Lúcia soltou uma risada amarga. Ela já estava acostumada com as acusações dele.Se o mal-entendido pudesse fazer com que ele abortasse o bebê, ela não se importaria. Ela só queria viver mais alguns dias.— Presidente Sílvio, o que você achar que é, será. — Lúcia sorriu com desdém. — Então, quando você pretende tirar o bebê do meu ventre?Sílvio estava furioso. Diziam que nem um tigre devorava seus próprios filhotes, mas ela parecia ansiosa para se livrar da criança.Ele se lembrava de quando começaram a namorar, ela queria desesperadamente ter um filho dele. E agora que estava grávida, não queria mais.As veias saltavam nas mãos de Sílvio enquanto ele apertava o pescoço dela. Pelas coisas sujas que Abelardo havia feito, estrangular Lúcia cem vezes seria pouco.Mas agora, com a oportunidade bem diante dele, ele não conseguia. Mesmo pegando ela tentando abortar seu filho, não conseguia matá-la!Porque Lúcia era única. Se a matasse, ela não estaria mais ali.Finalmente, com os olhos verme
Lúcia ouviu aquelas palavras e sentiu-se profundamente irônica. Ele dizia que ela ainda era sua esposa, mas qual homem trataria sua própria esposa com tanto desprezo e zombaria? Quem desejaria que sua esposa morresse o mais rápido possível?Ele nunca quis que ela fosse sua esposa, nunca mesmo! Quando começaram a namorar, ele já tinha planos, e agora não era diferente!— Sílvio, no seu coração, algum dia, você me tratou verdadeiramente como sua esposa? Nunca, nem por um dia, você só me odiou, me desprezou! — Lúcia chorava enquanto murmurava. — Agora que eu não tenho mais valor para você, por que dizer essas palavras vazias?Os olhos de Sílvio se estreitaram de raiva. Ela considerava suas palavras uma hipocrisia.Mas ele não pretendia explicar. Ela estava certa, eram inimigos, e ele deveria odiá-la.Com um olhar de desprezo, ele soltou o pescoço dela e deu um sorriso frio: — Sim, você não veio até mim para fazer um acordo? Quanto mais você não quiser ter esse filho, mais eu vou insisti
Lúcia gritava desesperadamente em sua mente: “Sílvio, você não pode ser um pouco mais gentil comigo? Não tenho muito tempo para ficar ao seu lado! Será que além de me torturar e se vingar, não restou nem um pouco de amor entre nós?”Sílvio chegou à casa de Giovana de carro. Com passos largos, entrou na mansão e logo viu Giovana caída ao lado da escada, com o tornozelo inchado e vermelho. Na verdade, Giovana havia torcido o tornozelo de propósito.Ao ver Sílvio chegar, seus olhos brilharam de alegria, enquanto lágrimas de crocodilo escorriam pelo rosto. Ele se inclinou, pegou-a no colo e a colocou no sofá, sacando uma pomada para aplicar no tornozelo dela.— Sílvio, me desculpa, eu fui tão descuidada e torci o pé. Aqui, eu não tenho amigos, só posso contar com você. Se soubesse, não teria dispensado os empregados. — Disse Giovana, culpando-se.Sílvio respondeu em tom grave:— Não tem problema, é só um pequeno favor. Tome mais cuidado da próxima vez.— Sílvio, o que está acontecendo entr
Essa foi a primeira vez em um ano de guerra fria que ele a presenteou com rosas.No início do relacionamento, houve uma vez em que brigaram, e ela lhe disse que suas flores favoritas eram as rosas, pois simbolizavam o amor romântico.Se ele a deixasse chateada, bastava comprar um buquê de flores, e ela saberia que ele estava pedindo desculpas!Lúcia não imaginava que ele ainda lembrava do acordo que fizeram no passado...Um cesto de rosas foi colocado por ele na mesa de centro em frente a ela.Ele se aproximou, sentou-se no sofá, tirou um cigarro e, quando estava prestes a acendê-lo, lembrou-se de que fumar não era bom para o bebê que ela carregava.Então ele amassou o cigarro e o jogou no cinzeiro, antes de falar, sem expressão:— Esse filho, você vai ter. O registro do divórcio ainda vale, e quando tivermos o certificado em mãos, nosso acordo acaba. Você desaparece.Sua voz era tão fria, sem qualquer calor.Lúcia apertava a manta contra si, percebendo que era apenas uma ferramenta pa
