MARY COLLINS
_ Filha, já vamos pousar.- Da porta do quarto, minha mãe me alertou._ Já estou terminando, mãe.Peguei o meu perfume, próximo lançamento do meu pai, espirrando nos pontos estratégicos. Fechei a minha mala e coloquei ela no mesmo lugar que estava antes, abrindo a porta do meu quarto e sentando no sofá em frente ao que os meus pais estavam, ganhando o sorriso e o olhar amoroso de meus pais._ Você está linda, meu amor.- Papai, como de costume, elogiou-me mais uma vez. Ele tem sempre um elogio para mim ou para a minha mãe, sem nunca poupar os adjetivos. Na rotina do dia acabamos por não dar valor a nenhuma dessas coisas, mas quando chegam os dias negativos, temos total noção do quanto isso é realmente importante e motivacional. Nos meus piores dias, foram todas essas palavras de carinho que acabaram por me ajudar e ser um dos meus maiores incentivos. _ A beleza dos meus pais ajudam muito nisso tudo.- Como uma perfeita bajuladora, não poupo elogios a nenhuma das pessoas que amo.Que esse tanto de elogios me ajudam é fato, mas acabaram me ensinando também. _ Coloca o cinto, meu amor.- Minha mãe me lembrou.Concordei com a cabeça, utilizando da medida de segurança. Não levou muito tempo e percebemos que o avião tinha parado, confirmando que chegamos no nosso destino, nosso mais novo lar!Não levou muito tempo, logo a comissária de bordo veio até nós e com o seu ar simpático, nos deu as boas novas de que estamos na cidade dos filmes e que essa nos recebeu com um clima bem ameno até. Bem, é melhor do que chegar aqui e se deparar com neve ou aquele calor forte. Não demorou muito e a comissária de bordo abriu a porta, descendo as escadas. Assim que meus pais se levantaram, eu já estava na porta do jatinho. A primeira coisa que fiz foi colocar o meu óculos de sol, vendo o primeiro flash da câmera vir na minha direção. É claro que os paparazzis não iriam esperar na saída do aeroporto como pessoas normais, mas sim na saída do jatinho. Bem, fotos exclusivas são sempre as melhores, né. _Senhorita Collins, como se sente com a mudança?- Um dos fotógrafos perguntou, virando o microfone na minha direção._ Confiante, sei que esse é o melhor a se fazer. Tanto eu, quanto a minha família, estamos ansiosos para viver essa nova aventura.- Respondi a sua pergunta, sendo o mais simpática possível.É, eu realmente precisava me trocar. Odeio quando a minha mãe está certa, o que é quase sempre. Por sorte, acabei puxando isso dela, embora esteja aprendendo muita coisa ainda, considero-me bem madura para a minha idade. Acho que o modo que cresci, de certa forma, exigiu isso de mim. _ Qual foi o motivo que ocasionou a mudança de vocês?- Um outro acabou por perguntar, Respirei fundo, voltando minha atenção para o meu amado pai. Isso não é algo que esteja ao meu alcance, eu não sei a resposta e mesmo se soubesse, não poderia falar nada, afinal é um assunto que não me corresponde. Não sou eu quem devo responder, mas sim eles. _ No momento, são assuntos particulares que não podemos expor. Na hora certa, vocês irão saber de todos os detalhes.- Meu pai respondeu, abraçando-me pela nuca._ Obrigada pela atenção.- Mamãe falou por fim, puxando-me pela mão em direção a área privativa do aeroporto._ E o assédio da imprensa continua mais vivo do que nunca.- Ironizei assim que saimos daquela sessão de tortura, deixando os meus ombros cairem em sinal de alivio. Confesso, eu odeio isso. Sei que muitas pessoas, espalhadas pelo mundo, dariam de tudo para ter essa minha vida. Para ser tão querida e requisitada assim pelos meios de comunicação. Bem, para essas pessoas todas, podem ficar com isso tudo por mim. _ Não importa quantas vezes a gente passe por isso, nunca vamos nos acostumar.- Como uma forma de me apoiar, minha mãe concordou._ Bom, ao menos o de hoje já foi.