Lúcia, claro, sabia que a funcionária realmente queria ajudar, tentando convencê-la a não se divorciar e voltar para casa e viver bem. Mas se eles pudessem viver bem, ela não estaria ali.Sílvio, com um olhar profundo, insistiu: - Aperte o passo, só tenho cinco minutos.A funcionária ergueu os olhos para o homem sentado.O olhar frio e a presença imponente de Sílvio, com uma aura de autoridade, a deixaram nervosa.Aquela aparência severa explicava por que sua esposa estava determinada a finalizar o divórcio.A funcionária revisou cuidadosamente os documentos apresentados por ambos. Após verificar que tudo estava em ordem, ela guardou os papéis em uma pasta e os arquivou em um compartimento.Então, ela destacou duas vias de recibo, entregando uma para Sílvio.Sílvio não pegou; foi Leopoldo quem aceitou por ele.A outra via foi entregue a Lúcia: - O período de reflexão do divórcio é de um mês. Se depois de um mês vocês ainda quiserem se divorciar, voltem ao cartório na data indicada n
Giovana não estava detida? Como ela conseguiu sair tão rápido?Lúcia ouviu Sílvio falar com uma suavidade inusitada: - Espere um pouco na delegacia, estou indo agora.Depois de desligar, Sílvio começou a sair, mas foi novamente interrompido por Lúcia: - Você tem uma maneira de resolver isso, né?Ele parou de repente, se virou e a encarou por alguns segundos antes de esboçar um sorriso desdenhoso: - Nem consegue esperar um mês?- Tenho medo que você mude de ideia. - Disse ela.Lúcia mentiu, na verdade, ela temia que ela própria se arrependesse.Quem hesitou, perdeu.O desprezo no olhar de Sílvio se intensificou: - Você deveria pedir para aquele policial te arranjar um espelho, para você ver de onde vem essa confiança de que eu iria mudar de ideia!- Não seria melhor dar logo um lar para Giovana? Sílvio, vamos acabar com isso de uma vez, para que ambos possamos seguir nossas vidas.Lúcia mordeu os lábios e forçou um sorriso, mas ele continuava a lembrá-la de que ela não era adequada
— Não, é sobre o seu marido e a Giovana. — Respondeu Basílio.— O que eles poderiam ter feito agora?Lúcia sorriu com sarcasmo, obviamente sem interesse nenhum em saber mais sobre as traições dos dois.Sem perceber, chegaram na frente de uma churrascaria.Basílio abriu a porta de vidro, e uma onda de calor com cheiro de churrasco os envolveu, em contraste com o frio lá fora.— Vamos entrar e conversar.Basílio estendeu o braço, fazendo um gesto de convite.Lúcia apertou a alça da sua bolsa preta, calçando botas de neve, e entrou no restaurante.O dono da churrascaria, um senhor gorducho, acenou para Basílio assim que o viu, deixando claro que eram velhos conhecidos: — Basílio, guardei um reservado para vocês.— Obrigado. — Basílio sorriu de leve.O olhar do dono caiu sobre Lúcia, e ele sorriu com malícia, provocando Basílio: — Essa é sua namorada?Lúcia franziu a testa, prestes a explicar que já era casada.Basílio olhou para Lúcia, notando como ela segurava firmemente a alça da bols
Giovana, aos prantos, começou a falar, sua voz embargada e lágrimas escorrendo pelo rosto, num espetáculo comovente.Basílio estreitou os olhos e deu um sorriso frio para Giovana: — Srta. Giovana, você me prometeu que, ao sair, se comportaria adequadamente. O que houve? Mal foi solta e já quer voltar para a delegacia?— Eu... — Giovana ficou sem palavras, engolindo em seco.Ao se lembrar dos olhares de desprezo e das longas horas sentada no banco gelado da delegacia, seus dedos apertaram firmemente o garfo.Sílvio, sem se alterar, como se nada daquilo tivesse a ver com ele, recostou-se na cadeira, apagou o cigarro e, de repente, sorriu para Basílio: — Basílio, parece que você está bem protetor com ela, hein?— Presidente Sílvio, se alguém o estivesse incomodando, eu faria o mesmo. Esse é o dever de um policial para com o cidadão. — Basílio respondeu com firmeza, sua postura impecável.— Basílio, vamos embora, não vale a pena perder tempo com ele.Lúcia se virou e saiu do restaurante
