Valentina Carvalho Aksoy Eu segurava o teste em minhas mãos, sentindo-o queimar como se fosse o próprio fogo. Nunca imaginei que passaria por essa situação. A ansiedade tomava conta de mim, enquanto eu me via diante do desafio de fazer xixi no potinho. Era uma sensação estranha, uma mistura de nervosismo e constrangimento.Enquanto eu estava sentada no vaso sanitário, tentando reunir coragem para enfrentar o teste, pois para mim ele parecia um monstro de sete cabeças, a porta do banheiro se abriu e Adriana entrou. Meu coração disparou. “Já fez?”“Não, eu estou com medo.”Com um gesto rápido, Adriana pegou a fitinha do teste e a colocou dentro do potinho onde eu havia feito xixi. Minha mente estava a mil por hora. Eu não tinha nenhum sintoma, então por que estava passando por isso? Tudo isso não se passava de uma bobagem, que a mãe e a irmã de Emir estão inventando para salvar a família Aksoy.“Quanto temos que esperar?”“Eu não sei, olhe na caixinha do teste,” respondi a Adriana.Co
Valentina Carvalho Aksoy A adrenalina bombeava forte em minhas veias quando vi Joon-Ho se afastando com uma mala. Eu me perguntava para onde ele estava indo. Seria possível que ele estivesse seguindo Emir? Será que ele tinha alguma pista sobre seu paradeiro?“Você sabe para onde ele está indo?” Adriana perguntou novamente.“Eu não tenho ideia.”“O que você acha da gente segui-lo?”A ideia de segui-lo surgiu quase que instintivamente. Era uma loucura, eu sabia, mas e se ele soubesse onde Emir estava. Eu estava proibida de sair daquela casa imponente com seguranças por todos os lados. E ainda tinha a mãe de Emir no meu encalço.“Será que a gente consegue?”“ Você não pode sair, mas eu posso e ninguém precisa saber que você vai comigo, só não podemos demorar ou vamos perdê-lo de vista.”“A minha vida está parecendo um filme de ação de Hollywood, primeiro descubro que estou grávida e agora vou perseguir alguém e sair fugida da casa.”O coração pulsava freneticamente dentro do meu peito,
Valentina Carvalho Aksoy “Onde esse japonês tá indo?” Adriana perguntou curiosa.“Ele é coreano, e não japonês.” corrigi Adriana, minha amiga, com um sorriso divertido.“Tem olhos puxados e são parecidos,” Adriana deu de ombros, como se a semelhança entre as duas nacionalidades não fosse importante. Eu não pude deixar de rir com a observação dela.Enquanto caminhamos para fora do aeroporto, uma sensação de inquietação tomava conta de mim. Era como se nós duas estivéssemos sendo observadas. “O que vamos fazer agora?” perguntei, tentando esconder a tristeza que me consumia.Eu não podia negar que eu tinha vontade de sumir de tudo aquilo, desaparecer. Mas tinha meu pai, ele precisava do tratamento, e outra questão me passou pela cabeça: se Emir não estava mais no comando da organização, quem pagaria o tratamento de meu pai? Aquilo começou a me deixar nervosa.Adriana percebeu minha tristeza e me abraçou, oferecendo seu apoio. - “O que foi? Você está triste.”Suspirei profundamente ante
Valentina Carvalho Aksoy Sinto minhas pernas tremerem descontroladamente, a sensação de ter saído da casa de Emir e seguido Joon-Ho sem nenhum segurança ainda ecoa em minha mente. Que bobagem eu havia feito. Agora, estou sendo levada por pessoas desconhecidas, sem a menor ideia de quem sejam."Entra no carro," a voz rude de um homem ressoa em meus ouvidos, impondo autoridade e medo."Para onde estão me levando?" questiono, minha voz trêmula denunciando o pavor que me consome. “Quem são vocês?”"Entra na merda do carro e cala a boca," a resposta é áspera, sem espaço para argumentos.Do outro lado, consigo ouvir os resmungos de Adriana, o coração apertado de preocupação com o destino incerto que nos aguarda. Cada uma de nós é levada por um carro diferente, seguindo caminhos desconhecidos que nos separam sem piedade.Os raptores se comunicam em uma língua estranha, incompreensível para mim. Russo, polonês, ou qualquer que seja o idioma, soa como um enigma aterrador. Sinto o tecido do sa
