Capítulo 60Gabriel respirou fundo, tentando afastar a decepção. Ele olhou mais uma vez para o celular antes de deixá-lo de lado. Sabia que Jussara precisava de tempo, mas era impossível não sentir o vazio da ausência de uma resposta. Caminhou descalço até o banheiro, ligando a torneira para lavar o rosto e espantar o sono que insistia em permanecer. A água fria trouxe um pouco de clareza, e ele se olhou no espelho por um momento, refletindo sobre como as coisas haviam chegado até ali.Uma hora e meia depois, já no escritório, ele estava sentado em sua cadeira de couro, analisando o currículo de uma das candidatas a babá enquanto aguardava a entrada dela. Quando Ana anunciou a chegada da jovem, Gabriel ajustou a postura e pediu que ela entrasse.A candidata era uma mulher de cerca de trinta anos, de aparência acolhedora, com cabelos castanhos presos em um coque e olhos castanhos gentis. Vestia-se de forma simples, mas elegante, demonstrando profissionalismo.— Bom dia, senhor Monteiro
Capítulo 61Gabriel pegou os currículos das mulheres entrevistadas e os analisou por alguns minutos em silêncio. Após refletir, ele tomou uma decisão e chamou Ana de volta ao escritório.— Ana, decidi que vamos contratar duas babás — disse ele, entregando os papéis. — Quero que você ligue mais tarde para avisá-las. Uma será responsável pelo meu neto, e a outra ajudará a cuidar da minha filha e da Jussara.Ana ergueu uma sobrancelha, surpresa com a decisão.— Duas babás? Isso é incomum, senhor Monteiro.— Eu sei, mas quero garantir que Jussara tenha todo o apoio necessário, especialmente agora. Se ela decidir me perdoar e voltar, quero que tudo esteja pronto para recebê-la com conforto.Ana assentiu, compreendendo a seriedade do pedido.— Entendido. Vou organizar tudo, senhor.Gabriel suspirou, olhando pela janela enquanto Ana saía para fazer as ligações. A ideia de Jussara perdoá-lo ainda parecia distante, mas ele sabia que precisava estar preparado para qualquer possibilidade.Enquan
Capítulo 62 Francisco estava sentado à mesa, os olhos fixos na pilha de documentos que parecia não ter fim. O trabalho havia se acumulado de forma insana, e ele sentia que estava à beira de explodir. Precisava de um momento de descanso, algo que aliviasse a tensão que o consumia. Foi então que ouviu uma batida na porta. — Entre — disse ele, com a voz mais controlada do que sentia. Quando a porta se abriu e Ana entrou, foi como se o ar tivesse sido sugado da sala. Ela caminhava com graça, trazendo uma pasta de documentos em mãos. Francisco sentiu o estômago revirar e, ao mesmo tempo, um calor subir pelo corpo. Aquela mulher, que há pouco tempo ele havia beijado no elevador, e recebido um tapa como resposta, embora o beijo tenha sido correspondido, estava novamente diante dele. Ela era absolutamente deslumbrante, e sua presença o deixava inquieto. Francisco tentou focar nos papéis que ela carregava, mas sua mente insistia em retornar ao momento no elevador, à sensação dos lábios d
Capítulo 63 Assim que saiu da sala de Gabriel, Francisco caminhava distraído, os pensamentos ainda focados no problema de desvio financeiro. Ele quase não percebeu ao passar pela sala de Ana que ela não estava lá. Resolveu continuar em frente, mas, ao virar o corredor, deu de cara com ela. — Ana! — exclamou surpreso, tropeçando levemente para trás. Ana, por sua vez, estava com uma pilha de papéis nas mãos e quase os deixou cair ao esbarrar nele. O olhar dela foi direto para os olhos dele, e por um momento o tempo pareceu parar. Francisco ficou imóvel, sentindo o coração acelerar ao ver aqueles olhos tão expressivos e o rosto levemente corado dela. — Desculpa... — murmurou Ana, ajeitando os papéis, mas sem desviar o olhar. — Não foi nada... — respondeu Francisco, a voz um pouco rouca. Ele deu um passo à frente instintivamente, os olhos dela o puxando como ímãs. — Ana... — Francisco... — ela come