Lúcia pegou o caderno e o abriu, fazia muito tempo que não escrevia em seu diário.Mas hoje, esse dia precisava ser registrado.Ela tirou uma caneta de metal presa no caderno e começou a escrever:[Contagem regressiva: 15 dias. Estou grávida, preciso abortar para tentar viver mais um pouco. Hoje vou contar para o Sílvio sobre minha doença. Espero que o pequeno mudo seja encontrado logo, espero receber o presente da Olga em breve. E, mais do que tudo, espero que o Sílvio viva uma longa vida, sem doenças e com muita saúde.]Assim que terminou de escrever, a porta do banheiro se abriu.Lúcia rapidamente tampou a caneta, fechou o caderno e o guardou de volta na gaveta, trancando-a.Sílvio entrou no quarto principal e viu Lúcia trancando a gaveta apressadamente. Com um olhar frio, ele se aproximou:— O que você está escondendo aí? Alguma coisa que eu não posso ver?— Não há nada que você não possa ver. Sílvio, se você quiser ver, posso abrir agora mesmo. — Lúcia disse, segurando firmemente
— Depois do jantar, a gente conversa em casa. — Disse ele.Após a refeição, os dois saíram do restaurante, e o vento frio cortou o corpo cada vez mais magro de Lúcia. Sílvio franziu levemente a testa.Quando foi que ela ficou tão magra assim? Seu rosto estava pálido, sem nenhum traço de cor.Era como se o corpo e a alma dela estivessem lentamente se deteriorando.Sílvio tirou o casaco e o colocou sobre os ombros dela. Quando ela ia recusar, ele franziu ainda mais a testa:— Quer encerrar nossa parceria? Então, tenta se mexer.O gosto amargo subiu pela garganta de Lúcia, forçando-a a deixar os braços caírem ao lado do corpo, desistindo de resistir.Os dois caminharam em silêncio pelo resto do caminho, uma paz rara entre eles.De volta ao apartamento, assim que Lúcia tirou os sapatos, foi surpreendida por Sílvio, que a puxou pela cintura. Ele percebeu que a cintura dela estava assustadoramente fina, conseguindo envolvê-la com uma só mão.Será que ela estava doente?Não, ela sempre foi f
Então ele levantou os olhos e a viu com os olhos vermelhos, claramente sinal de que tinha acabado de chorar.O coração dele deu um aperto.Lúcia olhou diretamente nos olhos dele, mas enquanto ela exibia uma expressão de alívio, ele tinha um olhar complicado.— É por isso que não quero ter filhos. Meu corpo não permite mais. Se eu carregar um bebê, isso só vai acelerar minha morte. A criança também não vai sobreviver. Sílvio, seu desejo se realizou, eu realmente estou morrendo. Os fogos de artifício e o caixão que você comprou finalmente terão uso. — Lúcia sorriu para ele.Um sorriso que doía, um sorriso que o fez sentir um nó no peito.Sílvio pegou o diagnóstico em cima da mesa de centro, e sem sequer olhar, rasgou-o em pedaços, jogando-os no rosto dela.No meio dos fragmentos de papel voando ao redor, Lúcia ouviu a risada fria e desdenhosa dele:— Esse laudo foi falsificado, né? Lúcia, você é capaz de inventar até uma mentira sobre ter câncer só para não ter esse filho!— Você realmen
Quando ele abriu a porta do quarto principal, uma expressão de surpresa e choque passou pelos seus olhos.O chão estava coberto de livros espalhados e pedaços quebrados de objetos decorativos.Lúcia rastejava no chão, em uma posição contorcida, até que de repente cuspiu sangue na veste de veludo preto de Sílvio, o sangue vermelho brilhante contrastando de forma assustadora.— Lúcia, o que aconteceu com você? — Sílvio ficou completamente perdido.Os dedos de Lúcia agarraram firmemente a barra da roupa dele, suplicando:— Sílvio, o remédio... Me ajude a encontrar o analgésico...— Onde está o analgésico? — Perguntou ele, aflito.Lúcia pensou um pouco e, de repente, lembrou-se de que a bolsa estava no closet.Ela o informou, e ele rapidamente a pegou nos braços e a levou até o closet.Com o corpo tomado pela dor, ela continuou a vasculhar freneticamente o closet, enquanto gotas de suor frio desciam pelo seu rosto, como pequenos diamantes quebrados.Finalmente, Lúcia encontrou a bolsa pret