As palavras mal saíram da boca dela, Sílvio virou a cabeça e a olhou friamente, com um sorriso de escárnio: - Está querendo que eu diga que fui eu que te salvei? Lúcia, você deveria ir para casa e se olhar no espelho, ver essa sua aparência patética. O que te faz pensar que eu te salvaria? Eu mal posso esperar que você morra logo.- Mas você mandou dinheiro para minha mãe... - Lúcia ficou surpresa.- Porque eu percebi que, se aquele velho morresse rápido demais, o jogo perderia a graça. Mantê-lo vivo e te torturar lentamente não é muito mais divertido? - Os olhos de Sílvio brilhavam com desprezo, ele fez uma pausa. - Quanto a quem te salvou, pergunte a Deus. Ele deve saber melhor do que ninguém.- Sílvio! Então você salvou meu pai só para me torturar mais?Lúcia o encarou, tremendo de raiva. Esse homem era um monstro.Sílvio riu, de forma fria e elegante: - O que você esperava? Que fosse por amor a você? Quanta ingenuidade.É claro, Lúcia, quanta ingenuidade. Ele te odeia, como poder
Mas Lúcia não conseguia se lembrar de onde havia ouvido aquele endereço antes. Afinal, era o endereço da cidade natal de seu marido, Sílvio. No início do relacionamento, ela havia mencionado várias vezes que gostaria de visitar a cidade dele, mas sempre foi friamente rejeitada. Ele dizia que sua cidade natal era apenas uma pequena vila pobre nas montanhas, e que ela, como uma princesa rica, não se adaptaria lá. Além disso, ele era órfão e não tinha mais parentes vivos lá, então não havia motivo para ela ir. Lúcia pensava que a cidade natal dele era uma ferida difícil de tocar em seu coração, então ela sabiamente não tocava mais no assunto.Agora, com seu pai sendo acusado injustamente por seu marido, era muito necessário que ela fosse até ao Bairro das Árvores.O último voo do dia de Cidade A para Hasnan ainda estava disponível no site da companhia aérea. Lúcia comprou o bilhete online, encheu uma mochila com suprimentos, como copos cheios de água, pasta de dente, escova de dentes
- Eles formam um casal bonito, com roupas combinando. Devem ser marido e mulher. - Disse outro garçom.- Essa senhorita é tão elegante. Parece ser de uma família nobre. - Acrescentou a garçonete.Giovana sorriu timidamente, mas quando olhou para Sílvio, viu que ele estava com as sobrancelhas franzidas e não tocava nos talheres.Giovana olhou para os garçons, seu sorriso elegante agora um pouco desapontado. - Vocês se enganaram. Nós somos apenas amigos. Ele já é casado.- Ah, é assim mesmo? Que pena.- É uma lástima ver um casal tão perfeito ser apenas amigos.Os garçons saíram do salão balançando a cabeça e suspirando com pesar.- Sílvio, esses são seus pratos favoritos. Por que não está comendo? A comida aqui é deliciosa. - Giovana perguntou, sorrindo carinhosamente, mas confusa com o comportamento reservado de Sílvio.Sílvio a olhou friamente:- Você esqueceu o que eu te disse?O ar ficou instantaneamente tenso, cheio de constrangimento.Giovana apertou levemente o garfo em sua mão
Na Mansão do Baptista, estava tudo na mais completa escuridão. Ela já teria ido dormir tão cedo?Com um clique, Sílvio acendeu a luz da parede, entrando com a expressão fechada.Tudo estava diferente do que ele imaginava.Sílvio pensou que Lúcia estaria como nos anos anteriores, com um bolo pronto, esperando por ele no sofá.Ele olhou para o sofá, a poltrona onde ela mais gostava de ficar estava vazia.O homem percebeu imediatamente que a xícara que ele comprou para Lúcia havia sumido.Sílvio foi até o quarto, que também estava escuro, com a porta aberta.A cama estava perfeitamente arrumada, sem nenhum vinco.Então ele foi ao closet e percebeu que a mochila favorita dela não estava lá, assim como a escova de dentes, pasta de dentes, os casacos e suéteres que ela costumava usar.Ela tinha fugido?Sílvio, com a expressão fria, caminhou até o sofá da sala, sentou-se e tirou as luvas de couro: - Em dez minutos, quero saber onde está a Lúcia!Leopoldo pegou o celular e foi até a varanda
