O médico mudou de expressão e apressou Lúcia.— Desliga o telefone. — Olhando para os instrumentos frios, o médico continuou. — Tire a calça e deite-se, vamos começar o procedimento.Lúcia olhou para a tela do celular que não parava de vibrar. Agora não era a hora de atender o telefone, para não levantar suspeitas e alertar Sílvio, o que seria problemático.Ela desligou o telefone e mandou uma mensagem rápida no WhatsApp para Sílvio: [Ocupada.]Depois, fechou o celular, tirou a calça e deitou-se na máquina.O bebê, talvez pressentindo o perigo, fez com que seu ventre começasse a doer em ondas, como se silenciosamente protestasse contra seu destino de se transformar em uma poça de sangue antes mesmo de nascer.Lúcia mordeu os lábios, acariciando a barriga, murmurando para si mesma: "Bebê, não tenha medo, eu estou com você, não vai doer. Logo estarei contigo, meu amor."Com esse pensamento, a dor no coração de Lúcia tornou-se quase insuportável.Ninguém é indiferente ao seu próprio filh
O médico, com lágrimas nos olhos, abraçou a cabeça e encolheu o corpo, olhando para Sílvio com medo:— A gente nem começou a cirurgia ainda! O bebê ainda está...Sílvio imediatamente recolheu o punho, aliviado. O rosto dele relaxou um pouco. Ainda não tinham feito o aborto!Seu filho ainda estava ali, e isso era um alívio!Sílvio arrastou Lúcia para fora da sala de aborto.Ela segurava firmemente o batente da porta, sem soltar: — Sílvio, eu quero abortar! Esse filho não pode nascer!Sílvio riu de raiva ao ouvir isso. Como assim, seu filho não podia nascer?Ele começou a tirar as mãos dela do batente, uma por uma, de forma rude, arrastando-a para fora.O médico se levantou do chão, tentando impedir a passagem deles: — Ela não pode ter esse bebê, ela já tem...— Saia da minha frente! — Sílvio, em fúria, não queria ouvir nada do médico.Ele sabia que aquele médico estava do lado de Lúcia!A presença dominante de Sílvio fez o médico calar-se e abrir caminho.Sílvio segurou Lúcia pelo bra
Lúcia soltou uma risada amarga. Ela já estava acostumada com as acusações dele.Se o mal-entendido pudesse fazer com que ele abortasse o bebê, ela não se importaria. Ela só queria viver mais alguns dias.— Presidente Sílvio, o que você achar que é, será. — Lúcia sorriu com desdém. — Então, quando você pretende tirar o bebê do meu ventre?Sílvio estava furioso. Diziam que nem um tigre devorava seus próprios filhotes, mas ela parecia ansiosa para se livrar da criança.Ele se lembrava de quando começaram a namorar, ela queria desesperadamente ter um filho dele. E agora que estava grávida, não queria mais.As veias saltavam nas mãos de Sílvio enquanto ele apertava o pescoço dela. Pelas coisas sujas que Abelardo havia feito, estrangular Lúcia cem vezes seria pouco.Mas agora, com a oportunidade bem diante dele, ele não conseguia. Mesmo pegando ela tentando abortar seu filho, não conseguia matá-la!Porque Lúcia era única. Se a matasse, ela não estaria mais ali.Finalmente, com os olhos verme
Lúcia ouviu aquelas palavras e sentiu-se profundamente irônica. Ele dizia que ela ainda era sua esposa, mas qual homem trataria sua própria esposa com tanto desprezo e zombaria? Quem desejaria que sua esposa morresse o mais rápido possível?Ele nunca quis que ela fosse sua esposa, nunca mesmo! Quando começaram a namorar, ele já tinha planos, e agora não era diferente!— Sílvio, no seu coração, algum dia, você me tratou verdadeiramente como sua esposa? Nunca, nem por um dia, você só me odiou, me desprezou! — Lúcia chorava enquanto murmurava. — Agora que eu não tenho mais valor para você, por que dizer essas palavras vazias?Os olhos de Sílvio se estreitaram de raiva. Ela considerava suas palavras uma hipocrisia.Mas ele não pretendia explicar. Ela estava certa, eram inimigos, e ele deveria odiá-la.Com um olhar de desprezo, ele soltou o pescoço dela e deu um sorriso frio: — Sim, você não veio até mim para fazer um acordo? Quanto mais você não quiser ter esse filho, mais eu vou insisti
