- Vou acabar logo. - A voz chorosa da mulher soou.Ela chorava.Com uma cena tão embaraçosa e humilhante, era normal que ela chorasse.Mas isso era algo que ela deveria suportar. Comparado à perda dos pais dele, ser humilhada verbalmente não era nada.Sílvio voltou a exibir uma expressão indiferente.Dois minutos depois, Lúcia saiu do banheiro vestindo um roupão, pegou o secador de cabelo e começou a secar o cabelo de Sílvio.Desde que começaram a namorar, toda vez que ele lavava o cabelo, ela insistia em secá-lo para ele.Mas agora, depois de um ano, era a primeira vez que ela fazia isso novamente, e ainda por uma exigência dele.No rosto de Lúcia, havia uma expressão de desagrado. Ela estava de boca fechada, secando rapidamente o cabelo dele, como se não quisesse passar mais um segundo ao lado dele.Sílvio pensou na expressão tímida dela há pouco, sabendo que nunca mais a veria assim.No futuro, ela faria cara de tímida para outro homem, dormiria com outro homem.Depois de secar o ca
Anteriormente, ela podia sentar em suas pernas quando quisesse, mas agora precisava observar suas reações.Ele não afastou a mulher, apenas a observou friamente.Mesmo sendo tão frio, mesmo a machucando e destruindo a família Baptista, ela ainda não conseguia evitar gostar dele.Ela ainda não queria se separar dele, mas agora não havia mais jeito. Chegaram a esse ponto, o que mais poderia fazer?Sentimentos de tristeza, mágoa, injustiça e ressentimento inundaram o coração de Lúcia como uma enchente, camada após camada.Lúcia se aproximou de Sílvio. Ele estava impassível, como uma escultura bela e gelada.O nariz da mulher começou a arder. Gostar de um homem por tantos anos, e agora estava prestes a se separar dele.Quando estava prestes a tocar seus lábios finos, Lúcia viu seus olhos ficarem vermelhos, e grandes lágrimas caíram de seus olhos e molharam o dorso da mão de Sílvio.Lúcia cobriu a boca com a mão, abafando os soluços.Como chegaram a esse ponto?Ela havia prometido a si mesm
- Está me ameaçando? - Sílvio riu, voltando a sentar no sofá.Lúcia também riu: - Não se trata de ameaça, apenas estou ajudando você a entender as vantagens e desvantagens, Presidente Sílvio.- Por que você quer se divorciar de repente?Sílvio abriu novamente o acordo de divórcio e começou a folheá-lo casualmente.Lúcia não respondeu.- Quero ouvir a verdade.Sílvio não olhou para ela, continuando a folhear o acordo de divórcio com indiferença.Lúcia olhou para ele com um tom de sarcasmo: - Eu não tenho a intenção de mentir. A verdade é que não gosto mais de você, estou cansada de você, não te quero mais. Você pode ser um tesouro para Giovana, mas para mim você não é nada. Desde o momento em que te vi pela primeira vez, você não passava de um órfão. Mesmo agora, sendo o presidente do Grupo Baptista e controlando o destino da família Baptista, aos meus olhos, você continua sendo o mesmo ninguém de antes.Os dedos de Sílvio apertaram a caneta instantaneamente. Ele levantou os olhos e f
O homem deu passos largos, saindo da Mansão do Baptista.Vestido com um terno escuro, Sílvio fez uma ligação para Leopoldo. Com um tom frio e poucas palavras, ele transmitiu suas instruções.Leopoldo hesitou no telefone: - Presidente Sílvio, se a Sra. Lúcia descobrir, vai ficar ainda mais chateada com o senhor. Por que não fala diretamente com ela? Não precisa usar esse truque.- Se você não quer fazer, pode se demitir. - Sílvio segurou o celular, rindo friamente.O trabalho era mais importante do que tudo.- Vou cuidar disso agora mesmo.Leopoldo finalmente cedeu. Só que ele não conseguia imaginar qual seria a reação de Lúcia ao descobrir.Lúcia passou a noite toda sem dormir.Ela reviu o acordo de divórcio várias vezes, incluindo a assinatura de Sílvio no documento.A caligrafia era firme e fria, refletindo a personalidade dele.Estava tudo prestes a acabar. Tudo, tanto o bom quanto o ruim, estava chegando ao fim.Às oito da manhã do dia seguinte, Lúcia se levantou para se arrumar.
