Lúcia pegou o caderno e o abriu, fazia muito tempo que não escrevia em seu diário.Mas hoje, esse dia precisava ser registrado.Ela tirou uma caneta de metal presa no caderno e começou a escrever:[Contagem regressiva: 15 dias. Estou grávida, preciso abortar para tentar viver mais um pouco. Hoje vou contar para o Sílvio sobre minha doença. Espero que o pequeno mudo seja encontrado logo, espero receber o presente da Olga em breve. E, mais do que tudo, espero que o Sílvio viva uma longa vida, sem doenças e com muita saúde.]Assim que terminou de escrever, a porta do banheiro se abriu.Lúcia rapidamente tampou a caneta, fechou o caderno e o guardou de volta na gaveta, trancando-a.Sílvio entrou no quarto principal e viu Lúcia trancando a gaveta apressadamente. Com um olhar frio, ele se aproximou:— O que você está escondendo aí? Alguma coisa que eu não posso ver?— Não há nada que você não possa ver. Sílvio, se você quiser ver, posso abrir agora mesmo. — Lúcia disse, segurando firmemente
— Depois do jantar, a gente conversa em casa. — Disse ele.Após a refeição, os dois saíram do restaurante, e o vento frio cortou o corpo cada vez mais magro de Lúcia. Sílvio franziu levemente a testa.Quando foi que ela ficou tão magra assim? Seu rosto estava pálido, sem nenhum traço de cor.Era como se o corpo e a alma dela estivessem lentamente se deteriorando.Sílvio tirou o casaco e o colocou sobre os ombros dela. Quando ela ia recusar, ele franziu ainda mais a testa:— Quer encerrar nossa parceria? Então, tenta se mexer.O gosto amargo subiu pela garganta de Lúcia, forçando-a a deixar os braços caírem ao lado do corpo, desistindo de resistir.Os dois caminharam em silêncio pelo resto do caminho, uma paz rara entre eles.De volta ao apartamento, assim que Lúcia tirou os sapatos, foi surpreendida por Sílvio, que a puxou pela cintura. Ele percebeu que a cintura dela estava assustadoramente fina, conseguindo envolvê-la com uma só mão.Será que ela estava doente?Não, ela sempre foi f
Então ele levantou os olhos e a viu com os olhos vermelhos, claramente sinal de que tinha acabado de chorar.O coração dele deu um aperto.Lúcia olhou diretamente nos olhos dele, mas enquanto ela exibia uma expressão de alívio, ele tinha um olhar complicado.— É por isso que não quero ter filhos. Meu corpo não permite mais. Se eu carregar um bebê, isso só vai acelerar minha morte. A criança também não vai sobreviver. Sílvio, seu desejo se realizou, eu realmente estou morrendo. Os fogos de artifício e o caixão que você comprou finalmente terão uso. — Lúcia sorriu para ele.Um sorriso que doía, um sorriso que o fez sentir um nó no peito.Sílvio pegou o diagnóstico em cima da mesa de centro, e sem sequer olhar, rasgou-o em pedaços, jogando-os no rosto dela.No meio dos fragmentos de papel voando ao redor, Lúcia ouviu a risada fria e desdenhosa dele:— Esse laudo foi falsificado, né? Lúcia, você é capaz de inventar até uma mentira sobre ter câncer só para não ter esse filho!— Você realmen
Quando ele abriu a porta do quarto principal, uma expressão de surpresa e choque passou pelos seus olhos.O chão estava coberto de livros espalhados e pedaços quebrados de objetos decorativos.Lúcia rastejava no chão, em uma posição contorcida, até que de repente cuspiu sangue na veste de veludo preto de Sílvio, o sangue vermelho brilhante contrastando de forma assustadora.— Lúcia, o que aconteceu com você? — Sílvio ficou completamente perdido.Os dedos de Lúcia agarraram firmemente a barra da roupa dele, suplicando:— Sílvio, o remédio... Me ajude a encontrar o analgésico...— Onde está o analgésico? — Perguntou ele, aflito.Lúcia pensou um pouco e, de repente, lembrou-se de que a bolsa estava no closet.Ela o informou, e ele rapidamente a pegou nos braços e a levou até o closet.Com o corpo tomado pela dor, ela continuou a vasculhar freneticamente o closet, enquanto gotas de suor frio desciam pelo seu rosto, como pequenos diamantes quebrados.Finalmente, Lúcia encontrou a bolsa pret