- Meu pai.- Agora vamos logo, estou faminto e a comida da Silvia é sem igual.Concordei com a cabeça, sentindo a fome só de imaginar. Silvia é a cozinheira do meu tio a muito tempo, podemos dizer que faz parte da família. As comidas dela são sem iguais, deliciosas em tantos tipos diferentes. Acredito que por ser brasileira, ela gosta muito de fazer as comidas que são típicas da sua terra. Eu sou apaixonada por todas elas!Assim que o carro que meu pai comprou chegou, entramos e já saímos em direção ao nosso destino. Não demorou muito e a equipe de segurança já estava fazendo o seu trabalho, seguindo-nos por onde quer que a gente vai. Podemos mudar o nosso endereço, mas isso sempre vai fazer parte._ É, meu amado tio não mudou muita coisa.- Falei assim que paramos na entrada do enorme prédio, sendo ele luxuoso ao extremo.Se tem uma coisa que me lembro em detalhes é isso, do quanto ele preza por conforto e luxos. Meu tio é um ótimo advogado, um dos melhores do mundo, o que acaba por tornar os seus serviços mais caros do que o normal, proporcionando a ele uma vida de alto padrão. Algumas ameaças também, você advogar para ricos é como se comprasse os seus inimigos ao mesmo tempo. _ Algumas coisas não precisam mudar, querida.- Papai, em apoio ao seu irmão, falou._ Ansioso para reencontrar o meu tio, pai?- Olhei para os seus olhos através do espelho interno. Depois do que aconteceu, eles não se viram muitas vezes. Meu pai sempre buscou manter contato, mas foi o meu tio que se fechou em seu próprio mundo, evitando que qualquer pessoa adentrasse as barreiras do seu coração. Até eu, que sempre fui sua sobrinha favorita, acabei sofrendo um pouco com isso. Em um dia eu tinha o melhor tio do mundo todo, no outro era como se ele também tivesse partido. Saímos do carro, dando algumas instruções à equipe de segurança, indo direto para o elevador que nos levou para a cobertura. Quando as portas do elevador abriram e pude encarar o belíssimo hall de entrada que nos recebe, senti o meu coração disparar. Era como se fosse anos atrás, eu estivesse chegando para passar o final de semana. _ William.- A voz de meu pai soou animada demais, saindo do elevador e indo até o seu irmão, o abraçando apertado.Sai do elevador junto de minha mãe, com a atenção neles. Depois de poucos segundos, meu pai saiu do abraço com o seu irmão, permitindo que a atenção do meu querido tio se voltasse na gente. Primeiro ele olhou para a minha mãe, por pouquíssimo tempo, antes de focar o seu olhar apenas em mim. Prendi a minha respiração, encarando bem o homem à minha frente. Eu me lembro de muita coisa da minha infância, mas confesso que a imagem dele foi saindo da minha mente aos poucos, permitindo que eu me esquecesse o quão belo é o meu amado tio. Seu corpo é forte, com toda certeza vive na academia. A barba por fazer, o rosto sério e sem esboçar nenhuma reação. Um olhar tão profundo, que poderia te prender nele por minutos, até mesmo por horas. _ Tio.- De forma involuntária, caminhei até ele e sem pensar muito, o envolvi em um abraço apertado.Sinto os seus músculos tensos, mas foco a minha atenção no delicioso cheiro másculo de seu perfume, misturada ao cheiro do sabonete, indicando que acabou de sair do banho. Céus, por que ele tem que ser tão cheiroso? Por que eu gostei tanto disso tudo?WILLIAM MARTINSNão pensei em muita coisa, apenas passei os braços pelo seu corpo, aproximando o seu corpo ao meu. Respirei o mais fundo que consegui, sentindo o delicioso perfume que ela usa, sendo totalmente diferente dos demais, eu não faço ideia de que perfume seja esse, só que é muito bom mesmo. Fechei os meus olhos e por uma pequena fração de segundos, senti como se fosse aquela menina de dez anos com as suas marias chiquinhas, correndo até mim com o maior sorriso do mundo, pura felicidade por saber que passaria um final de semana em minha casa. Ela sempre foi minha alegria, minha pequena menina a qual, por muito tempo, amei como se ela fosse minha filha.Meu maior sonho, desde que eu era bem pequeno, sempre foi a paternidade. Megan, minha amada esposa, nunca compartilhou desse sonho, ela sempre disse que ser apenas nós dois já era suficiente. Nunca me conformei tanto com isso, mas o meu amor por ela era algo tão arrebatador que não me importei, eu tinha ela e isso já me bastav
