— Mesmo assim, isso não justifica. Você só sabe defendê-lo. A criança não é só sua, ele deveria estar ao seu lado o tempo todo. — Disse Basílio, indignado, defendendo Lúcia.Nesse momento, Sílvio apareceu na porta do quarto, com a aparência cansada e apressada. Ele nem teve tempo de trocar de roupa. Assim que viu Lúcia na cama do hospital, caminhou rapidamente até ela, com uma expressão de culpa e preocupação, mas também cheia de carinho:— Lúcia, a culpa é toda minha. Eu deveria ter ficado. Se eu soubesse, teria cancelado a viagem. Prometi que estaria aqui com você nesse momento tão importante, e agora acabei falhando.— Não tem problema, está tudo bem agora. — Respondeu Lúcia, segurando a mão dele com um sorriso. — Você tomou café da manhã?— Não tomei.— Meu irmão trouxe café da manhã para mim. Se você não se importar, pode comer o que sobrou.— Claro.Enquanto Basílio segurava o bebê, Sílvio sentou-se na beira da cama e começou a comer a omelete que Lúcia não tinha terminado. Basí
Lúcia, no entanto, não deu muita importância ao comentário de Sílvio e continuou defendendo Basílio:— Talvez ele só ache que ainda é cedo para isso. Vai que ele leva alguém para conhecer a gente e depois o relacionamento não dá certo? Seria bem embaraçoso.— Você acha que ninguém nesse mundo é bom o suficiente para ele, não é? — Sílvio perguntou, com um sorriso sarcástico no rosto, o tom carregado de ironia.Lúcia soltou uma risadinha, cheia de confiança:— Claro que acho. Meu irmão é o melhor. Então, por favor, evite falar mal dele na minha frente. Senão, eu juro que te dou uma surra.O som do celular interrompeu a conversa. Sílvio mudou de expressão instantaneamente. Ele resmungou algo sobre ir fumar um cigarro e saiu do quarto com o aparelho.No vão da escada, ele acendeu um cigarro e atendeu a ligação. Do outro lado, uma voz feminina, doce e levemente provocadora, soou:— Sílvio, você saiu correndo assim... Sua esposa está bem? E o bebê? Se parece mais com você ou com ela?— Quem
O e-mail dizia que, se Sílvio não fosse encontrar Rebecca naquela noite, Lúcia receberia as fotos comprometedoras tiradas no quarto de hotel. Sem saída, ele mentiu dizendo que precisava viajar a trabalho e foi ao encontro dela.Quando voltou ao quarto do hospital, Sílvio encontrou Lúcia acariciando o bebê que dormia profundamente. Ela tocava o rostinho da criança com um carinho infinito e, inclinando-se, beijou delicadamente a bochecha do bebê. Com um sorriso cheio de amor, murmurou:— Bebê, papai e mamãe te amam. Papai e mamãe vão te amar para sempre. Meu pequeno, cresça rápido, viu? O mundo é tão lindo, e eu quero que você o veja.Talvez fosse o instinto materno, mas Sílvio percebeu que o olhar de Lúcia nunca tinha sido tão terno. Havia uma suavidade em seus olhos que parecia transbordar. Ele, por um instante, se lembrou de quando eles eram recém-casados.Naquela época, Lúcia costumava abraçá-lo pela cintura, com um tom manhoso, para perguntar:— Sílvio, você prefere menino ou menina
No consultório do médico.- Sra. Lúcia, suas células cancerígenas já se espalharam para o fígado. Não há mais o que fazer. Nos dias que lhe restam, coma o que quiser, faça o que desejar, sem arrependimentos.- Quanto tempo eu ainda tenho?- Um mês, no máximo.Lúcia Baptista saiu do hospital. Sem tristeza, sem alegria, pegou o celular e ligou para seu marido, Sílvio. Pensou que, apesar de não estarem mais apaixonados, era necessário contar a ele sobre sua condição terminal.O celular tocou algumas vezes e foi desligado.Ligou novamente, mas já estava na lista de bloqueio.Tentou pelo WhatsApp, mas também estava bloqueada.O amargor em seu coração aumentou. Chegar a esse ponto no casamento era triste e lamentável.Sem desistir, foi à loja e comprou um novo chip, ligando novamente para Sílvio.Desta vez, ele atendeu rapidamente: - Alô, quem fala?- Sou eu. - Lúcia segurava o celular, mordendo os lábios, enquanto o vento cortante batia em seu rosto, como lâminas geladas.A voz do homem no