Ela não tinha terminado de pagar suas dívidas, como poderia estar com uma doença terminal?Lúcia tinha que viver uma longa vida, viver para ser torturada por ele, viver para dar-lhe filhos, viver para sofrer junto com ele...Mas Lúcia, minutos atrás, tinha vomitado sangue na frente dele! E ainda engoliu uma quantidade absurda de comprimidos!Sua dor, seu desespero, pareciam bem reais...Sílvio observou enquanto a escuridão da noite começava a dar lugar aos primeiros raios de luz.Ele não podia mais fugir.Se era verdade ou não, bastava verificar.Sílvio apagou o cigarro, depois foi até o closet, encontrou a bolsa preta e colocou o frasco de remédios sem rótulo no bolso.Em seguida, foi para a cozinha preparar o café da manhã.Para grávidas, o ideal era uma refeição leve, então ele cozinhou habilmente uma canja de galinha numa panela de barro e preparou omelete com salsichas assadas.Quando Lúcia acordou, tomou banho e saiu do quarto de hóspedes.Ela notou que o cinzeiro na mesa de cent
— Tenho estado ocupado ultimamente, sem tempo para te ver.— Mas eu tenho algo que você vai adorar, sobre a Lúcia. Você não quer saber?— O que aconteceu com a Lúcia?— Se quiser saber, venha me ver. Vista algo bonito. Esta noite, vamos nos divertir bastante. — Dr. Arthur deu uma risadinha enigmática e desligou o telefone.À noite, Giovana se vestiu de maneira provocante e foi até o resort. Passando pelos corredores, ela finalmente encontrou o Dr. Arthur, com seus óculos e aquele sorriso cínico, relaxando na piscina privativa de águas termais.Dr. Arthur insistiu para que Giovana vestisse um biquíni. Embora relutante, ela lembrou-se de que estava lá para descobrir o segredo de Lúcia e, então, segurou sua irritação e trocou de roupa.Quando Dr. Arthur viu Giovana parada na beira da piscina, com suas pernas longas e sedutoras, seus olhos brilharam. Ele a puxou rapidamente para dentro da água.A água quente formava ondas suaves, salpicando o rosto de Giovana.Antes que ela pudesse reagir,
Ele já estava envolvido demais nos assuntos dela e, se algo fosse descoberto, ele corria o risco de ser traído por ela.Rosas tinham espinhos, e a melhor maneira de lidar com isso era arrancar todos os espinhos na raiz.Depois da paixão, Giovana se aninhou nos braços dele, fazendo charme:— Amor, agora você pode me contar? Eu me esforcei tanto agora há pouco.— Lúcia está com uma doença terminal. — Disse Dr. Arthur.Os olhos de Giovana se arregalaram, surpresa:— Como você sabe disso?Dr. Arthur relatou brevemente os acontecimentos do dia para Giovana.Giovana tirou os óculos dele e beijou seus olhos:— E o que você pretende fazer para me ajudar?— O que você quer que eu faça? — Dr. Arthur apertou sua cintura fina.Ela se aproximou do ouvido dele e sussurrou suavemente.Dr. Arthur ficou a observá-la por um momento, antes de apontar para ela com o dedo e sorrir:— Você é uma mulher realmente cruel e venenosa!— Mulher boazinha não atrai homem, né? Você não gosta de mim exatamente por ca
Lúcia estava na sala, inquieta.Foi então que o celular tocou. Era o médico que estava acompanhando seu caso, e a voz dele soou ansiosa:— Srta. Lúcia, você não disse que faria a cirurgia para o aborto? Por que ouvi dizer que seu marido a levou embora naquele dia?— Eu... — Lúcia ficou sem palavras, sem saber como explicar a situação.O médico insistiu, com um tom grave:— Não quero ser inconveniente, mas seu estado de saúde não pode mais esperar. Você sabe disso? Venha logo para a cirurgia!Nesse momento, uma risada fria e baixa ecoou pela sala:— Com quem você está falando ao telefone?O corpo de Lúcia estremeceu.Os olhos de Sílvio se estreitaram. Ele era um demônio? Por que ela estava tão assustada com ele?Lúcia levantou o olhar e viu que ele se aproximava com o rosto sombrio. Apavorada, desligou o telefone rapidamente e tentou se explicar:— O médico está insistindo para eu fazer a cirurgia de aborto.— É o médico que está insistindo ou é você que não quer ter esse filho? Você sa