Valentina Carvalho Aksoy Eu estava atordoada. Olhava ao redor, tentando entender onde estava e como ele estava ali. “Valentina,” ouvi quando ele disse meu nome."Você?" Eu não podia acreditar quem estava ali em sua frente. "Que lugar é esse e por que eu estou aqui?""Calma, eu vou explicar tudo..." A voz dele vacilou, enquanto eu tentava processar a situação."O que você está fazendo aqui?" As minhas palavras eram carregadas de confusão e preocupação.“É uma longa história, preciso de tempo para poder te explicar e agora eu preciso ir." Ele tentou encontrar as palavras certas."Ir para onde? Eu pensei que você estivesse... Não quero nem pensar nisso." Eu tremia, minha voz embargada pela emoção."Calma, coelhinha, quando eu voltar eu te explico tudo." Era tudo que ele podia oferecer naquele momento, um beijo apaixonado que me deixou atordoada, e logo as mãos dele se afastaram de mim. “Eu volto para você, coelhinha.”E assim Emir saiu da sala e sumiu ao passar por uma porta enorme qu
Emir Aksoy Três dias antesO ar parecia rarefeito enquanto eu encarava a caixa preta, seu peso mínimo amplificado pela carga emocional que ela carregava. Cada batida do meu coração ecoava no silêncio opressivo da sala. O medo, como uma serpente venenosa, se enroscava em volta do meu peito, apertando com uma força implacável. Com as mãos trêmulas, rompi o selo da caixa, e o que vi me atingiu como um soco no estômago. Uma roupa de Valentina, imaculadamente dobrada, ainda com o perfume dela, jazia ali dentro, uma lembrança vívida da presença dela, agora distorcida pela sombra do perigo. Uma onda de pânico varreu meu corpo, paralisando-me por um instante.Meu telefone, como se tivesse vida própria, zumbiu, quebrando o silêncio sepulcral da sala. Com o coração na garganta, deslizei a tela para ver a mensagem. Uma foto de Valentina, tão bonita e serena como sempre, mas o contexto a transformava em um aviso sinistro. Ela estava em casa, na nossa casa, na piscina, com um livro nas mãos e um
Emir Aksoy Eu me encontrei na Polônia, cercado por uma atmosfera de desconfiança e incerteza. Cada rosto que cruzava meu caminho era alvo da minha suspeita, cada movimento era analisado meticulosamente em busca de pistas sobre quem estava por trás das caixas misteriosas enviadas para mim. Porém, em meio à sombra da incerteza, havia uma luz de confiança que brilhava em três figuras: Juana, Asaf e Joon-Ho. Eles eram os únicos em quem eu podia confiar plenamente, os únicos que compartilhavam meus segredos e sabiam dos meus passos. "Juana, por favor, peça ao polonês que busque minha esposa", solicitei, sentindo a urgência pulsante em minhas palavras. Ela me respondeu com uma expressão sombria, sua preocupação evidente em cada linha do rosto. "Já fiz isso", disse ela, com um tom de advertência velado em sua voz. "Mas você sabe que vai ter que fazer mais um favorzinho para ele." Revirei os olhos, um sinal da minha frustração crescente. "Você está sendo repetitiva, Juana." Ela su
Valentina Carvalho Aksoy Depois de um bom banho quente, decidi descansar um pouco na cama. A sensação do conforto me envolveu e acabei adormecendo por um tempo. Ao acordar, me dirigi até a janela e fiquei maravilhada com a paisagem que se formava diante de mim - a neve caía suavemente, criando um cenário digno de contos de fadas. Olhando fixamente para aquelas árvores e aquele céu, pensei ter visto algo se mover. Fixei os olhos, mas não era nada, eu deveria estar sonolenta. Fui tirada desse sonho de paz quando ouvi batidas na porta. Corri para atendê-la e encontrei minha amiga Adriana do outro lado, parecendo um boneco de neve com tantas roupas. Ambas estávamos famintas, então descemos juntas. Ao chegarmos à sala de estar, vimos Juana sentada em uma poltrona, com um copo de whisky nas mãos, observando o líquido com atenção. "A bela adormecida acordou do seu sono profundo", Juana diz com a voz carregada. "Eu estava exausta, aproveitei para descansar", respondi, concordando com ela