WILLIAM MARTINS_ Vamos comer.- Não esperei que eles falassem mais nada, apenas direcionei o meu corpo para a sala de jantar, onde Mary estava sentada à mesa, apenas nos esperando.- Você evoluiu, criança, conseguiu nos esperar chegar.Não resisti à vontade e acabei implicando um pouco com ela, sentando na cabeceira da mesa. Quando mais nova, Mary não nos esperava chegar à mesa, já estava montando o seu prato ou comendo a sua refeição. Chegava a ser engraçado quando, com a cara mais lavada do mundo, ela nos encarava e dizia que havíamos demorado muito e por isso não nos esperava. Confesso que sinto uma saudade daquele tempo, das suas visitas frequentes e o quanto Megan se divertia com ela. Oh céus, que saudades da mulher que mais amei na minha vida._ Está tudo bem?- Sinto a maciez da pele de sua mão em contato com a minha, trazendo-me de volta do meu mar de pensamento. Antes que eu me afogasse neles novamente, ela me trouxe de volta. Mesmo sem saber, ela me salvou antes de que acab
MARY COLLINS“ O amor! Assunto principal de diversos filmes, livros, músicas, peças teatrais e o que mais vem à sua cabeça. Não importa a quanto tempo assistimos as diversas dramaturgias sobre esse assunto, sempre vem algo novo que nos encanta, pois conhecemos mais uma versão desse sentimento tão intenso. Um sentimento que impulsiona outros, afinal por amor pessoas cometem tantos tipos de loucuras que ficaria dias, até mesmo listando. Às vezes eu me pego pensando como uma sensação tão simples para alguns pode ser tão contraditório. Para alguns, amar alguém os faz bem, para outros, mal. Recentemente eu encontrei uma pessoa que amou profundamente, tanto que a sua felicidade dependia inteiramente daquela pessoa e quando ela se foi… bem, foi como se ele tivesse partido junto. Por um tempo o amor o fez bem, impulsionou a viver, ser feliz e melhor dia após dia. Até que chegou o dia que o que lhe trazia felicidade se tornou uma prisão! Sentir as famosas borboletas na barriga ou soltar um s
MARY COLLINSPeguei o meu celular, jogando o meu corpo na cama que está uma bagunça. Ainda nem sai do quarto hoje, são umas nove horas da manhã ainda. Abrir no instagram, tirando do meu pessoal e colocando no que faço as minhas postagens. Meu último texto já está com quase dois milhões de visualizações, parece até uma mentira. _ Até quando tento ser anônima eu acabo fazendo um pouco de sucesso.- Ironizei sozinha, sentindo o silêncio e vazio do meu quarto. Fiquei por uns segundos olhando o teto do meu quarto, extremamente entediada. Como estou sem nada para fazer, calcei minhas pantufas, segurei o celular e sai do meu cantinho, pronta para desvendar cada lugar do segundo andar dessa cobertura, outro dia eu vou conhecendo primeiro.Como nesse corredor está mais um quarto de hóspedes e o dos meus pais, fui para a outra ala. Logo de cara, bem no fundo do meu corredor, a porta do quarto do meu tio, como sei que não posso entrar lá, fui na outra que tem nesse mesmo lugar, Ao abrir a port
