Capítulo 55 Gabriel, ainda atormentado pela preocupação, pediu à mãe que permanecesse ao lado de Jussara pelo tempo que fosse necessário e que garantisse que ela fosse atendida pelos melhores especialistas disponíveis. Dona Amélia concordou prontamente, e na manhã seguinte, começou a se arrumar para viajar novamente. Enquanto observava a mãe se preparar para partir, Gabriel sentia uma tensão crescente. Ele precisava saber mais sobre o estado de saúde de Jussara; a incerteza o corroía por dentro. A vontade de compreender melhor a gravidade da situação o fez tomar uma decisão: assim que possível, pediria à mãe que lhe fornecesse todos os laudos médicos e exames. Ele queria entender cada detalhe, não apenas como forma de aliviar sua ansiedade, mas também para se sentir útil de alguma forma. Afinal, não poderia mais se permitir ficar alheio à situação. Jussara e a bebê eram agora sua prioridade absoluta. *** No dia seguinte, Gabriel tentava manter o foco no trabalho, mas sua mente ins
Capítulo 56Gabriel desligou o telefone fixo do escritório e encarou a tela do celular, frustrado pela falta de notícias de Marcos. O filho parecia estar fugindo das responsabilidades, e isso só aumentava sua tensão. Ele tentou ligar novamente, mas a ligação foi direto para a caixa postal.— Droga, Marcos! — murmurou para si mesmo, apertando o aparelho na mão.Suspirando profundamente, ele decidiu tentar novamente mais tarde. Por ora, precisava de algo que o acalmasse. Com os dedos ainda tensos, digitou uma mensagem para sua mãe:"Chegou bem? Está tudo certo por aí?"O celular vibrou quase imediatamente com a resposta. Dona Amélia ligava, e ele atendeu rapidamente.— Mamãe?— Sim, meu filho. Cheguei bem, estou no quarto me ajeitando. Como você está?— Tentando resolver uma confusão atrás da outra — respondeu, suspirando. — E a Jussara? Como ela está?— Está ótima, Gabriel. Está no sofá assistindo televisão e alisando a barriga. Parece tão tranquila... — A voz de Amélia parecia cheia d
Capítulo 57Na manhã seguinte, Jussara caminhava pelo jardim, aproveitando o ar fresco enquanto fazia os exercícios leves recomendados pela obstetra. Mas, de repente, ela sentiu o coração acelerar. Uma leve tontura a incomodou, e ela começou a bocejar repetidamente, como se o sono tivesse tomado conta de seu corpo de forma inesperada.Percebendo que algo não estava bem, Jussara decidiu interromper a caminhada e voltou para dentro da casa, com passos lentos.Na cozinha, Dona Amélia conversava com a cozinheira sobre preparar um almoço especial. Quando viu Jussara entrando, notou imediatamente que ela estava pálida e abatida. A preocupação tomou conta, e ela se aproximou rapidamente.— Querida, o que você tem? — perguntou Dona Amélia, segurando-a gentilmente pelo braço, avaliando seu rosto com atenção.Jussara balançou a cabeça, tentando disfarçar o desconforto.— Acho que só me cansei um pouco, Dona Amélia. Meu coração ficou acele
Capítulo 58Dr. Henrique assinou os papéis para a liberação de Jussara, explicando com calma para Dona Amélia os cuidados necessários durante os próximos dias.- Vou manter contato regularmente para acompanhar como ela está, mas ela já pode descansar em casa. Só não se esqueça: nada de esforços, Dona Amélia. Qualquer alteração, por menor que seja, me avise imediatamente.- Pode deixar, doutor. Estou cuidando dela como uma filha.Dr. Henrique sorriu, apertando a mão de Dona Amélia antes de se despedir. Assim que voltou para seu escritório, ele organizou os papéis no prontuário de Jussara e pegou o telefone. Discou o número que havia anotado e esperou.- Alô?- Gabriel?- Sim, quem fala?- Henrique Dias, seu velho colega da faculdade de medicina. Faz tempo, hein?Gabriel, surpreso, demorou alguns segundos para responder.- Henrique? Não acredito! Quanto tempo mesmo! O que você tem feito?- Pois é, bastante. Estou atuando como cardiologista e, por coincidência, cuidando de uma paciente q