Lúcia fixava intensamente a foto, com um olhar afiado e sereno, como se quisesse perfurá-la.Ela realmente se arrependia de não ter enxergado a verdadeira natureza das pessoas ao seu redor.Sílvio era seu marido, Giovana era sua melhor amiga, e ambos, que sempre diziam que a retribuiriam, agora a traíam pelas costas, causando-lhe uma dor atroz!A amante se sentia tão no direito de exibir sua conquista na frente da esposa legítima, era uma desfaçatez sem igual!Lúcia era orgulhosa. Mesmo que a família Baptista agora estivesse nas mãos de Sílvio, ela ainda era a única herdeira legítima da família.Giovana não passava de uma aduladora que sempre a seguia, bajulando e tentando agradar.Lúcia bloqueou todas as formas de comunicação com Giovana. Porque ela sabia que Giovana, sozinha, não teria coragem de agir. E Sílvio era a mão que impulsionava as ações de Giovana.Para esperar Sílvio, ela não jantou, apenas tomou o analgésico prescrito pelo médico.O relógio na parede marcava onze horas. L
- Eu vou soltar fogos de artifício por dias e noites no seu funeral para comemorar sua morte! - Disse Sílvio.Ao ouvir isso, o coração de Lúcia, que já estava pendurado por um fio, se despedaçou completamente. Cada pedaço, ensanguentado, parecia impossível de juntar novamente.Era difícil imaginar o quão frio Sílvio poderia ser. Ele desejava sua morte com tanta indiferença, falando com um sorriso sarcástico.- Sílvio, se quer casar com a Giovana, vai ter que esperar eu morrer.O homem que ela havia moldado com suas próprias mãos havia sido seduzido por uma mulher sem escrúpulos. Ela não podia suportar essa humilhação.Se estavam destinados ao inferno, que fossem os três juntos.- Lúcia, ainda vai chegar o dia em que você vai chorar e implorar de joelhos para se divorciar de mim!O olhar penetrante de Sílvio estava frio como gelo. Sem qualquer hesitação, ele bateu a porta ao sair.Aquela noite, ela não conseguiu dormir. Não era por falta de vontade, mas porque simplesmente não conseguia
- Pode ser parcelado? - Lúcia perguntou com a voz trêmula.A funcionária do caixa, com uma expressão fria e acostumada a esse tipo de situação, respondeu: - Somos um hospital particular, não fazemos parcelamento. Ou você transfere seu pai ou providencia o dinheiro.As pessoas na fila atrás dela começaram a revirar os olhos e a reclamar:- Você vai pagar ou não? Se não, sai da frente, estamos esperando.- Exato, está ocupando o lugar à toa.- Se não tem dinheiro, por que veio ao hospital? Vai para casa esperar a morte!Lúcia levantou os olhos levemente e, com um pedido de desculpas, saiu da fila.Ela tinha poucos amigos e pedir dinheiro emprestado era fora de questão.A única pessoa que poderia ajudá-la era Sílvio.Ela ligou, mas ele não atendeu.Mandou uma mensagem: [Assunto urgente, atenda, Presidente Sílvio.]Era a primeira vez que ela o chamava de Presidente Sílvio.Primeira ligação, sem resposta. Segunda, terceira, também não.Ela continuou insistindo, sem desistir, mesmo com o co
Lúcia ouviu um zumbido nos ouvidos e sua visão ficou turva por um momento. Antes que pudesse reagir, sentiu suor frio na testa.Sandra, ainda furiosa, deu mais um tapa na filha.Lúcia quase caiu, mas uma enfermeira bondosa a segurou.Com a visão gradualmente recuperada, ela viu a mãe, furiosa, olhando para ela e gritando:- Sua ingrata! Eu te avisei para não fazer isso, mas você insistiu! Eu sempre disse que Sílvio não era bom para você, que ele tinha segundas intenções! Eu escolhi para você um bom partido, alguém do nosso nível, mas você preferiu um órfão, um segurança! E agora? Como ele te trata? Como ele nos trata? A família Baptista, que sempre foi tão respeitada, está arruinada por sua causa, tudo por sua culpa!Sandra, com o rosto vermelho de raiva, levantou a mão para bater de novo, mas foi contida pelos profissionais de saúde.Lúcia, com o rosto dolorido, tentou falar, mas não conseguiu emitir uma palavra. Tudo o que podia fazer era chorar de arrependimento.Na maca, o pai come