MARY COLLINSRespirei o mais fundo que consegui, encarando a menina refletida no espelho. Iniciar em uma escola nova, no meio do semestre, não é um sonho de ninguém, ao menos algumas pessoas diferenciadas. No meu caso eu acredito que seja ainda pior, afinal não mudei apenas a minha escola, mas também de cidade. As chances de conhecer qualquer pessoa da minha turma são praticamente nulas, o que me faz crer que terei que fazer amizades novas.Sei que vou chegar lá e mesmo sendo a novata, não vou ficar sozinha, muito pelo contrário. Não conheço ninguém de lá, mas posso garantir que ao menos uma pessoa vai me reconhecer e, como consequência, não vai sair do meu pé. É sempre a mesma coisa, em todo lugar que estou é preciso socializar, tendo um grupo de pessoas perto de mim, todas achando que sou tão supérflua quanto! Para piorar tudo, tenho que sorrir e ser educada, não quero ofensas, dirigidas a minha pessoa, nas primeiras páginas das revistas ao acordar.O ensino médio, com toda certeza,
MARY COLLINSGuardei o celular de volta, saindo do carro após me despedir do motorista que me trouxe aqui. Assim que coloquei os pés para fora, todos os olhares se voltaram para mim. Tentei ignorar todos eles, embora seja uma missão quase impossível, entrando no enorme prédio, a minha mais nova escola. _ Bom dia.- Cumprimentei a zeladora que estava em um dos corredores._ Bom dia, querida.- Soltou um sorriso, quase que me desejando um “seja bem vinda” através do olhar. _ Gostaria de saber onde fica a sala da diretoria.- Pedi a informação.Meus pais sempre me ensinaram que não faz mal pedir ajuda, se você precisar é só falar com quem pode te ajudar, melhor do que ficar perdida. Graças a Deus a vergonha não é algo que faz parte de mim, nem poderia ao levar em consideração a vida que tenho. _ Vamos, eu te guio até lá.- Soltou o sorriso mais gentil que conseguiu, começando a me guiar pelos enormes corredores desse lugar._ Obrigada.- Concordei com a cabeça, seguindo ela.Passamos por u
MARY COLLINSDei graças a Deus assim que sai da escola, entrando no carro que logo me guiou para a empresa do meu amado tio. Sério, eu realmente achei que essa manhã não teria mais fim. Estava me sentindo uma estrela americana, em frente às câmeras após ganhar um importante prêmio. Qualquer oportunidade que tinham, todos estavam perto de mim, enchendo-me de perguntas. A minha vida toda eu estudei na mesma rede escolar, no mesmo lugar. Por mais que rodasse o mundo todo com os meus pais, sempre retornaremos ao nosso local seguro. Por mais que lá também existissem pessoas que me enchem a paciência, eu já estava acostumada com eles, sabia lidar perfeitamente. Sobrevivia, com maestria, aquela selva que chamava de escola. Nunca tinha precisado passar por esse processo de adaptação, na verdade, ajudava outras pessoas com isso. É um pouco assustador ser novata, olhar para os lados e não ter um rosto conhecido ou que me passe segurança. Todos ficam em cima de mim, querendo saber um pouco ma
MARY COLLINS_ Mary.- A voz grossa me tira dos meus pensamentos, voltando para a minha realidade. Rapidamente seco as lágrimas debaixo dos meus olhos, das quais nem percebi que foram formadas, espero não ter borrado a maquiagem.- Tem muito tempo que você chegu? Espero não ter demorado demais, um cliente me segurou na reunião e não consegu sair antes. Enfim, sinto pelo pequeno atraso, mas já desliguei o meu celular e estou pronto para termos um otimo horário de almoço._ Oie, tio.- Viro apenas o meu tronco em direção a porta, vendo ele parado.Involuntariamente o meu olhar desce, avaliando bem o quão lindo o meu querido tio está nesse exato momento. Tudo feito sob medida na cor grafite. A camisa social marcando bem os seus músculos, com o primeiro botão aberto. A calça social fazendo questão de marcar um volume que dá muita sugestão, assim como não fica mole nas pernas, mas bem definido, afinal ele malha o corpo todo. Nas mãos a parte de cima do terno, enquanto o olhar está focado em m