Leopoldo disse ao telefone: - Talvez o senhor não tenha visto sua mensagem.- Leopoldo, você pode pedir para ele vir ao cartório? Já estou esperando por ele há um tempão. - Pediu Lúcia.Leopoldo ficou surpreso e exclamou: - Cartório? Sra. Lúcia, o que a senhora está fazendo no cartório?- Ele sabe do que se trata, apenas lembre-o. - Lúcia respondeu, sem se alongar.- Sra. Lúcia, aguarde um momento, vou até a sala de reuniões verificar.- Obrigada, Leopoldo.- Não é incômodo algum. - Disse Leopoldo antes de desligar.Lúcia suspirou. O que estava acontecendo? Ontem ele prometeu que estaria no cartório às dez, e agora ainda estava em reunião? Ele estava brincando com ela?Na porta da sala de reuniões do Grupo Baptista, Leopoldo segurava o celular. A reunião de hoje era mais reservada, então ele não estava participando.O Presidente Sílvio não gostava de ser interrompido enquanto trabalhava.Se entrasse sem permissão, poderia ser repreendido pelo chefe, o que não seria bom para ele.Ma
Era muito claro que Lúcia estava novamente pressionando para saber como as coisas estavam.Este casal vivia em constante conflito, mas nunca largavam do pé dele, um simples funcionário, que se via lutando para sobreviver no meio dessa tempestade. Era muito difícil.Leopoldo adivinhou que Sílvio não iria ao cartório hoje, mas não teve coragem de contar isso para ela, com medo de desanimá-la.O celular virou um verdadeiro abacaxi nas mãos dele.Finalmente, colocou o celular no modo silencioso e o devolveu ao bolso do paletó.A tela do celular ficou acesa por quase um minuto antes de apagar.Lúcia olhou para o celular, que não foi atendido, e franziu a testa. O que será que aconteceu? Era a primeira vez que Leopoldo não atendia sua ligação.Quando deu meio-dia, os funcionários do cartório já estavam se preparando para o almoço. Ao ver que ela ainda estava esperando, um deles perguntou:- Senhora, você está aqui para casar?- Não, estou aqui para me divorciar. - Lúcia respondeu com um sor
- Sra. Lúcia não disse nada. - Leopoldo respondeu a SílvioLeopoldo terminou de falar, segurando o guarda-chuva, e começou a falar ao telefone com Lúcia: - Sra. Lúcia, a senhora está me ouvindo? O Presidente Sílvio já está na porta do cartório.- Estou vendo vocês. Também estou na entrada do cartório.Sílvio e Leopoldo estavam perto um do outro, e a voz calma de Lúcia no telefone chegou aos ouvidos de Sílvio.Ele levantou levemente a cabeça.O cartório estava do outro lado da rua.Lúcia estava parada nos degraus da entrada do cartório.Folhas nas árvores e nos degraus estavam cobertas de um branco sem vida.A única cor viva era Lúcia, vestida de vermelho vibrante.Sílvio atravessou a rua com suas longas pernas, caminhando em direção a ela, seu olhar afiado fixo no rosto dela.A mulher estava com uma maquiagem impecável, o cabelo preso em um coque.Fazia muito tempo que ele não a via se arrumar assim, pois ele já havia dito que não gostava quando ela se vestia de forma chamativa.Duran
Lúcia, claro, sabia que a funcionária realmente queria ajudar, tentando convencê-la a não se divorciar e voltar para casa e viver bem. Mas se eles pudessem viver bem, ela não estaria ali.Sílvio, com um olhar profundo, insistiu: - Aperte o passo, só tenho cinco minutos.A funcionária ergueu os olhos para o homem sentado.O olhar frio e a presença imponente de Sílvio, com uma aura de autoridade, a deixaram nervosa.Aquela aparência severa explicava por que sua esposa estava determinada a finalizar o divórcio.A funcionária revisou cuidadosamente os documentos apresentados por ambos. Após verificar que tudo estava em ordem, ela guardou os papéis em uma pasta e os arquivou em um compartimento.Então, ela destacou duas vias de recibo, entregando uma para Sílvio.Sílvio não pegou; foi Leopoldo quem aceitou por ele.A outra via foi entregue a Lúcia: - O período de reflexão do divórcio é de um mês. Se depois de um mês vocês ainda quiserem se divorciar, voltem ao cartório na data indicada n