Era muito claro que Lúcia estava novamente pressionando para saber como as coisas estavam.Este casal vivia em constante conflito, mas nunca largavam do pé dele, um simples funcionário, que se via lutando para sobreviver no meio dessa tempestade. Era muito difícil.Leopoldo adivinhou que Sílvio não iria ao cartório hoje, mas não teve coragem de contar isso para ela, com medo de desanimá-la.O celular virou um verdadeiro abacaxi nas mãos dele.Finalmente, colocou o celular no modo silencioso e o devolveu ao bolso do paletó.A tela do celular ficou acesa por quase um minuto antes de apagar.Lúcia olhou para o celular, que não foi atendido, e franziu a testa. O que será que aconteceu? Era a primeira vez que Leopoldo não atendia sua ligação.Quando deu meio-dia, os funcionários do cartório já estavam se preparando para o almoço. Ao ver que ela ainda estava esperando, um deles perguntou:- Senhora, você está aqui para casar?- Não, estou aqui para me divorciar. - Lúcia respondeu com um sor
- Sra. Lúcia não disse nada. - Leopoldo respondeu a SílvioLeopoldo terminou de falar, segurando o guarda-chuva, e começou a falar ao telefone com Lúcia: - Sra. Lúcia, a senhora está me ouvindo? O Presidente Sílvio já está na porta do cartório.- Estou vendo vocês. Também estou na entrada do cartório.Sílvio e Leopoldo estavam perto um do outro, e a voz calma de Lúcia no telefone chegou aos ouvidos de Sílvio.Ele levantou levemente a cabeça.O cartório estava do outro lado da rua.Lúcia estava parada nos degraus da entrada do cartório.Folhas nas árvores e nos degraus estavam cobertas de um branco sem vida.A única cor viva era Lúcia, vestida de vermelho vibrante.Sílvio atravessou a rua com suas longas pernas, caminhando em direção a ela, seu olhar afiado fixo no rosto dela.A mulher estava com uma maquiagem impecável, o cabelo preso em um coque.Fazia muito tempo que ele não a via se arrumar assim, pois ele já havia dito que não gostava quando ela se vestia de forma chamativa.Duran
Lúcia, claro, sabia que a funcionária realmente queria ajudar, tentando convencê-la a não se divorciar e voltar para casa e viver bem. Mas se eles pudessem viver bem, ela não estaria ali.Sílvio, com um olhar profundo, insistiu: - Aperte o passo, só tenho cinco minutos.A funcionária ergueu os olhos para o homem sentado.O olhar frio e a presença imponente de Sílvio, com uma aura de autoridade, a deixaram nervosa.Aquela aparência severa explicava por que sua esposa estava determinada a finalizar o divórcio.A funcionária revisou cuidadosamente os documentos apresentados por ambos. Após verificar que tudo estava em ordem, ela guardou os papéis em uma pasta e os arquivou em um compartimento.Então, ela destacou duas vias de recibo, entregando uma para Sílvio.Sílvio não pegou; foi Leopoldo quem aceitou por ele.A outra via foi entregue a Lúcia: - O período de reflexão do divórcio é de um mês. Se depois de um mês vocês ainda quiserem se divorciar, voltem ao cartório na data indicada n
Giovana não estava detida? Como ela conseguiu sair tão rápido?Lúcia ouviu Sílvio falar com uma suavidade inusitada: - Espere um pouco na delegacia, estou indo agora.Depois de desligar, Sílvio começou a sair, mas foi novamente interrompido por Lúcia: - Você tem uma maneira de resolver isso, né?Ele parou de repente, se virou e a encarou por alguns segundos antes de esboçar um sorriso desdenhoso: - Nem consegue esperar um mês?- Tenho medo que você mude de ideia. - Disse ela.Lúcia mentiu, na verdade, ela temia que ela própria se arrependesse.Quem hesitou, perdeu.O desprezo no olhar de Sílvio se intensificou: - Você deveria pedir para aquele policial te arranjar um espelho, para você ver de onde vem essa confiança de que eu iria mudar de ideia!- Não seria melhor dar logo um lar para Giovana? Sílvio, vamos acabar com isso de uma vez, para que ambos possamos seguir nossas vidas.Lúcia mordeu os lábios e forçou um sorriso, mas ele continuava a lembrá-la de que ela não era adequada
