Ivone pensou que Basílio devia ser apenas muito reservado e ainda não havia se adaptado totalmente à ideia de estar em um relacionamento. Ela ligou para Hana, pedindo que investigasse o passado de Basílio. Queria saber tudo sobre ele, qualquer detalhe, pois tudo nele despertava sua curiosidade.Depois do almoço, Bruno entrou em contato com ela. Pouco depois, chegaram os homens de uma empresa de mudanças para embalar e transportar suas coisas. Ivone achava que Basílio a mandaria para a mansão da família Araújo. Mas, como descobriu rapidamente, estava enganada. Ela foi levada para o apartamento de Basílio. Um lugar modesto, com dois quartos e uma sala. O espaço era pequeno, mas perfeito para um casal. Os móveis e a decoração eram todos novos. Ivone não se importou com o tamanho do apartamento. O importante era que estariam juntos. Para ela, o essencial era o fato de ser a namorada de Basílio, sua futura esposa. O tamanho da casa não fazia diferença.Depois de ajudar na mudança, Brun
Aquela frase foi como um raio que atravessou Ivone, deixando sua mente completamente em branco. Na primeira vez com Basílio, ele não havia usado preservativo. Mas seria possível? Não podia ser tão coincidência assim.Ivone gostava de planejar as coisas com calma. Se estivesse grávida, isso arruinaria todos os seus planos.— Basílio usou camisinha quando ficou com você, não usou? — Hana insistiu, puxando Ivone de volta aos seus pensamentos.Ela havia esquecido de tomar a pílula do dia seguinte. Não tinha experiência e, na época, nem deu muita importância. Agora, segurava o celular com um leve nervosismo e desviou o assunto:— Não diga bobagens, não é nada disso.— Arranje um tempo para ir ao hospital e fazer um exame. Ouviu? Não trate isso como algo sem importância.— O que você descobriu? — Ivone rapidamente mudou o foco da conversa.Hana soltou uma risada baixa antes de responder:— Basílio teve uma vida muito mais difícil do que imaginávamos. Desde que nasceu, ele foi criado apenas p
— Você tem razão.— Não me venha com respostas evasivas. E quando você vai contar a ele sobre sua verdadeira identidade? — Hana insistiu.Ivone pegou um saquinho plástico e colocou alguns pimentões perfeitamente organizados dentro dele. Depois respondeu com tranquilidade:— Vou esperar mais um pouco. Quero que nossa relação esteja mais sólida. Quando estivermos falando em casamento, será o momento certo para contar.— Faz sentido. Vai que ele está interessado só na sua herança. Assim é mais seguro.Depois disso, encerraram a ligação.Ivone comprou várias coisas no supermercado, carregando sacolas cheias na volta para casa. No caixa, usou seu próprio cartão para pagar. De volta ao apartamento, tomou um copo d’água e, enquanto descansava por um momento, sua mente começou a divagar. Quem seria Lúcia? Que tipo de pessoa era a irmã de Basílio? Como ela seria fisicamente?Curiosa, Ivone pegou o celular e fez uma busca no Google. Rapidamente, várias fotos de Lúcia apareceram nos resultados.E
No consultório do médico.- Sra. Lúcia, suas células cancerígenas já se espalharam para o fígado. Não há mais o que fazer. Nos dias que lhe restam, coma o que quiser, faça o que desejar, sem arrependimentos.- Quanto tempo eu ainda tenho?- Um mês, no máximo.Lúcia Baptista saiu do hospital. Sem tristeza, sem alegria, pegou o celular e ligou para seu marido, Sílvio. Pensou que, apesar de não estarem mais apaixonados, era necessário contar a ele sobre sua condição terminal.O celular tocou algumas vezes e foi desligado.Ligou novamente, mas já estava na lista de bloqueio.Tentou pelo WhatsApp, mas também estava bloqueada.O amargor em seu coração aumentou. Chegar a esse ponto no casamento era triste e lamentável.Sem desistir, foi à loja e comprou um novo chip, ligando novamente para Sílvio.Desta vez, ele atendeu rapidamente: - Alô, quem fala?- Sou eu. - Lúcia segurava o celular, mordendo os lábios, enquanto o vento cortante batia em seu rosto, como lâminas geladas.A voz do homem no
