A noite deveria ser perfeita.
Tudo estava exatamente como ele planejou: a fusão da empresa foi um sucesso estrondoso, os contatos estavam estabelecidos e, no dia seguinte, seu nome estaria em todos os jornais e portais de negócios.
Mas, no fundo, nada disso parecia suficiente.
Noah sentia uma inquietação crescente, um nó apertado no peito que se recusava a se desfazer. Assim que conseguiu se livrar dos sócios, jornalistas, parceiros e todos que exigiam sua atenção, ele procurou desesperadamente por Olivia e Douglas.
Encontrou-os perto de um dos balcões de bebidas, envolvidos em uma conversa casual. Ele se aproximou apressado, a euforia em sua voz mal conseguindo disfarçar a
Noah entrou no táxi como um homem à beira do colapso. O peito apertado, o coração martelando contra as costelas, a respiração descompassada. Cada fibra de seu corpo implorava para encontrá-la. Ele não podia perder Kira.— Los Angeles, por favor. Preciso de ajuda para encontrar um endereço específico.A voz saiu rouca, tensa, carregada de uma urgência desesperada. O motorista assentiu e arrancou com o carro, mas Noah mal percebeu o trajeto.Seu mundo estava em chamas. Tudo o que conseguia pensar era no rosto dela, nos olhos marejados, na dor que deve ter sentido ao pensar que ele não a amava.Mas ele amava. Amava mais do que qualquer coisa no mundo. E agora, ele es
Noah acordou perto das oito da manhã, embora não tivesse certeza se havia realmente dormido. Tudo parecia um borrão. Ainda de terno e com os sapatos jogados ao lado da cama, sentia-se esmagado pelo peso do silêncio. Pegou o celular mais uma vez. Desbloqueou a tela e encarou a última mensagem que havia enviado para Kira:“Kira, por favor, me atende. Vamos conversar.”O único risquinho permanecia ali, como uma ferida aberta. Não tinha sido entregue, e isso o deixava mais angustiado. Quantas mensagens já havia enviado naquela madrugada? Vinte? Trinta? Ele rolou a conversa, cada linha uma tentativa desesperada de alcançá-la:“Princesa, cadê você?”
Kira passou o final de semana trancada em casa, presa em um redemoinho de dor e autopunição. Entre o chão, a cama e a geladeira, movia-se como uma sombra do que um dia fora. Não conseguia comer, não conseguia pensar direito. O mundo lá fora parecia distante e cruel, enquanto ela se afundava em suas próprias emoções.A cada suspiro, a dor em seu peito parecia mais forte, como uma ferida que ela não sabia como curar.— Idiota, Kira. Você é uma completa idiota. — murmurava para si mesma, abraçada ao travesseiro. As lágrimas escorriam sem cessar, molhando o tecido já encharcado, enquanto as palavras se repetiam como um mantra cruel.Ela sentia vergonha de si mesma, de sua ingenuidade, por ter
Os três dias seguintes foram um misto de dor e exaustão. Manteve o celular desligado, recusando-se a encarar qualquer coisa que a conectasse a ele. Na segunda à noite, finalmente ligou o aparelho. As notificações explodiram na tela, e ela hesitou ao ver as mensagens de Noah.Havia dezenas delas:— “Kira, cadê você?”— “Princesa, por favor, me atende.”— “Eu só quero conversar, meu amor.”Ela sentiu um nó na garganta ao rolar a conversa. Ele havia tentado, mas para ela, nada daquilo importava. Apagou todas as mensagens de uma vez e com
Olivia lembrava-se vagamente da única vez que tinha ido ao apartamento de Kira. O local era pequeno, desarrumado e apertado, algo que ela prontamente classificou como uma “pocilga”. Naquele momento, decidiu que sempre proporcionaria à amiga um ambiente mais confortável, convidando-a para sua própria casa. Agora, tentando relembrar o endereço exato, percebeu que não conseguia. Lembrava-se apenas do cheiro desagradável do bairro e de que havia ido acompanhada do motorista.— Ela não quer falar com a gente, pai. — Olivia suspirou, o celular ainda em mãos, depois de mais uma tentativa frustrada de contato. Já tinha tentado ligar, mandar mensagens e até um e-mail, mesmo sabendo que Kira dificilmente abriria. — Só nos resta esperar até terça-feira. É quando tenho au
Noah sentia o peso de suas palavras enquanto tentava expressar seus sentimentos para Olivia. Cada sílaba parecia carregada de uma emoção que ele não conseguia definir completamente. Era preocupação, era amor, era medo. Ele sabia que sua filha era inteligente, sabia que ela entenderia a complexidade da situação, mas será que ela compreenderia a profundidade do que ele sentia por Kira?Ele respirou fundo antes de continuar.— Filha, os coreanos têm uma cultura diferente da nossa. Lá, a diferença de idade entre casais é comum, mas nem sempre de um jeito que eu acho… saudável. Muitas meninas de famílias humildes são incentivadas a “caçar um marido empresário” desde muito jovens. Ainda adolescentes. Isso… isso é algo que me incomoda profundamente.Olivia franziu a testa.— Isso é meio nojento, na verdade.Noah suspirou, passando as mãos pelo rosto, como se pudesse afastar o desconforto que aquela conversa trazia.— Eu não quero julgar a cultura de ninguém, filha. Mas eu… eu não queria que
Terça-feira à tarde. Noah chegou mais cedo do trabalho, não conseguia disfarçar e a inquietação que o acompanhava desde o início do dia. Apesar de ter pedido a Olívia que não falasse com Kira sobre nada, a verdade é que ele contava as horas para ouvir qualquer notícia. Ele só queria saber se sua princesa estava bem, pelo menos fisicamente. Isso já seria um alívio.Mas, assim que abriu a porta, afrouxando a gravata na entrada, foi surpreendido por uma loira em completo desespero. Ela praticamente correu até ele, agarrando seu braço com força e um olhar de urgência que o fez gelar.— Pai, se você ama mesmo a Kira, precisamos fazer alguma coisa URGENTE!O nome dela, vindo de Olivia daquela forma tão desesperada, fez o coração de Noah bater descompassado. Ele deixou a pasta e o celular caírem sobre a bancada sem cerimônia, agarrando o braço da filha para conduzi-la ao pequeno sofá do hall.— Por Deus, Olivia, aconteceu alguma coisa com ela? Está bem? Fala logo!Olivia balançava a cabeça,
Cinco dias sem falar com Olívia. Cinco dias sem qualquer contato com Noah. Cinco dias em que tudo o que ela acreditava sobre o relacionamento deles se desfez como pó ao vento. Se é que aquilo foi realmente um relacionamento.Por mais que sua mente tentasse convencê-la de que ela não passara de uma distração para ele, o coração insistia em outra história. As lembranças eram intensas: os beijos demorados, os olhares que pareciam desnudar sua alma, o toque que carregava uma mistura de desejo e ternura. Tudo parecia tão verdadeiro. Como aquilo poderia ter sido apenas uma ilusão?— O badalar da meia-noite chegou cedo pra mim. — murmurou para si mesma, encarando o teto de seu pequeno quarto, onde tudo parecia apertado demais para os pensamentos que a su