Lúcia gritava desesperadamente em sua mente: “Sílvio, você não pode ser um pouco mais gentil comigo? Não tenho muito tempo para ficar ao seu lado! Será que além de me torturar e se vingar, não restou nem um pouco de amor entre nós?”Sílvio chegou à casa de Giovana de carro. Com passos largos, entrou na mansão e logo viu Giovana caída ao lado da escada, com o tornozelo inchado e vermelho. Na verdade, Giovana havia torcido o tornozelo de propósito.Ao ver Sílvio chegar, seus olhos brilharam de alegria, enquanto lágrimas de crocodilo escorriam pelo rosto. Ele se inclinou, pegou-a no colo e a colocou no sofá, sacando uma pomada para aplicar no tornozelo dela.— Sílvio, me desculpa, eu fui tão descuidada e torci o pé. Aqui, eu não tenho amigos, só posso contar com você. Se soubesse, não teria dispensado os empregados. — Disse Giovana, culpando-se.Sílvio respondeu em tom grave:— Não tem problema, é só um pequeno favor. Tome mais cuidado da próxima vez.— Sílvio, o que está acontecendo entr
Essa foi a primeira vez em um ano de guerra fria que ele a presenteou com rosas.No início do relacionamento, houve uma vez em que brigaram, e ela lhe disse que suas flores favoritas eram as rosas, pois simbolizavam o amor romântico.Se ele a deixasse chateada, bastava comprar um buquê de flores, e ela saberia que ele estava pedindo desculpas!Lúcia não imaginava que ele ainda lembrava do acordo que fizeram no passado...Um cesto de rosas foi colocado por ele na mesa de centro em frente a ela.Ele se aproximou, sentou-se no sofá, tirou um cigarro e, quando estava prestes a acendê-lo, lembrou-se de que fumar não era bom para o bebê que ela carregava.Então ele amassou o cigarro e o jogou no cinzeiro, antes de falar, sem expressão:— Esse filho, você vai ter. O registro do divórcio ainda vale, e quando tivermos o certificado em mãos, nosso acordo acaba. Você desaparece.Sua voz era tão fria, sem qualquer calor.Lúcia apertava a manta contra si, percebendo que era apenas uma ferramenta pa
Lúcia pegou o caderno e o abriu, fazia muito tempo que não escrevia em seu diário.Mas hoje, esse dia precisava ser registrado.Ela tirou uma caneta de metal presa no caderno e começou a escrever:[Contagem regressiva: 15 dias. Estou grávida, preciso abortar para tentar viver mais um pouco. Hoje vou contar para o Sílvio sobre minha doença. Espero que o pequeno mudo seja encontrado logo, espero receber o presente da Olga em breve. E, mais do que tudo, espero que o Sílvio viva uma longa vida, sem doenças e com muita saúde.]Assim que terminou de escrever, a porta do banheiro se abriu.Lúcia rapidamente tampou a caneta, fechou o caderno e o guardou de volta na gaveta, trancando-a.Sílvio entrou no quarto principal e viu Lúcia trancando a gaveta apressadamente. Com um olhar frio, ele se aproximou:— O que você está escondendo aí? Alguma coisa que eu não posso ver?— Não há nada que você não possa ver. Sílvio, se você quiser ver, posso abrir agora mesmo. — Lúcia disse, segurando firmemente
— Depois do jantar, a gente conversa em casa. — Disse ele.Após a refeição, os dois saíram do restaurante, e o vento frio cortou o corpo cada vez mais magro de Lúcia. Sílvio franziu levemente a testa.Quando foi que ela ficou tão magra assim? Seu rosto estava pálido, sem nenhum traço de cor.Era como se o corpo e a alma dela estivessem lentamente se deteriorando.Sílvio tirou o casaco e o colocou sobre os ombros dela. Quando ela ia recusar, ele franziu ainda mais a testa:— Quer encerrar nossa parceria? Então, tenta se mexer.O gosto amargo subiu pela garganta de Lúcia, forçando-a a deixar os braços caírem ao lado do corpo, desistindo de resistir.Os dois caminharam em silêncio pelo resto do caminho, uma paz rara entre eles.De volta ao apartamento, assim que Lúcia tirou os sapatos, foi surpreendida por Sílvio, que a puxou pela cintura. Ele percebeu que a cintura dela estava assustadoramente fina, conseguindo envolvê-la com uma só mão.Será que ela estava doente?Não, ela sempre foi f