Portanto, o registro da ligação durou apenas dois segundos.O garçom não fazia ideia das complicações envolvidas ao discar aquele número.Enquanto isso, Ivone Garcia, vestindo um elegante vestido no estilo Chanel, passeava pelo shopping com sua melhor amiga. O shopping, por acaso, era propriedade de Gabriel, pai de Ivone. Com um ar despreocupado e generoso, ela comentou com a amiga:— Para agradecer por você ter conseguido aquele contrato para o Grupo Araújo, escolha o que quiser. Eu pago.— Então eu não vou me fazer de rogada! — Respondeu a amiga com um sorriso, dirigindo-se a uma vitrine de artigos de luxo. Pouco depois, escolheu uma bolsa que custava nada menos que dois milhões de reais.Ivone chamou a vendedora e pediu que colocasse a conta no nome dela. A funcionária ficou boquiaberta. Nunca tinha visto alguém gastar tanto dinheiro com tanta facilidade.— E então, Ivone? Como está indo com o seu “príncipe encantado”? — Perguntou a amiga, curiosa.— Ah, nem me fale. Tá do mesmo jei
Não houve resposta. Depois de terminar de ajustar o próprio cinto de segurança, Ivone levantou o olhar e viu Basílio inclinado contra o encosto do banco do passageiro, com as sobrancelhas franzidas. Ele mantinha os olhos fechados e suas longas e grossas pestanas projetavam pequenas sombras sob a luz fraca. O terno estava levemente desalinhado, revelando o contorno refinado de sua clavícula.Ivone pensou que ele tinha adormecido e tentou, com cuidado, perguntar:— Quer que eu te ajude a colocar o cinto?Ainda assim, nada. Ele não respondeu. Ela suspirou discretamente, inclinou o corpo e decidiu ajudá-lo. Aproximou-se para puxar o cinto de segurança. Os dois ficaram tão próximos que ela podia sentir o ritmo suave e profundo da respiração dele.Seu coração acelerou. Ivone mordeu os lábios, tentando disfarçar o nervosismo, enquanto ajustava o cinto sobre ele. Sentiu a respiração quente de Basílio roçar em seu pescoço, e, por um instante, os lábios dele tocaram levemente sua pele, causando
Basílio não ouvia nada do que Ivone dizia. Para ele, naquele momento, só existia Lúcia. Ele a apertou ainda mais forte em seus braços e murmurou, com uma voz carregada de tristeza:— Não me empurre. Eu estou péssimo. Fica comigo, por favor.Ivone, perdida na situação, não fazia ideia de que estava mergulhando cada vez mais fundo no papel de substituta. Seus olhos se arregalaram em surpresa enquanto olhava para ele.— Você... você sabe quem eu sou?— Eu gosto de você. Não me rejeite. — Respondeu Basílio, com uma voz que parecia ter o poder de hipnotizar.O tom dele era tão intenso, tão envolvente, que Ivone mal conseguia pensar. Seu coração começou a derreter, consumido pela alegria de ouvir uma confissão do homem dos seus sonhos. As lágrimas brotaram em seus olhos, e ela não conseguiu resistir. Com um impulso, retribuiu o beijo com paixão.Os dedos deles se entrelaçaram. Enquanto a beijava de forma ardente, Basílio começou a tirar a gravata, a camisa e o paletó, deixando cada peça cair
A amiga de Ivone, que trabalhava como gerente de clientes do hotel, recebeu um pedido incomum naquela manhã. Ivone ligou para ela com urgência e pediu que apagasse as gravações das câmeras de segurança referentes à noite anterior. A amiga sorriu do outro lado da linha e respondeu:— Isso é moleza! Depois de você ter me dado aquela bolsa, claro que eu resolvo. Fica tranquila, Basílio não vai conseguir descobrir nada sobre o que aconteceu ontem.Após encerrar a ligação, Ivone terminou de se arrumar às pressas. Vestiu as roupas que estavam espalhadas pelo chão, de maneira um pouco desajeitada, e, com o coração acelerado, pegou a bolsa e saiu do quarto na ponta dos pés.Na manhã seguinte, ao amanhecer.Basílio abriu os olhos lentamente, revelando o brilho âmbar de suas íris. Ainda deitado, virou o rosto para o lado e percebeu que a cama ao seu lado estava vazia. Franziu as sobrancelhas, confuso. A lembrança da noite passada veio à tona como um borrão: em seu sonho, ele havia visto Lúcia so