— Presidente Sílvio, o Basílio é um homem íntegro, não parece ser do tipo que cobiça a Sra. Lúcia. Será que não houve um mal-entendido? — Disse Leopoldo, apertando o volante com força. Se Lúcia soubesse que Sílvio estava fazendo essas manobras por trás, com certeza ficaria furiosa.Sílvio riu repentinamente, olhando para ele pelo retrovisor: — Agora você não me obedece mais?— Eu já sei o que fazer.Leopoldo pressionou os lábios e manteve os olhos fixos na estrada à frente.A luz laranja dos postes iluminava a neve que caía, criando uma atmosfera melancólica e desolada.Esse Basílio estava mesmo com azar, escolheu a pessoa errada para provocar. Mexer com a esposa do Presidente Sílvio foi um erro, e agora a promoção a subchefe estava fora de questão.No restaurante japonês.Lúcia olhava para Basílio ao seu lado, intrigada: — Sr. Basílio, você disse ao telefone que tinha algo importante para me contar. O que é?— Seu marido Sílvio e Giovana não fizeram nada naquela noite. Ele é inocent
— Sílvio quer o quê? Matar o sogro de desgosto para ficar satisfeito?Sandra, ao ouvir que foi Sílvio, deixou as lágrimas escorrerem de raiva.Lúcia sentiu um arrepio. Não esperava que Sílvio fosse tão baixo a ponto de cortar os fundos médicos do pai dela logo após o divórcio.O diretor suspirou, olhando para Lúcia com preocupação: — Srta. Lúcia, sugiro que vocês procurem outro hospital o quanto antes. Um hospital público seria mais barato. Embora o tratamento não seja tão bom quanto aqui, é melhor do que nada.— Quanto tempo ele deu para a transferência? — Perguntou Lúcia.— Dois dias. Após dois dias, independentemente de terem encontrado um hospital, cortaremos o tratamento. Srta. Lúcia, por favor, se apresse, o tempo do seu pai está se esgotando.Depois que o diretor saiu, Sandra, inconformada, enxugou as lágrimas e ligou para Sílvio.O telefone tocou por muito tempo, sem resposta.Sandra tentou mais de dez vezes, até que Sílvio, provavelmente irritado, desligou o telefone.— Desgr
Lúcia enxugou as lágrimas e passou a noite inteira na internet, pesquisando as duzentas clínicas particulares e cem hospitais públicos de Cidade A.Ela não acreditava que, entre mais de trezentos hospitais, não encontraria um que pudesse aceitá-los.Os custos do hospital realmente estavam altos demais, e mais cedo ou mais tarde, seu pai teria que ser transferido.No dia seguinte, Lúcia começou a ligar para os hospitais para saber sobre a transferência, mas logo percebeu que, ao mencionar seu nome, todos arranjavam desculpas. Ou os leitos estavam lotados ou os preços eram absurdamente altos, forçando-a a desistir.Lúcia ficou perplexa com tanta coincidência.Felizmente, sua persistência foi recompensada, e finalmente, um hospital público aceitou receber Abelardo.Os custos não eram altos, bastava um depósito de cem mil reais para a internação.Ela tinha exatamente duzentos mil reais no banco, o que seria suficiente por um tempo, enquanto ela procurava um emprego para sustentar o pai.Lú
Chegou a um ponto em que só Basílio poderia ajudá-la.Lúcia pensava assim, acreditando que, se Basílio interviesse, talvez algum hospital aceitasse seu pai.Lúcia ligou para Basílio, mas, estranhamente, o número havia sido desativado.Ela tentou uma chamada de voz pelo WhatsApp, mas descobriu que o WhatsApp dele também estava desativado.O que teria acontecido com Basílio? Como o WhatsApp e o telefone dele poderiam estar desativados?Um pressentimento ruim tomou conta dela, sentindo que algo havia acontecido com Basílio.Lúcia dirigiu diretamente para a delegacia.Embora nunca tivesse ido ao local de trabalho dele, lembrava-se de que, da última vez que comeram churrasco, a delegacia onde ele trabalhava ficava a apenas duzentos metros de distância, então ela sabia onde ele trabalhava.Ao chegar à delegacia, Lúcia explicou o motivo de sua visita. Um policial uniformizado suspirou e balançou a cabeça, dizendo:— Senhorita, você não tem sorte, chegou um pouco tarde.— O que aconteceu? — Lú