Capítulo 59No final do dia, Gabriel estava no banco de trás do carro, olhando pela janela enquanto a cidade passava rapidamente. Seu pensamento estava longe, ainda refletindo sobre as palavras de Dr. Henrique.Pegou o celular e, com os dedos hesitantes, começou a digitar uma mensagem para sua mãe."Oi, mãe. Só queria te atualizar. Conversei por telefone com o Dr. Henrique e ele me explicou por alto sobre o quadro da Jussara. Vou para Goiás em dois dias para conversar com ele pessoalmente e entender melhor o que podemos fazer. Quero ter uma visão mais clara antes de tomar qualquer decisão."Ele ficou alguns segundos olhando para a tela, sentindo que, finalmente, estava tomando as rédeas da situação.Enviou a mensagem e, ao colocar o celular de volta no bolso, encostou a cabeça no encosto do banco, fechado os olhos por um instante.Ele estava pensativo, quando seu celular vibrou. Ele pegou o aparelho e viu a resposta de sua mãe."Filho, o Dr. Henrique sugeriu que você comece a se aprox
Capítulo 60Gabriel respirou fundo, tentando afastar a decepção. Ele olhou mais uma vez para o celular antes de deixá-lo de lado. Sabia que Jussara precisava de tempo, mas era impossível não sentir o vazio da ausência de uma resposta. Caminhou descalço até o banheiro, ligando a torneira para lavar o rosto e espantar o sono que insistia em permanecer. A água fria trouxe um pouco de clareza, e ele se olhou no espelho por um momento, refletindo sobre como as coisas haviam chegado até ali.Uma hora e meia depois, já no escritório, ele estava sentado em sua cadeira de couro, analisando o currículo de uma das candidatas a babá enquanto aguardava a entrada dela. Quando Ana anunciou a chegada da jovem, Gabriel ajustou a postura e pediu que ela entrasse.A candidata era uma mulher de cerca de trinta anos, de aparência acolhedora, com cabelos castanhos presos em um coque e olhos castanhos gentis. Vestia-se de forma simples, mas elegante, demonstrando profissionalismo.— Bom dia, senhor Monteiro
Capítulo 61Gabriel pegou os currículos das mulheres entrevistadas e os analisou por alguns minutos em silêncio. Após refletir, ele tomou uma decisão e chamou Ana de volta ao escritório.— Ana, decidi que vamos contratar duas babás — disse ele, entregando os papéis. — Quero que você ligue mais tarde para avisá-las. Uma será responsável pelo meu neto, e a outra ajudará a cuidar da minha filha e da Jussara.Ana ergueu uma sobrancelha, surpresa com a decisão.— Duas babás? Isso é incomum, senhor Monteiro.— Eu sei, mas quero garantir que Jussara tenha todo o apoio necessário, especialmente agora. Se ela decidir me perdoar e voltar, quero que tudo esteja pronto para recebê-la com conforto.Ana assentiu, compreendendo a seriedade do pedido.— Entendido. Vou organizar tudo, senhor.Gabriel suspirou, olhando pela janela enquanto Ana saía para fazer as ligações. A ideia de Jussara perdoá-lo ainda parecia distante, mas ele sabia que precisava estar preparado para qualquer possibilidade.Enquan
Capítulo 62 Francisco estava sentado à mesa, os olhos fixos na pilha de documentos que parecia não ter fim. O trabalho havia se acumulado de forma insana, e ele sentia que estava à beira de explodir. Precisava de um momento de descanso, algo que aliviasse a tensão que o consumia. Foi então que ouviu uma batida na porta. — Entre — disse ele, com a voz mais controlada do que sentia. Quando a porta se abriu e Ana entrou, foi como se o ar tivesse sido sugado da sala. Ela caminhava com graça, trazendo uma pasta de documentos em mãos. Francisco sentiu o estômago revirar e, ao mesmo tempo, um calor subir pelo corpo. Aquela mulher, que há pouco tempo ele havia beijado no elevador, e recebido um tapa como resposta, embora o beijo tenha sido correspondido, estava novamente diante dele. Ela era absolutamente deslumbrante, e sua presença o deixava inquieto. Francisco tentou focar nos papéis que ela carregava, mas sua mente insistia em retornar ao momento no elevador, à sensação dos lábios d