Enzo aproximou-se de Basílio no momento em que ele descia as escadas. Com a voz calma e respeitosa, comentou:— Ontem o Sr. Otávio veio aqui procurá-lo. Ficou esperando por um bom tempo, mas você não voltou. Ligou para o seu celular, mas estava desligado. Quando ele foi embora, parecia bem irritado. Patrãozinho, tome cuidado para não deixar ele ainda mais bravo.— Entendido. Obrigado por avisar, tio Enzo. — Respondeu Basílio com um leve sorriso, mantendo a compostura habitual.Logo depois, Basílio foi até a garagem do casarão e escolheu o carro mais discreto entre os disponíveis. Entrou no veículo, ligou o motor e deixou os portões da propriedade da família Araújo para trás.Poucos minutos depois.O carro estacionou em frente à sede do Grupo Araújo. Basílio desceu do veículo com sua habitual elegância, trajando um terno impecável que acentuava sua postura altiva. Caminhou em direção à entrada principal, atraindo olhares de funcionários e visitantes que passavam por ali.No entanto, enq
— Não tenho tempo. — Basílio respondeu friamente, recusando sem rodeios.Do outro lado da linha, Otávio perdeu a paciência imediatamente e começou a gritar:— Basílio, você bateu a cabeça na porta, foi? Sabe quem é a garota? Você ainda tem coragem de dizer que não tem tempo? Ela é filha única do homem mais rico de Cidade B! Eu nem vi a foto dela, mas, pelo menos, feia ela não deve ser. Se a família dela sequer olha na sua cara, já é um favor! Você vai ter que conhecê-la, querendo ou não! Sou seu pai, acha que vou te prejudicar? Oportunidades como essa não aparecem do nada, sabia? Com sua sorte, nem em várias vidas você teria chance de chegar perto de uma pessoa assim.Basílio já estava acostumado com o tom sarcástico e as críticas constantes de seu pai, mas, mesmo assim, aquelas palavras ainda o atingiam como uma facada no peito.Ele, já impaciente, puxou a gravata para aliviar o desconforto e conferiu o relógio no pulso. Sem perder tempo, caminhou a passos largos até o elevador. Do o
Ivone ficou um pouco irritada:— Mãe, já falei que não vou conhecer ninguém. Não insista. Eu já tenho alguém que eu gosto. Diz para o papai parar com esses encontros arranjados. Sua filha não é qualquer uma, não sou incapaz de encontrar um homem sozinha. Por que eu precisaria de um encontro assim? Ainda quero passar mais alguns anos com vocês antes de pensar nisso.— Filha, e esse rapaz de quem você gosta? A família dele é boa? Não é alguém que se aproximou de você só por causa da nossa condição, né? Acho que seria mais seguro considerar alguém que a gente escolheu para você.— Mãe, em que século estamos? Ainda com essa história de casamento arranjado? Só de ouvir isso já fico com vontade de desligar o telefone. Estou cheia de problemas! — Ivone segurou o celular com o ombro, inclinando a cabeça enquanto pegava a xícara de café que acabara de encher.Zita suspirou, percebendo que não ia convencer a filha:— Tá bom, eu vou conversar com seu pai. Mas pense um pouco no que estamos dizendo
— Qual é o seu nome? — Basílio perguntou, ainda um tanto surpreso com o que acabara de ouvir. Ele sabia que em alguns lugares atrasados essas situações realmente aconteciam, mas não pôde deixar de perguntar mais.Iva ficou um pouco confusa com a pergunta. O crachá pendurado no pescoço dela foi pego pelos dedos de Basílio, que o levantou para ter uma visão mais clara. Ele observou a foto no crachá: uma jovem de aparência limpa, com um sorriso confiante e radiante. Era difícil imaginar que por trás de um sorriso tão brilhante pudesse existir uma história tão trágica.Mas, pensando bem, Basílio sabia que ele mesmo não era muito diferente. Seu lar de origem também havia sido um campo de batalhas emocionais.—Iva Garcia. — Ele leu o nome no crachá com sua voz firme e controlada.Então, ela se chamava Iva, uma estagiária do departamento de marketing.Ivone finalmente se deu conta de que estava usando um nome falso desde que entrou no Grupo Araújo. Mesmo assim, ela confirmou com um leve aceno