dizer nada por um longo tempo.Sílvio, sendo um homem astuto, logo percebeu a verdade.Ela estava mesmo com Basílio. Para ficar com o filho bastardo da família Araújo, ela carregava o filho dele e estava vivendo junto com ele.Ao pensar nessa verdade inaceitável, Sílvio sentiu o sangue ferver.De acordo com as informações dos informantes, ela estava em Viana. Não era de se admirar que não conseguissem encontrá-la, ela nunca havia retornado à Cidade A.Naquela mesma noite, Sílvio mal tocou na comida e logo embarcou em seu jato particular rumo à casa alugada onde Lúcia estava.Após aterrissar, Leopoldo dirigiu por mais duas horas, seguindo o GPS.O Bentley preto entrou em uma estradinha rural estreita, ladeada por campos verdes de trigo, que brilhavam sob a fria luz do luar, como se cobertos por um manto dourado e etéreo.Parecia um sonho irreal.Sílvio, nos últimos dias, não conseguia comer nem dormir direito por causa do desaparecimento de Lúcia. Seus olhos estava
A proprietária deu uma olhada na foto e confirmou com a cabeça:— Sim, é ele mesmo. Então, vocês se conhecem, hein?Sílvio soltou uma risada sarcástica. No caminho até ali, ele ainda nutria um pouco de esperança.Pensava que talvez estivesse enganado, que talvez Lúcia estivesse ali sozinha.Mas não, ela realmente estava vivendo com Basílio, tão tarde e ainda juntos!— Mostre o caminho! — Ordenou Sílvio, com o rosto cada vez mais sombrio.A mulher se virou e começou a subir os degraus de concreto da escada.A escada era escura, iluminada apenas por uma lâmpada de sensor que mal clareava o ambiente.Cada passo de Sílvio parecia pesado, como se houvesse uma pedra sobre seu coração, sufocando-o, apertando-o.Não era de se espantar que ela tivesse cortado contato, que até mesmo Abelardo não a preocupasse mais. Basílio parecia ser muito importante para ela.Mais importante do que ele, seu próprio marido!De repente, Sílvio se sentiu ridículo, um tolo.Ela estava ali, curtindo sua liberdade,