CAPÍTULO OITO: Café da manhã.

MARY COLLINS

Respirei o mais fundo que consegui, encarando a menina refletida no espelho. Iniciar em uma escola nova, no meio do semestre, não é um sonho de ninguém, ao menos algumas pessoas diferenciadas. No meu caso eu acredito que seja ainda pior, afinal não mudei apenas a minha escola, mas também de cidade. As chances de conhecer qualquer pessoa da minha turma são praticamente nulas, o que me faz crer que terei que fazer amizades novas.

Sei que vou chegar lá e mesmo sendo a novata, não vou ficar sozinha, muito pelo contrário. Não conheço ninguém de lá, mas posso garantir que ao menos uma pessoa vai me reconhecer e, como consequência, não vai sair do meu pé. É sempre a mesma coisa, em todo lugar que estou é preciso socializar, tendo um grupo de pessoas perto de mim, todas achando que sou tão supérflua quanto! Para piorar tudo, tenho que sorrir e ser educada, não quero ofensas, dirigidas a minha pessoa, nas primeiras páginas das revistas ao acordar.

O ensino médio, com toda certeza, é um pesadelo adolescente, ou um lindo faz de contas para alguns. Sempre com os grupos bem definidos, tendo aqueles que pegam geral, os rebeldes, excluídos, populares e assim segue essa pirâmide, quase como uma cadeia no mundo animal, tudo perfeitamente dividido. Normalmente, o primeiro grupo a me enxergar são os populares, aquelas pessoas que amamos odiar em filmes adolescentes. Bem, seria um sonho passar despercebida por eles.

_ Vamos lá, você consegue.- Falei comigo mesma, terminando de passar o meu gloss.

Ao terminar de me arrumar, guardei as coisas que utilizei, deixando minha penteadeira arrumada, do jeito que gosto. Fiquei de pé, encarando-me no enorme espelho, que cobre o corpo todo, bem ao lado. Hoje o dia tem grandes probabilidades de ser um pesadelo, mas irei enfrentar tudo de cabeça e muito bem vestida, não tenho dúvidas disso.  

Escolhi uma linda mini saia, sendo ela em um tom mais puxado para o marrom, com camurça e um cinto no mesmo estilo. Um boddy vem por dentro, sendo ele branco e com mangas longas, tendo um detalhe bem na ponta dela, sendo ele todo ombro a ombro. Uma linda bota clara, de salto alto.

Dessa vez eu deixei os meus cabelos soltos, fazendo um penteado que prende apenas uma parte do topo. A maquiagem, novamente, não é algo forte, mas bem feita. O segredo de uma linda make casual é quando ela fica tão natural que nem parece que você está usando, que a sua pele é perfeita naturalmente. 

Minha escolha pode ser um pouco diferente, mas não queria algo muito rosado para parecer metida ou todo preto, embora eu ame, para não passar uma vibe de gotica. Escolhi um meio termo entre eles, combinando as coisas que gosto de usar e me mantem elegante. Enfim, estou muito feliz com a minha escolha!

Respirei fundo, adquirindo a maior quantidade de coragem possível. Sai do closet, após passar o meu perfume, pegando a minha mochila, junto do celular e descendo para a sala de jantar, onde já estava todos,

_ Bom dia.- Os comprimentei com um sorriso, ganhando um sorriso das pessoas presentes. Menos, é claro, do meu querido tio.

_ Bom dia, meu amor.- Minha mãe fala de forma meiga, como sempre.

_ Está linda, minha princesa.- Meu pai não pensou duas vezes, elogiando-me como sempre.

_ É um talento das mulheres Collins, estamos sempre divinas.- Soltei uma piscadinha na direção de minha mãe, que concordou com um manusear de cabeça. 

Temos essa cobrança, é o que sempre esperam de nós e realizamos com sucesso. 

_ Está animada para o seu primeiro dia?- Minha mãe perguntou. 

Revirei os olhos, negando com a cabeça, sentando-me nas cadeiras em frente aos meus pais. Peguei o delicioso bolo de banana, feito pela adorada Sil, vendo que ele está tão gostoso quanto sempre. Peguei a vitamina e coloquei no meu copo, tomando o meu café da manhã com calma.

_ Se eu pudesse, passaria a quilômetros de distância daquela escola.- Fui totalmente sincera.

_ Não fala isso, meu amor. Não vai ser tão ruim quanto você pensa, eu prometo.- Minha mãe foi confiante como sempre, com total certeza de suas palavras. Queria eu ser tão confiante como a grande Hermione Collins, nunca sabemos quando ela está mentindo ou falando a verdade de tão serena que fica em ambos os momentos.

_ Vamos descobrir isso hoje.- Dei de ombros, finalizando o meu café.- Agora, se me permitem, preciso ir.

_ Quando sair, o motorista vai te levar a empresa do seu tio, poderão almoçar juntos— Meu pai me avisou.

_ Eu pensei que iríamos almoçar juntos.- Tentei permitir que o meu tom saísse como se eu não me importasse, quando a minha linguagem corporal conta o oposto de tudo isso. 

_ Eu sei, princesa.- Meu pai suspira.- Mas vamos precisar estar em reunião, não queremos te deixar esperando. 

_ É claro, o trabalho vem primeiro.- Soltei um sorriso sorrateiro, ignorando a pequena tristeza que quis encher o meu peito.

_ Mary.- Minha mãe chamou por mim.

_ Eu vou para a escola, não quero me atrasar.- Andei rapidamente, indo direto para o meu quarto, onde escovei os meus dentes. Ao retornar para a sala de jantar, peguei a minha mochila e fui direto para o carro, onde o motorista estava à espera.

Tento ser o mais compreensiva o possível, é assim durante toda a minha vida. Mas tem vezes que cansa, você não é prioridade dos seus próprios pais, que acabam nos deixando de lado na maioria do tempo. Viemos para cá por causa da empresa, não tivemos um domingo em família devido a empresa. Infinitas são as quantidades de coisas que perdemos por causa dos negócios.

Não demorou muito e as mensagens dos meus pais chegaram, ambos pedindo desculpas e me desejando um ótimo dia. Se bem os conheço, quando eu chegar em casa vai ter um lindo presente esperando por mim. Já chegou a se tornar um ciclo vicioso, o que me faz acreditar que eles nunca perceberam que não desejo jóias, brilhantes e tudo mais, o que realmente quero é a atenção dos meus pais.

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