Capítulo 62 Francisco estava sentado à mesa, os olhos fixos na pilha de documentos que parecia não ter fim. O trabalho havia se acumulado de forma insana, e ele sentia que estava à beira de explodir. Precisava de um momento de descanso, algo que aliviasse a tensão que o consumia. Foi então que ouviu uma batida na porta. — Entre — disse ele, com a voz mais controlada do que sentia. Quando a porta se abriu e Ana entrou, foi como se o ar tivesse sido sugado da sala. Ela caminhava com graça, trazendo uma pasta de documentos em mãos. Francisco sentiu o estômago revirar e, ao mesmo tempo, um calor subir pelo corpo. Aquela mulher, que há pouco tempo ele havia beijado no elevador, e recebido um tapa como resposta, embora o beijo tenha sido correspondido, estava novamente diante dele. Ela era absolutamente deslumbrante, e sua presença o deixava inquieto. Francisco tentou focar nos papéis que ela carregava, mas sua mente insistia em retornar ao momento no elevador, à sensação dos lábios d
Capítulo 63 Assim que saiu da sala de Gabriel, Francisco caminhava distraído, os pensamentos ainda focados no problema de desvio financeiro. Ele quase não percebeu ao passar pela sala de Ana que ela não estava lá. Resolveu continuar em frente, mas, ao virar o corredor, deu de cara com ela. — Ana! — exclamou surpreso, tropeçando levemente para trás. Ana, por sua vez, estava com uma pilha de papéis nas mãos e quase os deixou cair ao esbarrar nele. O olhar dela foi direto para os olhos dele, e por um momento o tempo pareceu parar. Francisco ficou imóvel, sentindo o coração acelerar ao ver aqueles olhos tão expressivos e o rosto levemente corado dela. — Desculpa... — murmurou Ana, ajeitando os papéis, mas sem desviar o olhar. — Não foi nada... — respondeu Francisco, a voz um pouco rouca. Ele deu um passo à frente instintivamente, os olhos dela o puxando como ímãs. — Ana... — Francisco... — ela come
Capítulo 64 No quarto, Jussara deixou seus pensamentos vagarem enquanto preparava a água para o banho. A ansiedade tomava conta, e ela sentia o coração acelerado. Após entrar no chuveiro, tentou relaxar, deixando a água quente escorrer pelo corpo, mas era impossível não pensar em Gabriel e na conversa que teriam. Quando terminou, vestiu um roupão confortável e sentou-se na beira da cama. Olhou para o celular que repousava na mesa de cabeceira. Por alguns segundos, ficou apenas encarando a tela, como se o aparelho fosse responsável por todas as emoções conflitantes que sentia. Respirou fundo, pegou o celular e abriu as mensagens de Gabriel. Leu e releu as palavras dele, sentindo uma mistura de emoção e cautela. Por fim, tomou coragem e começou a digitar: “Gabriel, Li suas mensagens e, sinceramente, não esperava isso de você. Suas palavras tocaram meu coração, mas espero que entenda que não é fácil para mim. Preciso saber o que o fez mudar de opinião, o que o levou a acreditar
Capítulo 65 No dia seguinte, Gabriel acordou sobressaltado ao som do despertador. Finalmente, quando conseguiu pegar no sono, já era hora de se levantar. Mas isso não o incomodava, afinal, poderia descansar um pouco no avião. Ele saiu da cama com certa preguiça e foi direto ao banheiro para se arrumar. No entanto, enquanto escovava os dentes, ouviu o celular tocar na outra sala. Saiu apressado, mal teve tempo de enxaguar a boca. Estranhou ao ver que era Francisco ligando tão cedo. - Francisco? - Gabriel atendeu, com o tom curioso. - O que aconteceu para me ligar a essa hora? A voz de Francisco soou tensa e urgente do outro lado da linha: - Gabriel, precisamos conversar. Descobri algo muito grave. Gabriel sentiu um frio na espinha. Sentou-se na beira da cama enquanto Francisco continuava: - Estava revisando as contas mais antigas e encontrei um rombo enor
Capítulo 66 Gabriel sentou-se, sentindo o peso dos últimos dias. Antes de tomar qualquer atitude, abriu a gaveta da escrivaninha, de onde tirou um envelope. Com um suspiro profundo, deslizou os dedos sobre o papel, como se revivesse o momento em que o recebeu pela primeira vez. Ele abriu o envelope e retirou o exame de DNA que havia feito há apenas 2 anos, quando sua ex-namorada afirmara que Marcos era seu filho. Na época, a notícia o deixou confuso, mas quando o resultado confirmou a paternidade, sentiu-se preenchido por uma felicidade inesperada. Ele tinha um herdeiro, um pedaço de si para construir um legado. — Como tudo mudou... — murmurou, olhando para o documento. O papel agora parecia mais pesado do que antes. As atitudes de Marcos, o desvio de dinheiro e o rastro de destruição que ele deixava para a família e a empresa, causavam em Gabriel uma mistura de tristeza e decepção profundas.