— Não, é sobre o seu marido e a Giovana. — Respondeu Basílio.— O que eles poderiam ter feito agora?Lúcia sorriu com sarcasmo, obviamente sem interesse nenhum em saber mais sobre as traições dos dois.Sem perceber, chegaram na frente de uma churrascaria.Basílio abriu a porta de vidro, e uma onda de calor com cheiro de churrasco os envolveu, em contraste com o frio lá fora.— Vamos entrar e conversar.Basílio estendeu o braço, fazendo um gesto de convite.Lúcia apertou a alça da sua bolsa preta, calçando botas de neve, e entrou no restaurante.O dono da churrascaria, um senhor gorducho, acenou para Basílio assim que o viu, deixando claro que eram velhos conhecidos: — Basílio, guardei um reservado para vocês.— Obrigado. — Basílio sorriu de leve.O olhar do dono caiu sobre Lúcia, e ele sorriu com malícia, provocando Basílio: — Essa é sua namorada?Lúcia franziu a testa, prestes a explicar que já era casada.Basílio olhou para Lúcia, notando como ela segurava firmemente a alça da bols
Giovana, aos prantos, começou a falar, sua voz embargada e lágrimas escorrendo pelo rosto, num espetáculo comovente.Basílio estreitou os olhos e deu um sorriso frio para Giovana: — Srta. Giovana, você me prometeu que, ao sair, se comportaria adequadamente. O que houve? Mal foi solta e já quer voltar para a delegacia?— Eu... — Giovana ficou sem palavras, engolindo em seco.Ao se lembrar dos olhares de desprezo e das longas horas sentada no banco gelado da delegacia, seus dedos apertaram firmemente o garfo.Sílvio, sem se alterar, como se nada daquilo tivesse a ver com ele, recostou-se na cadeira, apagou o cigarro e, de repente, sorriu para Basílio: — Basílio, parece que você está bem protetor com ela, hein?— Presidente Sílvio, se alguém o estivesse incomodando, eu faria o mesmo. Esse é o dever de um policial para com o cidadão. — Basílio respondeu com firmeza, sua postura impecável.— Basílio, vamos embora, não vale a pena perder tempo com ele.Lúcia se virou e saiu do restaurante
— Presidente Sílvio, o Basílio é um homem íntegro, não parece ser do tipo que cobiça a Sra. Lúcia. Será que não houve um mal-entendido? — Disse Leopoldo, apertando o volante com força. Se Lúcia soubesse que Sílvio estava fazendo essas manobras por trás, com certeza ficaria furiosa.Sílvio riu repentinamente, olhando para ele pelo retrovisor: — Agora você não me obedece mais?— Eu já sei o que fazer.Leopoldo pressionou os lábios e manteve os olhos fixos na estrada à frente.A luz laranja dos postes iluminava a neve que caía, criando uma atmosfera melancólica e desolada.Esse Basílio estava mesmo com azar, escolheu a pessoa errada para provocar. Mexer com a esposa do Presidente Sílvio foi um erro, e agora a promoção a subchefe estava fora de questão.No restaurante japonês.Lúcia olhava para Basílio ao seu lado, intrigada: — Sr. Basílio, você disse ao telefone que tinha algo importante para me contar. O que é?— Seu marido Sílvio e Giovana não fizeram nada naquela noite. Ele é inocent
— Sílvio quer o quê? Matar o sogro de desgosto para ficar satisfeito?Sandra, ao ouvir que foi Sílvio, deixou as lágrimas escorrerem de raiva.Lúcia sentiu um arrepio. Não esperava que Sílvio fosse tão baixo a ponto de cortar os fundos médicos do pai dela logo após o divórcio.O diretor suspirou, olhando para Lúcia com preocupação: — Srta. Lúcia, sugiro que vocês procurem outro hospital o quanto antes. Um hospital público seria mais barato. Embora o tratamento não seja tão bom quanto aqui, é melhor do que nada.— Quanto tempo ele deu para a transferência? — Perguntou Lúcia.— Dois dias. Após dois dias, independentemente de terem encontrado um hospital, cortaremos o tratamento. Srta. Lúcia, por favor, se apresse, o tempo do seu pai está se esgotando.Depois que o diretor saiu, Sandra, inconformada, enxugou as lágrimas e ligou para Sílvio.O telefone tocou por muito tempo, sem resposta.Sandra tentou mais de dez vezes, até que Sílvio, provavelmente irritado, desligou o telefone.— Desgr