Cinco anos depois...
Depois que chegamos da nossa lua de mel a minha vida voltou ao normal. A cafeteria estava sendo administrada inteiramente pela Carol e pelo Vinícius.Eu estava envolvida com a minha empresa, com as ideias trazidas pelos colaboradores, em como estávamos sendo procurados pelo mercado, agora me sentia completamente realizada.Estava concentrada analisando um contrato quando minha sala foi invadida.- Meu amor! - Bruno veio ao meu encontro, virou minha cadeira e me beijou.- Ah! Meu amor! – exclamei colocando a mão no peito.- Desculpa, não queria assustar você ou o bebê – disse, acariciando minha barriga de quase nove meses.Saímos e fomos para casa, cheguei e recebi o melhor abraço do mundo. Nosso pequeno Breno nos abraçou com carinho. Breno tinha quatro anos e meio, sim, eu engravidei na lua de mel.Quando nos casamos, combinamos que ficaríamos livres para aceitar um filho assim que ele quisesse vir e nosso Breninho veio rapid- Ele já chegou, meu amor – respondeu, com seu sorriso de canto, vindo na minha direção. - Como assim? - Quando você insistiu em vir, eu o chamei e dei algumas diárias para ele no hotel da ilha. Ele não queria, disse que aqui não tem tudo que precisa, mas como você sabe eu sei ser insistente – explicou fazendo um carinho na minha barriga. - Chama ele logo, homem! - gritei, o puxando pela camisa quando uma contratação me atingiu novamente porque a dor era intensa. Bruno, então, viu que não dispúnhamos de muito tempo e ligou para Mamãe e para o dr. Maurício Alguns minutos depois... - Senhor e senhora Ricci, eu não acredito! – Dr. Maurício falou jogando as mãos para o ar e me olhando preocupado depois de me examinar. - Faz alguma coisa!!! - gritava gemendo, o suor escorrendo pelo meu rosto, meus cabelos presos num coque desengonçado e as contrações chegando sem dó. - Espero que corra tudo bem, para um parto de emergência eu tenho tudo o que preciso aqui - disse calçando as luvas.
** Bruno**Cinco anos depois...Um contrato de vinte milhões, caramba!Olhei de volta para o papel, apenas para verificar novamente. Mas lá estava. Era uma proposta tentadora e perfeita.No rabisco claro e digno de Samuel, o diretor de uma grande empresa internacional de comunicação, contei oito zeros redondos a minha frente."Fique calmo, mantenha sua compostura, você já lidou com contratos grandes. Mas não tão grande quanto este". PenseiPassei o papel sobre a mesa para Carlos e vi seu rosto se transformar em descrença. Meu parceiro não sabia dizer se tínhamos recebido uma grande benção ou a pior mão de todas.Quem eu estava enganando? Era difícil jogar com calma nesse momento. Os Bragas queriam comprar SecureVault nosso gerenciador de senhas avançado por vinte milhões de dólares.Mas eu não queria entregar a SecureVault, mesmo por uma quantia dessas. E a falta de compostura de Carlos implicava a mesma coisa. Limpei minha garganta.- Samuel, Marta... esta é uma oferta extremamente
- Você faz o quê? - Engoli em seco enquanto olhava para a imponente parede de pedra diante de mim.Os suportes de plástico multicoloridos na parede de pedra pareciam divertidos, até que percebi que eles eram a única coisa entre mim e a morte iminente!- Você sobe. Sem corda - Beatriz explicou pela terceira vez. Estávamos em um encontro de mães na academia de escalada de um amigo do marido dela.Sim, Beatriz se casou e agora é mãe de uma linda menininha de dois anos chamada Jade. Ela desenvolveu o gosto por aventuras depois que conheceu seu marido, já que ele é um aventureiro nato.- E é seguro?- Sim. Eu prometo. Aqui, observe isso.Olhei enquanto Beatriz se aproximava da parede e enfiava a mão na pequena bolsa de giz em sua cintura. Então ela bateu palmas e uma nuvem de poeira branca flutuou ao seu redor.Eu rapidamente verifiquei meu telefone, mesmo sabendo que não haveria novas mensagens.Está tudo bem. Eles estão seguros. Isso estava se tornando meu mantra.Eu hesitei em deixar B
Eu não conseguia me lembrar da última vez que senti um entusiasmo genuíno por algo que não fosse minha família ou trabalho. Beatriz e eu fomos à cafeteria da academia, nos sentamos com cappuccinos de leite de aveia e observamos os outros escaladores. - Obrigada por me convidar, Beatriz - eu disse sinceramente. - Eu nunca teria feito isso sozinha, mas eu realmente me diverti. - Eu sei - ela sorriu - A qualquer hora, garota! Eu tenho de admitir, é divertido se mostrar para alguém novo. Eu ri, e percebi que meu abdômen estava dolorido. - Confie em mim, estou impressionada. Mas também estou curiosa... como você começou com isso? - Gerson adora todo tipo de aventura, é sua diversão favorita. Como eu já te falei, nossa lua de mel foi toda regada em muito sexo e aventura - Beatriz diz sem pudor enquanto gargalhava - E eu simplesmente... me apaixonei por tudo. Ela sorriu pacificamente enquanto eu olhava, aquilo me encantava o brilho em seus olhos, eu quero esse sentimento também. - É
