Capítulo 57
Na manhã seguinte, Jussara caminhava pelo jardim, aproveitando o ar fresco enquanto fazia os exercícios leves recomendados pela obstetra. Mas, de repente, ela sentiu o coração acelerar. Uma leve tontura a incomodou, e ela começou a bocejar repetidamente, como se o sono tivesse tomado conta de seu corpo de forma inesperada.Percebendo que algo não estava bem, Jussara decidiu interromper a caminhada e voltou para dentro da casa, com passos lentos.Na cozinha, Dona Amélia conversava com a cozinheira sobre preparar um almoço especial. Quando viu Jussara entrando, notou imediatamente que ela estava pálida e abatida. A preocupação tomou conta, e ela se aproximou rapidamente.— Querida, o que você tem? — perguntou Dona Amélia, segurando-a gentilmente pelo braço, avaliando seu rosto com atenção.Jussara balançou a cabeça, tentando disfarçar o desconforto.— Acho que só me cansei um pouco, Dona Amélia. Meu coração ficou aceleCapítulo 58Dr. Henrique assinou os papéis para a liberação de Jussara, explicando com calma para Dona Amélia os cuidados necessários durante os próximos dias.- Vou manter contato regularmente para acompanhar como ela está, mas ela já pode descansar em casa. Só não se esqueça: nada de esforços, Dona Amélia. Qualquer alteração, por menor que seja, me avise imediatamente.- Pode deixar, doutor. Estou cuidando dela como uma filha.Dr. Henrique sorriu, apertando a mão de Dona Amélia antes de se despedir. Assim que voltou para seu escritório, ele organizou os papéis no prontuário de Jussara e pegou o telefone. Discou o número que havia anotado e esperou.- Alô?- Gabriel?- Sim, quem fala?- Henrique Dias, seu velho colega da faculdade de medicina. Faz tempo, hein?Gabriel, surpreso, demorou alguns segundos para responder.- Henrique? Não acredito! Quanto tempo mesmo! O que você tem feito?- Pois é, bastante. Estou atuando como cardiologista e, por coincidência, cuidando de uma paciente q
Capítulo 59No final do dia, Gabriel estava no banco de trás do carro, olhando pela janela enquanto a cidade passava rapidamente. Seu pensamento estava longe, ainda refletindo sobre as palavras de Dr. Henrique.Pegou o celular e, com os dedos hesitantes, começou a digitar uma mensagem para sua mãe."Oi, mãe. Só queria te atualizar. Conversei por telefone com o Dr. Henrique e ele me explicou por alto sobre o quadro da Jussara. Vou para Goiás em dois dias para conversar com ele pessoalmente e entender melhor o que podemos fazer. Quero ter uma visão mais clara antes de tomar qualquer decisão."Ele ficou alguns segundos olhando para a tela, sentindo que, finalmente, estava tomando as rédeas da situação.Enviou a mensagem e, ao colocar o celular de volta no bolso, encostou a cabeça no encosto do banco, fechado os olhos por um instante.Ele estava pensativo, quando seu celular vibrou. Ele pegou o aparelho e viu a resposta de sua mãe."Filho, o Dr. Henrique sugeriu que você comece a se aprox
Capítulo 1Brasil — São Paulo — SP.Gabriel Monteiro, CEO de uma das maiores empresas de tecnologia médica do país, estava no centro do silêncio da sala de estar, observando a chuva bater nas imensas janelas de vidro. Desde o acidente que o deixou numa cadeira de rodas, seu temperamento, já severo, piorara ainda mais. Ele odiava a ideia de depender de alguém, especialmente agora que sua mãe, a única pessoa em quem confiava, estava para viajar.Gabriel escutou um barulho às suas costas e se virou, ficou observando a mãe. Ela começou a falar toda ansiosa sobre a viagem para a Europa. Ele não a ouvia. Sua mente estava presa ao incômodo de ser tratado como se jamais fosse se recuperar do acidente que sofreu. Ficou perturbado ao ouvir que teria uma enfermeira para cuidar dele.- Eu não preciso de nenhuma babá cuidando de mim, mãe - ele grunhiu, com a voz firme.Ela suspirou, ignorando sua explosão de raiva com a paciência de quem já estava acostumada com o temperamento difícil do filho.-
Capítulo 2Jussara ouviu uma leve batida em sua porta. Ela abriu e viu Dona Amélia, que parecia já estar de saída, carregando uma pequena bolsa de viagem.— Jussara, querida, eu preciso sair agora. A situação da minha irmã é delicada, e vou direto para o aeroporto — disse Dona Amélia, ajeitando o casaco enquanto dava um sorriso breve, mas preocupado.— Claro, Dona Amélia. Pode deixar que eu cuido de tudo aqui — respondeu Jussara, passando segurança.Dona Amélia suspirou em alívio, segurando a mão de Jussara por um instante.— Obrigada, minha querida. Ele é teimoso, mas tenha paciência. O Gabriel... — ela hesitou, buscando as palavras. — Ele está com a alma tão ferida quanto o corpo.Jussara assentiu, vendo o amor e a dor que transpareciam nos olhos da mãe. Com um aceno breve, Dona Amélia partiu, deixando a mansão em um silêncio quase absoluto.Assim que fechou a porta, Jussara foi até a mesa onde havia anotado os horários dos remédios de Gabriel. O primeiro deles estava próximo, então