Lúcia fixava intensamente a foto, com um olhar afiado e sereno, como se quisesse perfurá-la.Ela realmente se arrependia de não ter enxergado a verdadeira natureza das pessoas ao seu redor.Sílvio era seu marido, Giovana era sua melhor amiga, e ambos, que sempre diziam que a retribuiriam, agora a traíam pelas costas, causando-lhe uma dor atroz!A amante se sentia tão no direito de exibir sua conquista na frente da esposa legítima, era uma desfaçatez sem igual!Lúcia era orgulhosa. Mesmo que a família Baptista agora estivesse nas mãos de Sílvio, ela ainda era a única herdeira legítima da família.Giovana não passava de uma aduladora que sempre a seguia, bajulando e tentando agradar.Lúcia bloqueou todas as formas de comunicação com Giovana. Porque ela sabia que Giovana, sozinha, não teria coragem de agir. E Sílvio era a mão que impulsionava as ações de Giovana.Para esperar Sílvio, ela não jantou, apenas tomou o analgésico prescrito pelo médico.O relógio na parede marcava onze horas. L
- Eu vou soltar fogos de artifício por dias e noites no seu funeral para comemorar sua morte! - Disse Sílvio.Ao ouvir isso, o coração de Lúcia, que já estava pendurado por um fio, se despedaçou completamente. Cada pedaço, ensanguentado, parecia impossível de juntar novamente.Era difícil imaginar o quão frio Sílvio poderia ser. Ele desejava sua morte com tanta indiferença, falando com um sorriso sarcástico.- Sílvio, se quer casar com a Giovana, vai ter que esperar eu morrer.O homem que ela havia moldado com suas próprias mãos havia sido seduzido por uma mulher sem escrúpulos. Ela não podia suportar essa humilhação.Se estavam destinados ao inferno, que fossem os três juntos.- Lúcia, ainda vai chegar o dia em que você vai chorar e implorar de joelhos para se divorciar de mim!O olhar penetrante de Sílvio estava frio como gelo. Sem qualquer hesitação, ele bateu a porta ao sair.Aquela noite, ela não conseguiu dormir. Não era por falta de vontade, mas porque simplesmente não conseguia
- Pode ser parcelado? - Lúcia perguntou com a voz trêmula.A funcionária do caixa, com uma expressão fria e acostumada a esse tipo de situação, respondeu: - Somos um hospital particular, não fazemos parcelamento. Ou você transfere seu pai ou providencia o dinheiro.As pessoas na fila atrás dela começaram a revirar os olhos e a reclamar:- Você vai pagar ou não? Se não, sai da frente, estamos esperando.- Exato, está ocupando o lugar à toa.- Se não tem dinheiro, por que veio ao hospital? Vai para casa esperar a morte!Lúcia levantou os olhos levemente e, com um pedido de desculpas, saiu da fila.Ela tinha poucos amigos e pedir dinheiro emprestado era fora de questão.A única pessoa que poderia ajudá-la era Sílvio.Ela ligou, mas ele não atendeu.Mandou uma mensagem: [Assunto urgente, atenda, Presidente Sílvio.]Era a primeira vez que ela o chamava de Presidente Sílvio.Primeira ligação, sem resposta. Segunda, terceira, também não.Ela continuou insistindo, sem desistir, mesmo com o co
Lúcia ouviu um zumbido nos ouvidos e sua visão ficou turva por um momento. Antes que pudesse reagir, sentiu suor frio na testa.Sandra, ainda furiosa, deu mais um tapa na filha.Lúcia quase caiu, mas uma enfermeira bondosa a segurou.Com a visão gradualmente recuperada, ela viu a mãe, furiosa, olhando para ela e gritando:- Sua ingrata! Eu te avisei para não fazer isso, mas você insistiu! Eu sempre disse que Sílvio não era bom para você, que ele tinha segundas intenções! Eu escolhi para você um bom partido, alguém do nosso nível, mas você preferiu um órfão, um segurança! E agora? Como ele te trata? Como ele nos trata? A família Baptista, que sempre foi tão respeitada, está arruinada por sua causa, tudo por sua culpa!Sandra, com o rosto vermelho de raiva, levantou a mão para bater de novo, mas foi contida pelos profissionais de saúde.Lúcia, com o rosto dolorido, tentou falar, mas não conseguiu emitir uma palavra. Tudo o que podia fazer era chorar de arrependimento.Na maca, o pai come