Capítulo 64 No quarto, Jussara deixou seus pensamentos vagarem enquanto preparava a água para o banho. A ansiedade tomava conta, e ela sentia o coração acelerado. Após entrar no chuveiro, tentou relaxar, deixando a água quente escorrer pelo corpo, mas era impossível não pensar em Gabriel e na conversa que teriam. Quando terminou, vestiu um roupão confortável e sentou-se na beira da cama. Olhou para o celular que repousava na mesa de cabeceira. Por alguns segundos, ficou apenas encarando a tela, como se o aparelho fosse responsável por todas as emoções conflitantes que sentia. Respirou fundo, pegou o celular e abriu as mensagens de Gabriel. Leu e releu as palavras dele, sentindo uma mistura de emoção e cautela. Por fim, tomou coragem e começou a digitar: “Gabriel, Li suas mensagens e, sinceramente, não esperava isso de você. Suas palavras tocaram meu coração, mas espero que entenda que não é fácil para mim. Preciso saber o que o fez mudar de opinião, o que o levou a acreditar
Capítulo 65 No dia seguinte, Gabriel acordou sobressaltado ao som do despertador. Finalmente, quando conseguiu pegar no sono, já era hora de se levantar. Mas isso não o incomodava, afinal, poderia descansar um pouco no avião. Ele saiu da cama com certa preguiça e foi direto ao banheiro para se arrumar. No entanto, enquanto escovava os dentes, ouviu o celular tocar na outra sala. Saiu apressado, mal teve tempo de enxaguar a boca. Estranhou ao ver que era Francisco ligando tão cedo. - Francisco? - Gabriel atendeu, com o tom curioso. - O que aconteceu para me ligar a essa hora? A voz de Francisco soou tensa e urgente do outro lado da linha: - Gabriel, precisamos conversar. Descobri algo muito grave. Gabriel sentiu um frio na espinha. Sentou-se na beira da cama enquanto Francisco continuava: - Estava revisando as contas mais antigas e encontrei um rombo enor
Capítulo 66 Gabriel sentou-se, sentindo o peso dos últimos dias. Antes de tomar qualquer atitude, abriu a gaveta da escrivaninha, de onde tirou um envelope. Com um suspiro profundo, deslizou os dedos sobre o papel, como se revivesse o momento em que o recebeu pela primeira vez. Ele abriu o envelope e retirou o exame de DNA que havia feito há apenas 2 anos, quando sua ex-namorada afirmara que Marcos era seu filho. Na época, a notícia o deixou confuso, mas quando o resultado confirmou a paternidade, sentiu-se preenchido por uma felicidade inesperada. Ele tinha um herdeiro, um pedaço de si para construir um legado. — Como tudo mudou... — murmurou, olhando para o documento. O papel agora parecia mais pesado do que antes. As atitudes de Marcos, o desvio de dinheiro e o rastro de destruição que ele deixava para a família e a empresa, causavam em Gabriel uma mistura de tristeza e decepção profundas.
Capítulo 67 Gabriel havia informado ao Dr. Henrique que precisaria adiar sua visita para um dia após o combinado, e o médico prontamente ajustou sua agenda. Conseguira um horário para a manhã seguinte, logo após o término de seu plantão no hospital próximo à clínica, garantindo tempo para uma conversa tranquila com Gabriel. Chegando ao hospital, Gabriel foi conduzido até a entrada. Lá, dirigiu-se à recepção e pediu para ser levado até o Dr. Henrique. A recepcionista o acompanhou até a sala do médico. Assim que Henrique o viu, abriu um sorriso e comentou: — Gabriel, você mudou bastante nesses anos. Está muito mais apresentável. Gabriel sorriu de volta, avaliando o amigo. — E eu poderia dizer o mesmo de você, Henrique. Parece que o tempo lhe fez bem. Os dois trocaram cumprimentos calorosos antes de começarem a conversar. Logo em seguida, He