CAPÍTULO SEIS: Primeira manhã na casa nova.

MARY COLLINS

“ O amor! Assunto principal de diversos filmes, livros, músicas, peças teatrais e o que mais vem à sua cabeça. Não importa a quanto tempo assistimos as diversas dramaturgias sobre esse assunto, sempre vem algo novo que nos encanta, pois conhecemos mais uma versão desse sentimento tão intenso. Um sentimento que impulsiona outros, afinal por amor pessoas cometem tantos tipos de loucuras que ficaria dias, até mesmo listando. 

Às vezes eu me pego pensando como uma sensação tão simples para alguns pode ser tão contraditório. Para alguns, amar alguém os faz bem, para outros, mal. Recentemente eu encontrei uma pessoa que amou profundamente, tanto que a sua felicidade dependia inteiramente daquela pessoa e quando ela se foi… bem, foi como se ele tivesse partido junto. Por um tempo o amor o fez bem, impulsionou a viver, ser feliz e melhor dia após dia. Até que chegou o dia que o que lhe trazia felicidade se tornou uma prisão! 

Sentir as famosas borboletas na barriga ou soltar um sorriso bobo é mágico, mas acima de tudo, não se esqueça que o seu maior amor sempre será você! Não precisa de mais ninguém para lhe tirar o seu melhor sorriso, apenas se amar. Ter a sua outra metade de laranja é lindo, mas literário. Você é uma laranja completa, precisar de outra pessoa para ser completa não é o certo. Lembrem-se sempre disso, o mais importante de todos os amores é o próprio.

Para você que se esqueceu disso, passe um tempo consigo mesmo, coloque a sua melhor roupa, o melhor perfume e use suas melhores louças. Se brindem para que o amor seja uma coisa boa em sua vida, não má.”

Respirei fundo, relendo o meu texto. Sinto um aperto no meu peito, por algum motivo, parece que esse texto não vai chegar à pessoa certa, quem eu estava pensando enquanto escrevia: meu querido tio. Ele se esqueceu disso, de que a minha tia fazia bem a ele, mas ele era completo sem ela e pode continuar sendo feliz depois da partida dela. 

Publiquei o meu texto, observando que no segundo seguinte várias pessoas estavam, curtindo, outras comentando em sinal de apoio. Embora traga uma leve sensação de conforto, afinal pode ser que o texto ajude outras pessoas, todavia o aperto continua no meu peito. Como eu queria poder ajudar o meu tio, um pouquinho que fosse da mesma forma que estou ajudando algumas pessoas com esses textos. 

Fechei a tela do meu notebook, me afastando da escrivaninha. Vou até a cama, sentando-me em perninhas de chines, pegando o quadro que estava guardado no móvel ao lado da minha cabeceira. É uma foto minha, ainda pequena, em um dia de parque com os meus tios. Estou no colo do tio Will, segurando um algodão doce enquanto ele segurava a mão da tia Megan que sorria grandemente.  

Ao lado da minha cama gosto de deixar fotos das pessoas que amo, por isso tenho com os meus pais e com eles, que nunca podem faltar. Mas quando estava arrumando o meu quarto ontem, eu guardei a nossa foto. Não quero que o meu tio veja e se sinta ainda pior.

_ Ai, tia.- Passei o dedo por sua imagem.- Te juro que eu não sei o que fazer, como ajudar ele. O titio está tão diferente, em nada se parece com esse homem.

Levei a ponta dos dedos até a imagem dele, fechando os meus olhos. Consigo escutar o doce som da sua gargalhada aquele dia, o brilho do seu sorriso. Tão diferente de hoje em dia, com o olhar sem vida e a tristeza nítida na sua voz.

_ Mas em uma coisa ele não mudou, continua tão lindo quanto naquela época.- Sorrir.- Tão másculo, cheiroso e com aquela m*****a cara de quem manda em todos. Bem, ele continua sexy!

Arregalei os meus olhos, guardando a foto assustada. Levantei depressa, encarando o meu reflexo na imagem do espelho retangular.

_ Ele é o seu tio.- Apontei o dedo para a menina no espelho, chamando a sua atenção.- Você não está nos seus livros, então se controla e foca em ajudar ele. A tia Megan iria querer isso, que eu cuidasse dele por ela e não outras coisas.

Ele é o meu tio, apenas o meu tio e eu a sua amada sobrinha. Não posso, em hipótese nenhuma, pensar em qualquer outra coisa, muito menos me sentir atraída ou qualquer merda assim.

_ Dear.- Escuto a voz doce do meu pai me chamando, atraindo a minha atenção. “Querida”

Tiro o meu foco do espelho, voltando para os dois que entram no meu quarto, vestidos de forma elegante e casual ao mesmo tempo.

_ Posso saber onde vão tão elegantes assim?- Caminhei até eles, beijando a testa de cada um antes de me sentar na cama novamente. 

_ Temos um almoço com alguns amigos, meu amor.- Minha mãe.

_ Amigos ou possíveis investidores?- Passei a mão na gargantilha de ouro com cristais, nunca tiro do pescoço, apenas quando preciso trocar por outra.

_ Você sabe.- Meu pai soltou um sorriso ladino, entregando a resposta.

Meus pais não são grandes empresários a toa, tem um motivo e muito trabalho envolvido. Chegamos ontem e hoje é domingo, mesmo assim eles estão indo em um almoço a negócios. Tirando a parte da mudança, o resto é mais do que corriqueiro na nossa rotina. 

_ Voltem com um grande contrato prestes a ser assinado.- Falei em tom de ordem, sabendo bem que não é uma missão difícil para nenhum deles.

_ Missão dada é missão comprida.- Meu pai piscou na minha direção.

_ Vai querer algo, querida?- Minha mãe perguntou.

_ Se verem algo que acham que eu vou gostar, tragam para mim.- Dei de ombros, recebendo apenas um manusear de cabeça como concordância.

_ Hoje a Silvia está de folga, ou seja, você vai ter que pedir a sua comida. Nem você ou seu tio sabem cozinhar.- Meu pai lembrou.

Will tem esse costume, ele deixa os seus empregados de folga todo domingo. Lá em casa temos uma rotina diferente, são tantos empregados que conseguimos dar dois dias de folga para cada, fazendo rodízios pela semana sempre ficamos com alguém para nos auxiliar.   

_ Eu sei me virar, não se preoucupem.- Os tranquilizei.- Agora vão rapidamente, chegar atrasado traz uma má impressão.

_ Entendemos o recado, não precisa repetir.- Meus pais se colocaram de pé, beijando a minha cabeça e então saíram.

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