Capítulo 67 Gabriel havia informado ao Dr. Henrique que precisaria adiar sua visita para um dia após o combinado, e o médico prontamente ajustou sua agenda. Conseguira um horário para a manhã seguinte, logo após o término de seu plantão no hospital próximo à clínica, garantindo tempo para uma conversa tranquila com Gabriel. Chegando ao hospital, Gabriel foi conduzido até a entrada. Lá, dirigiu-se à recepção e pediu para ser levado até o Dr. Henrique. A recepcionista o acompanhou até a sala do médico. Assim que Henrique o viu, abriu um sorriso e comentou: — Gabriel, você mudou bastante nesses anos. Está muito mais apresentável. Gabriel sorriu de volta, avaliando o amigo. — E eu poderia dizer o mesmo de você, Henrique. Parece que o tempo lhe fez bem. Os dois trocaram cumprimentos calorosos antes de começarem a conversar. Logo em seguida, He
Capítulo 68 Gabriel subiu os degraus da casa de dois em dois, quase sem conseguir controlar a ansiedade. Quando chegou à porta, foi surpreendido pela empregada que estava limpando a entrada da casa. Ela o cumprimentou com um sorriso surpreso. - Olá, senhor Gabriel! Bem-vindo. - A jovem disse com um sorriso acolhedor. - Olá! Obrigado. Onde está Jussara? - Gabriel perguntou, mal conseguindo esconder a preocupação e a expectativa em sua voz. - Ela está na sala de estar, senhor. Está tirando um cochilo, a gravidez tem deixado ela bem cansada. Gabriel agradeceu e, com passos rápidos, seguiu em direção à sala de estar. Ele respirava com mais intensidade à medida que se aproximava do local. Quando entrou, os olhos dele se suavizaram ao vê-la ali, deitada no sofá. O rosto de Jussara estava sereno, com os olhos fechados, e Gabriel não pôde deixar de admirar sua beleza, que parecia ainda m
Capítulo 69 Dona Amélia foi para o jardim acompanhada de Mary. Assim que passaram pela porta, ela parou, olhou para o céu e suspirou profundamente. — Estou tão feliz... — disse, enquanto um sorriso amplo iluminava seu rosto, mas as lágrimas de felicidade insistiam em descer. Mary, emocionada com a cena, colocou a mão no ombro da senhora e respondeu com delicadeza: — Eles merecem isso, não é? Dona Amélia assentiu, ainda olhando para o horizonte, como se agradecesse silenciosamente por aquele momento de paz. Enquanto isso, Gabriel não se contentava com apenas um beijo. A saudade e a felicidade, agora misturadas, eram fortes demais para ele ignorar. Sem hesitar, aproximou-se novamente, segurando delicadamente o rosto de Jussara, e voltou a beijá-la com paixão. Ela retribuiu, deixando-se levar pela intensidade do momento. Seus corações pareciam bater em sintonia, como se aquele insta