Lembrei-me de noites de verão como esta ainda na juventude, eu sendo aquele jovem arteiro na sua maior essência. De cima para baixo, vento no meu cabelo, indo para casa.Naquela época, meu Otávio era quem dirigia, por tanto tempo, tudo que eu queria era me livrar do seu controle.Pode parecer que não, mas meu avô me controlou com punho de ferro antes de finalmente me deixar assumir, ele temia que eu me tornasse um irresponsável como o Rogério.Enfim, agora eu faria qualquer coisa para ele assumir o volante, a vida era engraçada assim. Você tendia a querer as coisas erradas nas horas erradas.Tudo o que eu queria, depois de uma reunião que parecia ter durado horas, embora fosse apenas uma bebida, era conversar com ele para dizer: "Vó, acabei de receber uma grande oferta hoje".E ele sorriria, de forma lenta e travessa, e me apressaria para contar toda a história, eu podia apenas imaginar seu rosto vivo de animação.Bem, Vovô, espero que você possa me ver agora e mesmo que eu nunca pude
O som de pratos quebrando mais uma vez ecoou em meus ouvidos.Fiquei na sala ao lado do sofá do meu padrasto e respirei fundo antes de entrar na cozinha.- Roger, o que você está fazendo?- Hambúrguer! - Priscila gritou, saindo de trás do balcão em seu pequeno avental e batendo nas minhas pernas com um abraço.Acariciei o cabelo de Priscila, longos como o meu.- Meu subchef está certo! Você não pode sentir o cheiro, querida? Esta costumava ser uma das suas refeições favorita. - mamãe disse, ela adora mimar os netos.Ela e Roger chegaram a pouco da ilha e ficariam alguns dias com a gente.- Eu posso sentir o cheiro muito bem - eu respondi - E você pode por favor ter mais cuidado com a porcelana?- Desculpe por isso, querida - Roger respondeu, com seu rosto corando em meio aos traços de maquiagem teimosa do início do dia, que a Priscila fizera nele.Eu sei que eles se sentem mal... como posso ficar brava com eles?Depois do incidente das crianças brincando na rua enquanto ele dormia, ma
Depois de conseguir engolir o hambúrguer mais desleixado da minha vida, eu me inclinei para trás na minha cadeira.Ainda não conseguia entender como um homem que viveu durante anos em uma ilha paradisíaca praticamente sozinho não sabia cozinhar. Confesso que fato da minha filha de quatro anos estar envolvida não melhorava em nada.Entendia menos ainda porque ele insistia tanto em cozinhar. Dona Marly é uma ótima cozinheira, sem contar que temos um bom chefe à disposição, mas quando Roger está na cozinha elas nem ousa entrar.Da cabeceira da mesa de jantar, eu tinha uma visão completa da minha família: Roger, com molho escorrendo pela camiseta do seu time de futebol preferido, minha linda esposa com molho na bochecha, minha filha com molho... em todos os lugares e meu filho com molho nas mãos.Minha sogra era a mais limpa no grupo, se manteve intacta.- Obrigado pelo jantar, Roger. Isso foi... inesquecível.Patrícia me lançou um olhar, mas Roger dispensou o elogio com um aceno gracioso
Minha garganta estava seca, era quase fisicamente doloroso admitir, mas era verdade. Eu nunca tive esse problema de confiança, mas algo estava diferente agora, talvez eu tenha ficado muito sensível depois que me tornei pai, a vontade de ser sempre melhor para os meus filhos me deixou desse jeito.Patrícia segurou meu rosto, me forçando a olhar em seus olhos, quando o fiz, vi amor puro.- Otávio está tão orgulhoso de você. Você não pode sentir isso? - Um sorriso tocou seus lábios, eu sabia o que ela estava pensando.Nossos filhos. Nossa vida.Foi apenas uma pequena parte disso e eu consegui segurar esse anjo de mulher, minha alma gêmea.Patrícia estava certa, meu avô ficaria orgulhoso. Eu a beijei, precisando mostrar a ela o amor que eu não podia dizer em voz alta.- Eu te amo - eu sussurrei, beijando seu rosto, seu lóbulo da orelha, seu pescoço, sua clavícula...Tudo o que importava para mim estava bem aqui em meus braços. A respiração de Patrícia vacilou e todo o meu corpo ficou vivo