Cinco dias sem falar com Olívia. Cinco dias sem qualquer contato com Noah. Cinco dias em que tudo o que ela acreditava sobre o relacionamento deles se desfez como pó ao vento. Se é que aquilo foi realmente um relacionamento.Por mais que sua mente tentasse convencê-la de que ela não passara de uma distração para ele, o coração insistia em outra história. As lembranças eram intensas: os beijos demorados, os olhares que pareciam desnudar sua alma, o toque que carregava uma mistura de desejo e ternura. Tudo parecia tão verdadeiro. Como aquilo poderia ter sido apenas uma ilusão?— O badalar da meia-noite chegou cedo pra mim. — murmurou para si mesma, encarando o teto de seu pequeno quarto, onde tudo parecia apertado demais para os pensamentos que a su
Noah FitzgeraldQuando Olivia me contou que Kira sairia com um garoto da faculdade, fiquei congelado por um momento. Ela descreveu o tal rapaz como boa pinta, colega de turma, um cara que vinha insistindo em algo a mais com Kira há tempos. Um tipo sem complicações, jovem, da mesma idade, alguém que poderia oferecer a ela um relacionamento sem os obstáculos que eu trazia.Meu primeiro pensamento foi de conformidade. Talvez fosse o melhor para ela. Talvez eu devesse simplesmente deixar para lá. Afinal, amar não é isso? Abrir mão dos seus desejos para que a pessoa que você ama seja feliz, mesmo que não seja com você? Mas então Olivia me deu um choque de realidade. Me fez lembrar de tudo o que Kira havia trazido para minha vida. Kira sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Era uma sensação súbita, quase tangível, como se alguém a estivesse observando. Olhou discretamente para trás, sentindo o coração bater acelerado, mas nada fora do comum chamou sua atenção. Nenhum rosto familiar, nenhum par de olhos azuis. Suspirou profundamente, tentando se convencer de que era só coisa da sua cabeça.— Você precisa parar com isso, Kira. Está vendo coisas. Ele não está aqui. — murmurou para si mesma, tentando se concentrar na música que preenchia o ambiente.Mas por mais que tentasse afastar Noah de seus pensamentos, ele estava em todo lugar. Em cada acorde de jazz que ecoava pelo pub, em cada lembrança que teimava em surgir. Como esquecer algu&eacutCapítulo 99 - Conselhos de um bom amigo
Noah saiu do pub desolado. Não queria ir para casa. Como poderia encarar Olivia, sua filha tão perspicaz, sabendo que ela perceberia em um segundo que ele tinha sido um covarde? Que tinha estado a poucos passos de Kira e simplesmente não teve coragem de se aproximar?Mas como poderia?Kira parecia feliz. O sorriso no rosto dela, ainda que machucado, era algo que ele não queria destruir com suas palavras. Talvez ela estivesse realmente tentando seguir em frente. Talvez ele devesse deixá-la fazer isso. Talvez o melhor para ela fosse exatamente isso: estar com alguém da idade dela, sem as complicações de um homem como ele.Noah sabia que ela o amava. Ele via isso em cada gesto, cada olhar. Mas agora, tudo que via era o
Ethan havia acabado de deixar Kira no seu apartamento. A loira entrou, depositou as chaves sobre a mesa de cabeceira e tirou os sapatos com um suspiro pesado. O silêncio do lugar parecia esmagador, uma lembrança constante de sua solidão. Caminhou devagar até o pequeno banheiro, sentindo o peso dos últimos dias acumulado em seus ombros.Ela se despiu lentamente, cada peça de roupa parecendo um fardo que tirava do corpo. Entrou no box e deixou a água fria cair sobre sua pele. Tinha prometido a si mesma que não choraria mais. Mas promessas são frágeis quando o coração está em pedaços. Bastou lembrar da conversa com Ethan e as lágrimas vieram, silenciosas, mas devastadoras.“Será que ele tem razão?”
Noah FitzgeraldAcordei com a cabeça latejando, como se um martelo estivesse batendo incessantemente dentro do meu crânio. Por um momento, fechei os olhos novamente, tentando lembrar onde estava. A cama era confortável demais para ser minha. O travesseiro cheirava a algo familiar, mas não era meu perfume. Me virei devagar, os músculos do corpo reclamam pelo esforço. Foi então que reconheci o quarto: a casa de Douglas.Suspirei, sentindo o peso da vergonha me atingir. O que diabos eu estava fazendo com a minha vida? Me sentei na cama, as mãos pressionando as têmporas enquanto tentava afastar a ressaca e o gosto amargo de arrependimento. Douglas tinha me resgatado novamente.Levantei-me com dificuldade, os passos pesados enquanto me dirigia ao
Kira IvanovOlivia chegou atrasada para a aula, como de costume, com uma energia que parecia nunca diminuir. Sentou ao lado de Kira, afobada, enquanto o professor Richard falava sobre os processos cognitivos de concentração. Kira tentou disfarçar um bocejo, mas não conseguiu evitar.— Oi, amiga. — Olivia sussurrou, inclinando-se para perto.— Bom dia. — Kira respondeu baixinho, mantendo os olhos no professor.— E aí, como foi ontem?— Depois conversamos, o professor está olhando pra gente.Olivia bufou, cruzando os braços, mas respeitou o pedido da amiga, mesmo que estivesse morrendo de curiosidade. Seu p
— Se ele realmente me ama, Olívia, então me diz… por que fez o que fez? — A voz de Kira estava embargada, carregada de uma dor que parecia sufocá-la. — Por que me deixou tão humilhada naquela noite? Por que me tratou como se eu fosse um nada?Seus olhos ardiam, a garganta apertava como se estivesse sendo estrangulada por lembranças que ela gostaria de esquecer, mas que se recusavam a ir embora. Ela queria odiá-lo. Deus, como queria! Mas, em algum lugar dentro de si, o amor por Noah ainda existia, pulsando, machucando.Olivia abaixou a cabeça por um instante, sentindo o peso das palavras da amiga. Sabia que Noah havia cometido erros, sabia que ele tinha ferido Kira profundamente, mas também conhecia o outro lado da história. O lado dele. E se havia algo que Oliv