A mulher, com medo de que Lúcia notasse, abaixou a aba do boné de pato sobre a cabeça. Olga estava com medo, especialmente porque Giovana a estava forçando a cometer um assassinato. Se Lúcia descobrisse quem ela era, estaria em apuros. O olhar de Lúcia caiu sobre a mulher naquela fileira de assentos, onde só ela estava sentada. O boné ocultava o rosto da mulher, mas Lúcia conseguia ver claramente as lágrimas e o corpo tremendo. Ela estava chorando tanto que devia ter passado por algo triste. Além disso, a mulher usava boné e máscara, só mostrando os olhos. Lúcia achou a mulher um pouco familiar, mas não viu nada de errado com ela.A comissária de bordo falava inglês fluentemente e pediu aos passageiros que desligassem os celulares e fechassem as bandejas. Lúcia tirou um pacote pequeno de lenços de papel da mochila e acenou para a comissária de bordo: - Oi.- A senhora precisa de alguma coisa? - A comissária de bordo perguntou, sorrindo calorosamente.Lúcia apontou para a mulher c
O ar estava assustadoramente quieto, e a atmosfera excepcionalmente opressiva. Sílvio limpou as xícaras na mesa e se serviu de café.Leopoldo segurava o celular enquanto entrava pela sacada e fechava a porta de vidro, aproximando-se de Sílvio e falando baixinho: - Presidente Sílvio, descobrimos o paradeiro da Sra. Lúcia.Sílvio nem sequer levantou os olhos. Leopoldo prosseguiu com as informações que havia descoberto: - Provavelmente, Sra. Lúcia foi para sua cidade natal. Ela está a caminho de Hasnan, e deve pousar no aeroporto de Hasnan na madrugada de hoje.Na mente de Sílvio, ecoaram as palavras de Lúcia durante o dia: “Sobre a morte de seus pais, eu certamente investigarei e lhe darei uma explicação! Mas eu acredito que meu pai é inocente, deve haver um mal-entendido!”Uma leve surpresa passou pelos olhos de Sílvio. Ela não estava fugindo, estava indo investigar o caso do passado. Ele pensou que Lúcia estava apenas falando por falar, mas ela realmente foi.- Presidente Sílvio,
Uma senhora idosa, segurando um buquê de flores azuis, com sotaque do interior, disse: - Moça, compre um buquê de flores, minhas flores estão fresquinhas e baratas.- Você estava me seguindo o tempo todo?- Sim, eu vi sua aparência e suas roupas, pensei que você fosse rica, então quis que você comprasse minhas flores.Lúcia viu que as costas da mão da senhora, que carregava a cesta de flores, estavam rachadas pelo frio, e a pele era áspera, claramente uma pessoa sofrida, lutando pela vida, difícil.Lúcia comprou todas as flores da senhora, que alegremente entregou a cesta de flores para Lúcia.Ela havia suspeitado demais, ninguém a estava seguindo deliberadamente.O ônibus para Bairro das Árvores já havia parado de funcionar, só voltaria a operar às nove da manhã seguinte.Lúcia encontrou um hotel online que ficava muito perto da estação de ônibus, fez a reserva e pegou um táxi até o hotel.Ela escolheu um hotel cinco estrelas.Enquanto Lúcia fazia o check-in na recepção, uma mulher c
- Você é a Srta. Lúcia?A mulher estava parada na porta, falando em voz baixa.Lúcia acenou com a cabeça: - Você precisa de alguma coisa?- Posso entrar para falar? Tenho algo muito importante para dizer.A mulher falou com urgência. Ela acabara de receber uma ligação de Giovana, que lhe mandara comprar uma faca para matar Lúcia.Ela precisava contar a verdade para Lúcia, para que Lúcia percebesse o perigo.Lúcia olhou para a mulher e achou que ela não parecia ser má pessoa. Mais importante, havia algo familiar naqueles olhos, como se já os tivesse visto antes, mas não conseguia se lembrar onde.Lúcia abriu a porta: - Entre, por favor.De repente, o telefone tocou.A mulher olhou para o celular, com uma expressão de leve preocupação: - Srta. Lúcia, tenho que atender uma ligação urgente. Já volto para falar com você.- Tudo bem.Lúcia não suspeitou de nada, deixou a porta aberta e entrou no quarto para secar o cabelo com o secador.A mulher, com o celular na mão, pegou o elevador até