Capítulo 3Jussara entrou no quarto e, ao fechar a porta atrás de si, recostou-se nela, ainda tentando assimilar o que acabara de acontecer. Sentia o coração batendo rápido e as mãos trêmulas, enquanto lembrava do beijo intenso de Gabriel. Uma sensação de vulnerabilidade a pegou de surpresa; ele a havia deixado abalada, e a imagem daquele momento ainda girava em sua mente.Ela passou a mão nos lábios, onde o toque dele parecia ainda presente, e suspirou, um tanto indignada consigo mesma. Não fazia sentido. O que ele estava pensando? E por que ela reagiu daquela forma, caindo tão facilmente na provocação dele?"Caí como um patinho," pensou, sentindo-se incrédula. Era impossível negar que aquele fora o melhor beijo que já tivera.Mas, ao mesmo tempo, uma dúvida insistente começava a se formar. Será que ele apenas estava testando os limites? Ou era uma espécie de jogo para ele? Ainda que ela tentasse manter o profissionalismo, Gabriel estava conseguindo abalar suas defesas.Respirando fu
Capítulo 4Uma semana se passou desde aquele beijo inesperado, e Jussara ficou impressionada com o comportamento de Gabriel. Ele não havia feito mais nenhuma tentativa de se aproximar dela de maneira íntima. Na verdade, sua atitude tinha sido bastante neutra, quase indiferente, como se o momento que compartilharam tivesse sido apenas um capricho passageiro. Mas, por outro lado, a ausência de suas investidas deixou Jussara com uma sensação estranha, como se um vazio tivesse se instalado entre eles.No entanto, suas noites mudaram. Desde aquele dia, seus sonhos começaram a ser invadidos por ele. Todas as noites, Gabriel aparecia em sua mente, sempre a beijando com a mesma intensidade e paixão que ela havia sentido em seus lábios. No último sonho, os dois foram além, e Jussara acordou com o coração acelerado, a respiração entrecortada e a sensação de seus lábios ainda quentes.Ela se pegou pensando nos detalhes vívidos: a forma como ele a segurava, o toque firme de suas mãos, o jeito com
Capítulo 5Gabriel afastou seus lábios dos dela, deslizando os dedos suavemente pelo rosto delicado.— Você vai ser minha.Jussara sentiu o corpo inteiro em chamas ao ouvir as palavras dele e, quase sem pensar, murmurou:— Vou...Para Gabriel, isso só confirmava o que ele já imaginava: Jussara era uma acompanhante. Se ela era uma profissional, certamente não se importaria em estar no controle. Apenas a ideia de tê-la despertava nele sensações intensas, algo que o surpreendia, pois, dias atrás, ele achava que o acidente e a quantidade de remédios que tomava impediriam qualquer desejo.No entanto, após a consulta médica de dois dias atrás, as doses foram reduzidas, e o corte no abdômen estava completamente cicatrizado. O maior obstáculo agora era ainda depender da cadeira de rodas. Apesar de já sentir alguma resposta nas pernas, ainda não conseguia movê-las como desejava, efeito do trauma. Mas o médico garantira que, em breve, ele voltaria ao normal.Enquanto isso, iria se satisfazer no
Capítulo 6Ao fechar a porta atrás de si, Jussara encostou-se, deixando finalmente as lágrimas rolarem livres. Ela se amaldiçoava por ter cedido tão fácil, se entregando àquele completo idiota. Mas, apesar de tudo, ela não podia negar: tinha sido bom. Talvez o melhor que já tivera. Ainda assim, decidiu que seria a primeira e última vez com ele.Com passos lentos, seguiu até o banheiro, onde lavou os vestígios do tempo que passaram juntos, como se quisesse apagar as lembranças daquela noite. Seus olhos estavam vermelhos, ardendo pela tristeza e raiva que borbulhava dentro dela.No final do dia, Jussara levou o remédio até o escritório de Gabriel. Ele parecia relaxado, mas sua expressão ainda era séria. Ao entregar o medicamento, ele a encarou e disse, com um tom provocativo:— Me encontre mais tarde no meu quarto.Ela sorriu, mas sua resposta foi firme.— Só nos seus sonhos.Virando-se para sair, Jussara mal percebeu a surpresa em seu rosto quando ele perguntou:— Você não gostou?Ela